Empresa brasileira diz que tem capacidade técnica, mas que “não tem nenhum plano para um ciclo considerável de investimentos neste momento”.
A Embraer já planeja os voos da próxima década. Uma das possibilidades que ganhou força nos últimos meses é o desenvolvimento de um novo avião de maior porte para concorrer com os modelos mais populares no mundo: o Airbus 320 e o Boeing 737. A Embraer diz que tem capacidade técnica, mas que o tema não faz parte da agenda “neste momento”.
Na quarta-feira (1), feriado no Brasil, o mundo da aviação foi impactado pela notícia publicada pelo The Wall Street Journal: “Embraer planeja novo jato para rivalizar com Boeing”.
A notícia trouxe detalhes do que o mundo da aviação discute há muito tempo: quem vai tentar concorrer com o duopólio da Airbus e Boeing, especialmente diante da crise enfrentada pelo modelo 737 Max, da Boeing.
A Embraer não nega que tenha capacidade de fabricar um modelo maior no futuro. A única ressalva que a empresa de São José dos Campos faz é sobre o momento do projeto.
“A Embraer certamente tem capacidade para desenvolver uma nova aeronave de corredor único”, diz um porta-voz da empresa à CNN.
Os aviões de corredor único – ou narrow body, no jargão do setor – são os mais populares do mundo para rotas de curto e médio alcance. Os modelos normalmente têm dois motores e capacidade média de 200 lugares. Atualmente, o maior avião Embraer leva 146 passageiros.
“No entanto, a companhia tem hoje uma linha de produtos nova e de muito sucesso desenvolvida nos últimos anos e estamos focados na comercialização dessas aeronaves para fazer a companhia crescer e se fortalecer. A Embraer não tem nenhum plano para um ciclo considerável de investimentos neste momento”, diz o porta-voz.
Os estudos da Embraer devem resultar em um novo projeto no fim do próximo ano ou em 2026. Há possibilidade de que o trabalho chegue a um dos dois novos produtos: avião maior para concorrer com Airbus ou Boeing; ou um novo jato executivo de maior alcance.
Na reportagem, o WSJ cita que a Embraer já teria feito contato com potenciais parceiros, como o Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, que poderia ser um dos investidores do projeto.
Também teriam sido contatados potenciais indústrias para ampliar a lista de fornecedores de componentes em mercados como a Turquia, Coreia do Sul e Índia. Atualmente, a maioria dos fornecedores da Embraer fica nos Estados Unidos, Europa e Brasil. Em São José dos Campos, esses detalhes também não são negados.
A possibilidade desses novos parceiros traz um aspecto interessante: no mundo com conflitos geopolíticos em ascensão, os países procurados pela Embraer são membros da Otan (Turquia) ou países próximos ao grupo (Arabia Saudita, Coreia do Sul e Índia).
A escolha faz sentido especialmente diante da tentativa da China de avançar nesse mesmo mercado com um modelo comparável ao A320 e B737, o Comac 919.
Antes de qualquer decisão, um dos maiores clientes da Embraer e a maior empresa aérea do mundo em passageiros e receitas, a American Airlines, já deixou claro que entende que os brasileiros têm o que oferecer e a ensinar no concorrido mundo da aviação.
Há poucas semanas, o CEO da American, Robert Isom, disse que conversou com executivos da Boeing e pediu que eles se organizem após a crise do modelo Boeing 737 Max.
Em uma teleconferência com analistas e investidores, o executivo citou a Embraer como empresa que funcionou bem durante toda a pandemia e que não interrompeu os trabalhos mesmo no pior momento de gargalo da cadeia de suprimentos. “Eles (Boeing) podem aprender muito com ela (Embraer)”, disse o CEO da American Airlines.
Via Fernando Nakagawa (CNN Brasil)
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