sábado, 5 de junho de 2010

Satélite registra rastros de aviões no Rio Grande do Sul

Mensagem do internauta Daimar Coelho de Montenegro, Vale do Caí, no Rio Grande do Sul, para o site do MetSul Meteorologia: "O céu está todo "riscado" pelos aviões!!! Contei 7 riscos, mas tem mais...". Ao sair para almoçar perto da uma da tarde, enxerguei as mesmas trilhas de condensação, apesar de que não tão numerosas como em Montenegro, mas que não deixavam de chamar a atenção. E não é que as trilhas dos aviões – que não são fumaça, mas formadas pelo vapor d’água – apareceram nas imagens de satélite em alta resolução? Apesar de falhada, notam-se claramente as trilhas na imagem do fim da manhã de quinta-feira (3).

As trilhas de condensação dos aviões, chamadas em Inglês de "contrails", são comumente observadas na forma de rastros deixados pelo resfriamento do vapor de água a partir dos exaustores dos aviões. Quem está a bordo não vê nada, mas do solo muitas vezes é um espetáculo ver o céu riscado.

O site Airlines.Net tem duas espetaculares imagens de "contrails" (link 1) (link 2) que você não pode deixar de ver. A NASA também publicou fotos numa de suas páginas de inúmeros rastros deixados por aeronaves vistos a partir de terra e registrados também por satélite na região da Nova Escócia, no Canadá, e no Sul dos Estados Unidos.

Há até estudos indicando que em regiões de alto tráfego aéreo estas trilhas de condensação acabam por aumentar a cobertura de nebulosidade, alterando o clima local. Marinheiros há muito enxergam os rastros no céu deixados pelos aviões para saber o que pode ocorrer com o tempo. Dizem eles que se ao avião não deixa trilha ou ela se dissipa rápido, a tendência é de tempo bom. Por outro lado, se a trilha se mantém no céu por muito tempo é um sinal de mudança do tempo. E mudança no tempo é o que devemos ter nesta sexta com frente fria e uma área de baixa pressão que devem trazer chuva para os gaúchos. Hoje, a Nordeste das trilhas no céu, havia uma corrente de jato importante. A rádio-sondagem do Aeroporto Salgado Filho das nove da manhã de hoje acusou vento de 135 nós a 12.700 metros de altitude, o máximo em todos os níveis observados. A 10 mil metros, na altitude de voo de cruzeiro, o vento soprava a 100 nós.

Fonte: Alexandre Amaral de Aguiar (MetSul Meteorologia)

Rastros provocados por passagem de aeronaves permaneceram por mais tempo do que o normal

De acordo com Estael Sias, da Central de Meteorologia, a temperatura mais baixa do que o normal na altitude onde os aviões voam e o céu limpo podem ter contribuído para que o fenômeno fosse melhor observado. O rastro é causado pelo contato dos vapor lançado pelos exaustores das aeronaves em alta temperatura com o ar gelado, em marcas negativas.

Se o temperatura estiver muito baixa, o feixe branco pode se transformar em minúsculos cristais de gelo, que se transformam numa verdadeira pista que fica na atmosfera por mais tempo. O vapor de escape ocorre geralmente acima de 8 mil metros de altitude, onde a temperatura está abaixo de -40 °C. Quem está dentro do avião não percebe, mas no solo, quando as condições climáticas são favoráveis, é possível observar melhor o espetáculo meteorológico, como ocorreu ontem.

Os rastros fazem parte de pesquisas até da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). Há estudos que indicam que as trilhas podem afetar o equilíbrio da radiação na Terra. Após o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o tráfego aéreo ficou bloqueado por dias. As medições de cientistas mostraram que, neste período, sem as linhas de vapor ocasionadas pelos aviões, um anormal aumento da temperatura média diurna foi registrado em todo o território americano, verificado por 4 mil estações meteorológicas espalhadas pelo país.

Fonte: Zero Hora

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