Tragédia matou as 132 pessoas a bordo; novo documento será divulgado quando apuração for concluída.
Equipe coleta peças do Boeing 737-800 que caiu na China (Foto: AFP) |
A China anunciou nesta quinta-feira que vai divulgar em abril um relatório preliminar da investigação sobre o avião Boeing 737-800, que caiu no Sul do país há dez dias, matando as 132 pessoas a bordo. O primeiro documento da tragédia fica pronto até 30 dias após o acidente, enquanto um relatório completo será apresentado quando a apuração for concluída.
Conforme as regras internacionais, um relatório inicial deve ser entregue à Organização da Aviação Civil Internacional da ONU (OACI) até um mês após a ocorrência, mas não precisa ser público. O documento final sobre a queda da aeronave deve apresentado dentro de um ano, mas o prazo pode ser estendido.
Zhu Tao, chefe de segurança da Administração de Aviação Civil da China informou que as autoridades fizeram análises preliminares do acidente, como a possível trajetória, posição e velocidade do avião ao atingir o solo. Investigadores também estão conferindo dados dos radares de controle de tráfego aéreo. A equipe também trabalha para extrair as informações das duas caixas-pretas encontradas.
Funcionários do Conselho Nacional de Segurança em Transportes dos Estados Unidos devem viajar para a China e ajudar na investigação. Até o momento, mais de 40 mil peças do Boeing 737-800 foram recuperadas.
O voo MU5735 tinha como destino a cidade portuária de Cantão após a decolagem em Kunming, capital da província de Yunnan, no Sudoeste. Conforme a plataforma de monitoramento Flightradar24, pouco mais de uma hora após decolar, o avião “de repente começou a perder altitude muito rapidamente”. O Boeing estava a 29.100 pés quando, em pouco mais de um minuto, desceu mais de 21 mil pés. A aeronave aparentemente recuperou a altitude em torno de 8 mil pés antes de continuar a cair.
Queda intriga especialistas
O caso chamou a atenção de especialistas de aviação porque acidentes com aeronaves deste modelo são raros, ainda mais na fase de cruzeiro do voo — entre o final da subida da aeronave e o início da descida no aeroporto de destino. O histórico de segurança do setor aéreo da China também figura entre os melhores do mundo na última década.
— Normalmente, o avião está no piloto automático durante a fase de cruzeiro. Portanto, é muito difícil entender o que aconteceu. Do ponto de vista técnico, algo assim não deveria ter acontecido — disse à Reuters o especialista em aviação Li Xiaojin.
A Boeing apontou em um relatório divulgado no ano passado que apenas 13% dos acidentes comerciais fatais em todo o mundo entre 2011 e 2020 ocorreram durante a fase de cruzeiro, enquanto 28% dos acidentes com mortes ocorreram na aproximação final e 26% no pouso.
O 737-800 tem um bom histórico de segurança e é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes fatais em 2018 na Indonésia e 2019 na Etiópia.
— A Administração de Aviação da China tem regulamentos de segurança muito rígidos e só precisamos esperar por mais detalhes para ajudar a esclarecer a causa plausível do acidente — disse à Reuters Shukor Yusof, chefe da consultoria de aviação Endau Analytics, com sede na Malásia.
Via O Globo e agências internacionais
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