domingo, 12 de janeiro de 2025

Por que os aviões relataram decolam com o tanque cheio de combustível?

Apenas algumas rotas são feitas com o tanque acima do mínimo (Imagem: Aeroprints/Creative Commons)
Diferentemente de uma viagem de carro, aviões decolam com tanque cheio apenas em raras questões. Antes de iniciar o abastecimento da aeronave, diversos cálculos precisam ser feitos para determinar a quantidade exata. A quantidade de combustível pode alterar o desempenho do avião e o custo, além de trazer algumas limitações operacionais.

O que acontece


O abastecimento é feito apenas de acordo com as características específicas do voo. Na maioria dos casos, o abastecimento leva em conta rota, peso a bordo (carga e passageiros) e condições adversas e de tráfego aéreo. Nas companhias aéreas, esse cálculo é feito por um profissional chamado DOV (Despachante Operacional de Voo).

O peso influencia no consumo de combustível. Quanto mais pesado, maior o consumo. Estima-se que a cada 1.000 quilos de combustível necessários haja um consumo adicional de 3%. É como se o avião consumisse 30 quilos só para transportar esses 1.000 quilos a mais. A quantidade de combustível utilizada por um avião é calculada em quilos, e não em litros. Isso ocorre porque o volume muda de acordo com a temperatura, que varia de acordo com a altitude do voo.

O peso do combustível também pode alterar o desempenho do avião. Quanto mais, maior a velocidade necessária para descolagem. Isso exige que o avião percorra um comprimento maior de pista para sair do chão. Na hora do pouso, o avião mais pesado demora mais para parar. Com o tanque cheio de combustível, um Boeing 737 em uma viagem na ponte aérea Rio-São Paulo, por exemplo, não poderia ter condição nem de decolar do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, nem terrestre no aeroporto de Congonhas, em São Paulo Paulo.

Ao encher o tanque do avião, haveria outras restrições causadas por peso desnecessário. As aeronaves contam com um peso máximo de decolagem. O excesso de combustível poderia limitar a quantidade de passageiros ou de carga a ser transportada, justamente o que gera receita para as companhias aéreas.

Em alguns casos, uma companhia aérea pode optar por levar combustível acima do mínimo exigido pelas regulamentações aeronáuticas. São situações nas quais é possível prever com antecedência que as condições adversas no destino sejam ruínas, que serão necessários desvios ao longo da rota ou que o tráfego aéreo fique congestionado. Em todas essas situações, o voo pode sofrer atraso e consumir mais combustível.

Algumas rotas alternadas de bastante combustível. Nos voos para Fernando de Noronha (PE), por exemplo, o avião precisa decolar com combustível suficiente para a ida e a volta. É que o aeroporto da ilha não tem sistema de abastecimento. Isso faz com que o consumo de combustível seja maior, o que ajuda a encarecer o preço da passagem.

O preço do voo pode influenciar no combustível. Outra situação em que o avião pode ser abastecido com combustível além do mínimo exigido é quando há uma grande diferença de preço nos aeroportos de origem e destino. Mesmo gastando mais combustível, a diferença de preço pode compensar.

Via Vinícius Casagrande (Todos a Bordo/UOL)

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