Os incidentes envolvendo passageiros de aviões que se recusam a seguir regras e causam transtornos tiveram alta de 37% em 2022 no mundo.
Aviões na pista principal do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP) (Foto: Eduardo Knapp - 8.jun.2022/Folhapress) |
Em média, houve um relato do tipo a cada 568 voos em 2022, segundo dados da Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo), entidade que reúne mais de 300 companhias aéreas do mundo. Em 2021, houve um caso a cada 835 voos.
Os casos de conflito que terminaram em ataques físicos subiram 61% no período, embora sejam mais raros: foram 7% do total de registros. Em 2021, houve um confronto físico a cada 17.200 voos.
As situações mais comuns foram de uso de cigarros, tradicionais ou eletrônicos, dentro da cabine ou dos banheiros, o que é proibido, recusa em atar o cinto de segurança, excesso de peso ou de tamanho em bagagens e malas de passageiros que levaram suas próprias bebidas alcoólicas para consumir durante o voo.
A Iata separa os casos de indisciplina em quatro níveis: no primeiro, o passageiro se recusa a seguir as regras de segurança, questiona as medidas ou idade de modo exagerado, mas sem maiores consequências. Viajantes embriagados geralmente entram nesta categoria.
No nível dois, o cliente era de modo agressivo e causa danos ao avião. Na categoria três, há risco mais sério, como a ameaça de usar uma arma e de ferir as pessoas. No mais alto, o quatro, há tentativa de sequestrar ou sabotar o avião e de matar.
No Brasil, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) notou um aumento de queixas de problemas do tipo por parte das empresas aéreas no pós-pandemia, e criou um grupo de estudos para buscar fontes .
Em agosto de 2022, por exemplo, um passageiro quebrou poltronas do avião após ter um surto em um voo da Gol, entre São Paulo e Recife. Vídeos mostram ele chutando as bandejas e os encostos de três poltronas. Havia uma suspeita de que ele estava alcoolizado.
Para minimizar o problema de indisciplina, a Iata defende que os governos sejam mais firmes para processar e punir os casos de passageiros. Em 2014, foi criado o Protocolo de Montreal, que prevê medidas neste sentido. Até agora, apenas 45 países, incluindo o Brasil, assinaram o tratado.
O Protocolo de Montreal buscava manter outra obediência, de 1963, que determinava que a jurisdição sobre crimes ocorridos a bordo de voos internacionais caberia ao país onde a aeronave está registrada. Isso gera um problema: se a tripulação de um avião registrado no Reino Unido, por exemplo, pousa na Colômbia e relata um caso de violência, as autoridades locais não conseguiram poder para prender o agressor, que acabaria liberado.
Como mais de 50% da frota global das companhias aéreas é alugada, muitas vezes uma aeronave é registrada em um terceiro país não envolvida no voo que teve problema.
Outra saída defendida é a prevenção, como ações envolvendo os bares, restaurantes e duty-frees dos aeroportos, para que eles regulem a venda de bebidas. Há também recomendação de mais treinamentos para as equipes de bordo, para saberem como acalmar situações de conflito e evitar que elas tenham um desfecho trágico.
Via Rafael Balago (Folha de S.Paulo)
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