terça-feira, 2 de março de 2010

Boeing e Saab ainda confiam em venda de caças ao Brasil, apesar da preferência do governo pelo Rafale da Dassault

O processo de escolha dos caças que substituirão a frota da Força Aérea Brasileira (FAB) se aproxima do fim, ao menos pelas declarações recentes do comando da Aeronáutica e do Ministério da Defesa. Duas das empresas finalistas na disputa expõem suas cartadas finais, a americana Boeing e a sueca Saab, enquanto a francesa Dassault, apontada como favorita, prefere aguardar a decisão brasileira com discrição.

O governo dos Estados Unidos elaborou uma agenda cheia de visitas de autoridades ao Brasil, como a da secretária de Estado, Hillary Clinton , que desembarcou no país nesta terça-feira, dias depois da chegada ao Rio de Janeiro de um porta-aviões americano trazendo a bordo alguns exemplares do F-18 Super Hornet da Boeing, candidato americano na licitação.

A Boeing acena com a possibilidade de realizar uma parceria com a brasileira Embraer, noiva mais cortejada entre as três concorrentes, para o desenvolvimento da próxima geração do Super Hornet.

- Nós vamos financiar a Embraer para fazer parte das fases de definição de exigências e da definição de conceitos desse programa - garantiu à Reuters o executivo da Boeing responsável pela proposta da empresa ao Brasil, Mike Coggins.

Segundo ele, uma parceria entre a Boeing e empresas brasileiras pode garantir acesso ao mercado dos EUA, país que tem orçamento anual na área de defesa de US$ 700 bilhões.

A Saab, que está na briga com o Gripen NG, já tinha como uma de suas principais bandeiras a parceria com a Embraer no desenvolvimento do caça, que ainda está em fase de projeto, e agora indica a possibilidade de comercialização conjunta do avião no mercado mundial.

A fabricante estima que os dois países - Brasil e Suécia - podem dividir um bolo de US$ 40 bilhões nos próximos 20 anos com o Gripen NG.

- O que nós propomos à Aeronáutica e ao governo brasileiro é o terceiro grande salto tecnológico da indústria aeronáutica brasileira - afirmou o diretor-geral da Saab no Brasil, Bengt Jáner, que diz que 40 % do desenvolvimento do caça seria feito no Brasil, ao lado da Embraer.

A Dassault, fabricante do Rafale e vista como favorita após declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro da Defesa, Nelson Jobim , indicando a preferência pela França, se mantém mais discreta.

Por meio de nota, afirmou que sua proposta inclui a transferência gradual da linha de montagem do Rafale ao Brasil e garantias de que o país será a plataforma de exportação do caça para a América Latina.

Sob orientação da FAB, a Embraer tem se recusado a comentar o programa para a compra de novos caças, conhecido como F-X2.

Na semana passada, o comandante da FAB, brigadeiro Juniti Saito, disse que o governo deve anunciar até o final de março a escolha do caça que será comprado pelo Brasil, após a entrega de relatório técnico ao governo. Nenhuma das três proponentes divulgou informações financeiras de suas propostas ao governo brasileiro, em um contrato estimado em bilhões de dólares.

Francês é o mais caro

O preço é apontado como grande obstáculo para que o país ainda não tenha anunciado a vitória do Rafale na disputa. O avião francês seria o mais caro, de acordo com especialistas.

Lula já garantiu que a decisão final do governo brasileiro levará em conta critérios políticos, e a França tem com o Brasil uma aliança estratégica que já resultou na compra de helicópteros militares e submarinos por Brasília.

Além disso, Paris apoia as pretensões brasileiras de se tornar membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Jáner, da Saab, destacou que a fabricante sueca optou por seguir um "caminho independente" na disputa pelo contrato, afirmando que "não fazemos parte de um conselho da ONU".

Fonte: Reuters via O Globo

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