Aeronave com passageiros não respondeu a chamadas de rádio do controle aéreo de Portugal. Jatos F-16 da Otan interceptaram o avião comercial sobre o Atlântico.
Imagem que circula nas redes sociais mostra o caça F-16 ao lado do 737 da Ryanair |
O mundo se transformou consideravelmente depois dos ataques de 11 de setembro. Especialmente a aviação comercial, usada por terroristas para alcançar seus objetivos.
Desde então, qualquer anormalidade a bordo de aeronaves de passageiros, especialmente sobre nações aliadas do Ocidente, é tratada como potencial situação de perigo ou alerta.
Dois caças F-16 da Força Aérea portuguesa que estavam em alerta na base de Monte Real, em Leiria, tiveram, no sábado, de ser ativados com urgência para verificar as condições de um Boeing 737-8200, uma versão minimamente diferenciada do modelo MAX.
A aeronave, da low cost europeia Ryanair, fazia a ligação entre o Reino Unido e as ilhas Canárias, na Espanha.
Quando sobrevoava o território português, o avião deixou de responder aos contatos via rádio do Controlo Aéreo Português, informou o Correio da Manhã, citando fontes militares.
A falta de comunicação disparou um alerta na base de Monte Real, em Leiria, a 145 quilômetros de Lisboa.
Dois caças Lockheed Martin F-16 Fighting Falcon foram acionados.
O avião comercial foi interceptado sobre o Oceano Atlântico, na costa portuguesa. A ação ocorreu no último sábado (8).
Os F-16 realizaram o que na linguagem militar é chamado de "cockpit check" – ou seja, de forma visual, verificaram se havia algum sinal suspeito no cockpit do avião de passageiros. Fossem pilotos desmaiados ou uma situação de sequestro.
Aviões comerciais têm no transponder um código que, digitado pelo piloto, indica situação de sequestro, tecnicamente chamada de "intruso na cabine".
Mas depois dos atentados do World Trade Center verificou-se que o manuseio do aparelho é conhecido por eventuais terroristas.
Após a interceptação dos caças portugueses, verificou-se que a ausência de comunicação se dera por um falso alarme de emergência e as comunicações foram restabelecidas.
O voo comercial seguiu na proa das ilhas Canárias enquanto os F16 regressaram a Monte Real.
De acordo com a Otan, tratou-se do primeiro "scramble" (saída de aviões de caça em alerta) do ano das equipes de patrulha aérea do território da Aliança Atlântica.
Segundo o Poder Aéreo, os caças F-16 da FAP (Força Aérea Portuguesa) operam em duas unidades, ambas estacionadas na Base Aérea nº 5 (Monte Real). Uma é a Esquadra 201 – “Falcões”, assim renomeada em 4 de outubro de 1993, quando já haviam deixado de voar os A-7P Corsair II e iniciado os voos os F-16 A/B. Desde 2011 os Falcões operam a versão modernizada do caça (MLU).
Outra é a Esquadra 301 – “Jaguares”, que deixou de voar em outubro de 2004 com seus Alpha-Jet (utilizados em apoio aéreo aproximado, interdição do campo de batalha e reconhecimento tático) e se reequipou com os F-16 MLU, inicialmente operando na Base Aérea nº 11 (Beja), antes de se transferir para Monte Real.
Não foi a primeira vez que um voo da Ryanair foi interceptado por aeronaves de combate.
Em maio do ano passado, autoridades bielorrussas enviaram um caça e sinalizaram o que acabou sendo um falso alerta de bomba para forçar um avião da Ryanair a pousar e, em seguida, prender um jornalista oposicionista que estava a bordo. O ato foi duramente condenado por Europa e Estados Unidos.
No que foi descrito por alguns líderes da UE como um sequestro, o avião de passageiros, que voava de Atenas para a Lituânia, foi subitamente desviado para Minsk, capital da Bielorrússia, sob a escolta de um caça MiG-29 da era soviética. No desembarque, as autoridades prenderam o jornalista Roman Protasevich.
Dados do site flightradar24.com mostraram que o avião foi desviado apenas dois minutos antes de cruzar o espaço aéreo lituano. Após sete horas no solo, o avião decolou e finalmente pousou em Vilnius, onde a primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte, o esperava para receber os passageiros.
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