domingo, 25 de julho de 2010

Há dez anos acidente com o Concorde deixava 113 mortos

10º aniversário da queda do Concorde ainda sem sentença nos tribunais

Uma cerimônia discreta marcou neste domingo, nos arredores de Paris, o décimo aniversário da queda do avião Concorde.

No dia 25 de julho de 2000, o aparelho supersônico caiu sobre a localidade de Gonesse, na França, vitimando 109 passageiros e 4 ocupantes de um hotel da região.

Os familiares das vítimas, a maioria de nacionalidade alemã, participaram numa cerimônia religiosa, no início da tarde, num momento em que aguardam ainda a sentença dos tribunais sobre a responsabilidade do acidente.

A aeronave, que percorria 37 quilômetros em um minuto, teve um encontro antecipado com o seu epílogo no dia desse acidente.

O 'beijo da morte' foi dado neste dia por uma fortuita peça de titânio oriunda de um avião comercial subsônico.

Mas o 'Concorde' pode voltar a voar em 2012, na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres, 36 anos após o primeiro voo comercial.

Uma placa de titânio com 40 centímetros de comprimento pôs fim aos voos comerciais supersônicos, quando o Concorde, que realizava o voo 4590 da Air France para Nova Iorque, caiu após a decolagem do Aeroporto Charles de Gaulle, chocando-se num pequeno hotel na cidade de Gonesse, nos arredores de Paris. Era 25 de julho de 2000 e a frota Concorde tinha ainda pela frente, pelo menos, mais cinco a dez anos de vida útil.

"Está pegando fogo, a parte traseira do avião está pegando fogo", gritara momentos antes um controlador de voo do Charles de Gaulle.

"Está pegando fogo, mas não tenho a certeza que seja do motor", exclama em seguida.

O seu tom de voz anuncia os acontecimentos seguintes: a queda do avião, a morte das 109 pessoas a bordo, mais quatro no solo.

Era o fim trágico de um sonho nascido 50 anos antes, quando a possibilidade de voos supersônicos povoava o imaginário da época. Embora o derradeiro voo de um Concorde tivesse ocorrido em outubro de 2003 (com passagens ao custo de 9.700,00 dólares pela cotação atual), com os 113 mortos da tragédia de Gonesse morria também a carreira de um avião que, até então, não tivera qualquer acidente.

Os voos foram retomados em julho de 2001, realizando-se até 2003, quando a Air France (AF) e a British Airways (BA) - as companhias que operavam a aeronave – alegaram razões econômicas para a suspensão dos voos.

Essencialmente, as brutais imagens do acidente de Gonesse na memória das pessoas e, o 11 de setembro, aceleraram o fim do Concorde, o avião que atravessava os céus à velocidade Mach 2, ou seja, duas vezes superior à velocidade do som.

Estabelecidas as responsabilidades num julgamento que terminou no final de maio, mas cuja sentença só será conhecida em 6 de dezembro (dois mecânicos da companhia Continental Airlines e o responsável do projeto do Concorde foram acusados pelo tribunal como responsáveis pelo acidente) algumas entidades britânicas e francesas apostam em devolver o Concorde aos céus a tempo da cerimônia de abertura das Olimpíadas de Londres em 2012.

Se assim for, terão passado 36 anos desde aquele dia 21 de janeiro de 1976, quando se realizou o primeiro voo comercial do Concorde, entre Heathrow, em Londres, e o aeroporto do Bahrain.

O primeiro voo para os EUA - rota que se iria tornar um emblema para o avião, operado pela BA para Nova Iorque e, pela AF, a Washington - realizou-se em novembro de 1977, para Nova Iorque.

"A uma média de 37 quilômetros por minuto e uma altitude duas vezes superior ao Evereste [ou seja, mais de 16 mil metros]", anunciava um folheto distribuído a bordo.

Os 37 km por minuto, equivalem a mais de dois mil quilômetros por hora.

O pedaço de titânio caído na pista, oriundo de um "tradicional" McDonnell Douglas DC-10, da Continental Airlines (a companhia sustentou no julgamento que o fogo iniciou-se no Concorde antes de os pneus se romperem em contato com a placa), ao pôr fim à carreira de um dos dois únicos aparelhos supersônicos comerciais , abriu um debate sobre um avião que alguns consideravam já anacrônico.

Estava previsto para o período entre 2005 e 2010 a substituição da frotas de aeronaves em uso quando se deu o acidente de Gonesse.

Outros o consideravam um luxo desnecessário: o Concorde ligava as duas margens do Atlântico em três horas, mas transportando apenas cem passageiros, enquanto um avião subsônico levava o triplo, em sete horas. O custo da passagem era inversamente proporcional à duração da viagem.

Se a travessia do Atlântico era rápida, o processo que permitiu a sua concretização foi lento. Começou a ser preparado em 1962, quando a francesa Aérospatiale e a britânica British Aircraft Corporation assinaram um convênio para a construção de dois protótipos em 1965, após os Governos de Londres e Paris terem celebrado um acordo para o desenvolvimento de um avião de passageiros supersônico.

Após quatro anos de testes em terra, o protótipo francês levantou voo a 2 de março de 1969, tendo esse primeiro Concorde alcançando a maior velocidade supersônica para esse tipo de aeronave até hoje, em 1 de outubro daquele ano.

Ao todo, os dois protótipos realizaram mais de cinco mil horas de voo em velocidade supersônica no período de testes.

Apesar de várias companhias e países se mostrarem inicialmente interessados na aquisição do novo aparelho, este acabara por equipar apenas as frotas da BA e AF. No total, foram construídos 20 aviões, incluindo os protótipos. Na época do acidente estavam operacionais apenas 14.

Um projeto americano semelhante, o Boeing 2707 (foto acima), foi cancelado pouco depois dos primeiros voos supersônicos com sucesso do avião franco-britânico.

O Concorde foi inicialmente proibido de sobrevoar os EUA devido ao ruído produzido ao atingir velocidades supersônicas e originou muitos debates em torno de questões ambientais. Tão ou mais intenso quanto o que se desenvolveu na opinião pública da França e da Grã-Bretanha sobre o seu nome de batismo, com ou sem "e" final. Esta vogal irá permanecer como sinônimo de "entente", referência ao acordo e à aliança franco-britânica na Grande Guerra.

Fonte: Blog Notícias sobre Aviação (com informações do DN Economia e Euronews) - Remy De La Mauviniere / AP

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