Tradição islâmica da Nigéria é mais de moderação e tolerância. "Se tivéssemos uma cultura da violência, não teríamos esses líderes corruptos – há muito os teríamos explodido", argumenta analista político.
Ele frequentou as melhores escolas, seu pai foi um bem sucedido diretor de banco: o autor do atentado terrorista frustrado em um avião das Delta Airlines em Detroit vivia no bem-estar. Também em seu país natal, a Nigéria, as pessoas se perguntam por que Umar Farouk Abdulmutallab teria se se disposto a praticar um atentado suicida.
E o horror é unânime diante do fato de um nigeriano haver, ao que tudo indica, se associado ao terrorismo internacional. Além disso, criticam-se os órgãos de segurança. Embora alertados há algumas semanas pelo pai do criminoso, eles não impediram que Abdulmutallab deixasse o país pelo aeroporto de Lagos.Ele frequentou as melhores escolas, seu pai foi um bem sucedido diretor de banco: o autor do atentado terrorista frustrado em um avião das Delta Airlines em Detroit vivia no bem-estar. Também em seu país natal, a Nigéria, as pessoas se perguntam por que Umar Farouk Abdulmutallab teria se se disposto a praticar um atentado suicida.
Desligado da Nigéria
Entre os nigerianos, muitos afirmam que, até então, não podiam imaginar um compatriota seu como terrorista islâmico. Este é o caso do comentarista político Aliyu Tilde, bastante conhecido no país. "Somos pessoas pacíficas. Nossa forma de islamismo é tudo, menos terrorista. Por isso me espanta que alguém como ele possa ter feito isso", observou.
Vizinhos e conhecidos da família, mas também representantes do islã na Nigéria apontam para o fato de que o estudante de engenharia de 23 anos já não vivia no país há anos. Hussain Zakariya, da associação dos imãs nigerianos explica:
"Toda sua formação escolar, da escola primária até a universidade, ele fez fora da Nigéria. Ele esteve em escolas inglesas e numa universidade em Londres. Portanto, não teve como estabelecer nenhuma ligação com estudiosos ou organizações muçulmanas na Nigéria que lhe pudessem ter ensinado algo sob influência da Al Qaeda".
"Terrorismo parece nascer da abundância"
Também Aliyu Tilde sublinha que Umar Farouk Abdulmutallab tem muito em comum com outros terroristas da organização radical. Os autores do atentado de 11 de setembro de 2001 também vinham de famílias abastadas, assim como o próprio Osama Bin Laden.
A maior parte dos terroristas da Al Qaeda havia vivido muito tempo em países ocidentais e foram recrutados lá. Aparentemente o terrorismo islâmico nasce antes da abundância do que da miséria. Tilde os compara com os radicais de seu país.
"Aqui, os grupos não propagam a violência. Isso os distingue dos grupos internacionais. E a questão da violência é o critério que inquieta o Ocidente. Se tivéssemos aqui uma cultura da violência, há muito não teríamos esses líderes corruptos – há muito nós os teríamos feito voar pelos ares."
Tradição religiosa moderada
Entretanto a violência não é, de forma alguma, algo estranho à cultura política e religiosa nigeriana. Há apenas poucos meses o grupo radical islâmico Boko Haram travou lutas ferozes com as forças de segurança do país. Tilde argumenta – no entanto – que anteriormente membros da seita haviam sido mortos pela polícia. Sendo assim, as confrontações foram mera reação, não um ato autônomo.
Outros observadores veem a coisa de forma diversa. Nos últimos anos, organizações manobradas a partir da Arábia Saudita ou do Irã têm sido cada vez mais atuantes. As moderadas e tolerantes correntes tradicionais do islamismo nigeriano, até então dominantes, recuam cada vez mais para a defensiva.
Certo é que a violência religiosa na Nigéria geralmente se dirige contra forças de segurança ou contra outros agrupamentos religiosos. Até agora não houve atos terroristas em nome da fé. O serviço secreto era quem enviava bombas aos críticos do regime, durante a ditadura militar.
Até hoje os nigerianos suspeitam em primeiro lugar dos próprios órgãos de segurança quando, como recentemente em Lagos, um pacote explosivo é enviado a uma emissora de televisão.
Fonte: Thomas Mösch / Revisão: Simone Lopes (Deutsche Welle) - Foto: AP
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