terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Susto em Detroit suscita debate sobre scanners em aeroportos

Já existem recursos tecnológicos que poderiam ter detectado os explosivos escondidos na roupa íntima de um nigeriano acusado de tentar explodir um avião sobre Detroit, mas preocupações de custo e privacidade impediram seu uso amplo até hoje.

Umar Farouk Abdulmutallab, de 23 anos, é suspeito de ter tentado acionar um explosivo chamado PETN usando uma seringa com substâncias químicas quando o vôo 253 da Northwest se aproximou de Detroit na manhã de Natal.

Ele tinha passado por verificações de segurança em Lagos e Amsterdã, onde os detectores de metal normais não identificaram a arma.

O aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, tem pelo menos 15 scanners "de onda milimétrica" de corpo inteiro que "enxergam" sob a roupa dos passageiros para detectar armas ou volumes suspeitos.

Passageiros sofrem varredura de scanner no Aeroporto Schiphol, na Holanda

O problema é que seu uso tem sido voluntário até agora, devido à preocupação de que os aparelhos possam mostrar os passageiros "nus" para os operadores e quaisquer outras pessoas que passem diante da tela das máquinas.

Outro problema é o custo alto. Enquanto um detector de metal padrão do tipo usado em aeroportos custa até 15 mil dólares, os scanners corporais custam cerca de dez vezes mais.

"Não prevejo uma corrida para a aquisição de novos equipamentos, porque as operadoras de aeroportos estão com recursos escassos no momento e porque o equipamento, embora seja bom, não resolve o problema", disse Kevin Murphy, gerente de produtos de segurança física do Qinetiq Group, empresa britânica de tecnologia de segurança e defesa.

"Alguns passageiros se sentem tranqüilizados porque existem novas tecnologias disponíveis e se dispõem a abrir mão de sua privacidade por isso. Outros se sentem ultrajados."

Murphy disse à Reuters que, além de hardwares avançados, os aeroportos precisam se planos de segurança, modelos comportamentais e processos de contratação eficazes.

Dois tipos de scanners, conhecidos como "ondas milimétricas" e "backscatter X-ray", procuram fazer a mesma coisa: enxergar sob as roupas dos passageiros e identificar objetos incomuns graças a suas densidades diferentes em relação ao corpo humano.

Especialistas dizem que os receios públicos de radiação decorrente das máquinas de raios X são infundados. Mas os temores quanto à privacidade pesam mais que os receios de saúde, nos EUA e especialmente na Europa.

O Ministério do Interior alemão, que define os padrões de segurança dos aeroportos domésticos, se negou a usar scanners corporais no ano passado depois de decidir que representam uma invasão de privacidade, embora sua utilidade e segurança ainda estejam sendo testados.

Na Grã-Bretanha, o ministro do Interior Alan Johnson disse: "Pretendemos estar na vanguarda desta nova tecnologia e assegurar sua implementação no menor prazo possível."

Mas os avanços até agora têm sido lentos. Um porta-voz do aeroporto de Manchester disse que o aeroporto está fazendo testes, mas ainda não tomou nenhuma decisão sobre a implementação dos scanners, e a BAA, que opera o aeroporto de Heathrow, disse que não está usando scanners corporais.

O Parlamento Europeu vem se opondo aos scanners corporais por motivos de privacidade e saúde e pediu mais estudos sobre esses dois pontos.

Mas um porta-voz da Comissão Européia disse na terça-feira que "não existem normais da EU que impeçam países membros de usar os scanners se quiserem."

Fonte: Ben Berkowitz. Madeline Chambers, Brian Rohan, Luke Baker, Adrian Croft, Bill Maclean, Eric Auchard, Gilbert Kreijger (Reuters/Brasil Online) via O Globo - Foto: ANP

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