A presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Solange Paiva Vieira, revelou hoje em audiência pública na Câmara do Deputados que está em curso um amplo levantamento sobre as condições de funcionamento de todos os aeroportos do País, especialmente os de médio e pequeno portes. Segundo ela, o órgão vai determinar o fechamento dos terminais que estiverem em estado "crítico" até que cumpram as exigências da Anac. O alvo do grupo de trabalho são os aeroportos que não estão entre os 67 administrados pela Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero).
Solange Paiva não informou quantos aeroportos serão vistoriados, mas disse que a maioria é administrada por governos estaduais e prefeituras. Segundo a presidente da agência, os terminais de menor porte de cidades distantes no Norte, Nordeste e Centro Oeste são os mais precários. "As regiões que mais precisam de aviões são as que têm mais problemas", afirmou. "O fechamento dos aeroportos vai começar a acontecer. Alguns problemas são administráveis. Outras questões são críticas e não permitem que o aeroporto funcionem."
Segundo ela, os problemas não são tanto de segurança de vôo, como más condições das pistas, mas de falta de estrutura física nos aeroportos, por exemplo, ausência de raio x e outros equipamentos sem os quais os aeroportos não podem funcionar por determinações de normas internacionais de aviação civil seguidas pelo Brasil. Ela pediu a colaboração dos parlamentares para estudar a flexibilização da lei brasileira em relação às exigências feitas aos aeroportos médios e pequenos.
A audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara foi convocada para debater a segurança do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.
Solange anunciou que todos os pilotos que operam em Congonhas terão que passar por treinamento específico, como ocorre no aeroporto Santos Dumont, no Rio.
Inicialmente, Solange disse que as empresas aéreas tiveram prazo de 120 dias para treinar os pilotos, mas que pediram mais tempo. No fim da audiência, a presidente da agência informou que os treinamentos começarão no mês que vem. A exigência de treinamento faz parte, segundo ela, de uma série de medidas tomadas depois do acidente com o Airbus da TAM, em 17 de julho passado, quando morreram 199 pessoas.
Airbus da TAM
Para o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, um dos treinamentos mais importantes é para arremetidas, quando os pilotos forçam uma nova subida, por detectarem algum problema na hora do pouso. Segundo Kersul, as investigações do acidente da TAM indicam que uma arremetida do Airbus A-320 poderia ter evitado o acidente. No entanto, disse, os pilotos não tentaram fazer a manobra.
De acordo com o brigadeiro, o relatório final sobre as causas do acidente deverá ficar pronto em julho deste ano. Ele disse que não foi possível avançar na investigação sobre a posição inadequada de uma das manetes - alavancas que funcionam como a marcha do avião - do Airbus acidentado. O quadrante (base) das manetes foi encontrado e analisado, mas não permitiu concluir se a posição de aceleração, quando deveria estar em posição de desaceleração, foi decorrente de falha do piloto ou de um erro de interpretação do computador da aeronave.
Fonte: Agência Estado
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