Congonhas em 1975
Risco de acidente aéreo, obras de ampliação das pistas, barulho de turbina. Esses são alguns dos motivos que fazem um imóvel levar até um ano para ser vendido na região do Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo. Algumas residências no Parque Jabaquara chegam a ostentar quatro placas de "vende-se" no portão.
A imobiliária Kauffmann disse que possui cerca de 234 imóveis à venda na região do aeroporto e o tempo para fechar o negócio chega a ser de um ano. Segundo Everton Lúcio, gerente comercial da imobiliária, os proprietários ficam decepcionados com as ofertas abaixo dos valores da residência.
- Essa falta de demanda não é somente por causa do acidente. Acontecia antes, pois são poucos os que querem ter imóvel em uma região de rota de avião, não só pela insegurança, mas também pelo barulho - disse Everton Lúcio.
De acordo com as imobiliárias que trabalham na região, muitos proprietários colocaram seus imóveis à venda após o acidente com o avião da TAM, em julho de 2007, mas nem sempre recebem a oferta que esperam. Segundo informação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci), o tempo médio de venda de um imóvel na capital paulista é de seis meses, metade do tempo da vizinhança de Congonhas.
O imóvel do vendedor Paulo Garbujo, de 54 anos, está há um ano à espera de um comprador. Ele teme que o projeto de ampliação da pista de Congonhas e desapropriação de casas no entorno dificulte ainda mais o negócio.
- Tinha uma pessoa interessada em olhar o imóvel, mas, depois dessa notícia, temo que ela desista - afirmou. Ele mora há 10 anos na Rua Marques Perdigão, que fica a cerca de 100 metros da cabeceira da pista. "Mas estou acostumado com o barulho", garante Paulo.
As desapropriações de casas custariam cerca de R$ 400 milhões ao estado, mas os moradores temem que suas casas sejam desvalorizadas.
- Isso aqui é um elefante branco, mas, se eles oferecerem um preço justo, eu vou embora - afirmou o aposentado José Massi Neto, de 62 anos.
Ele disse que, nos últimos anos, cerca de 15 pessoas interessadas na compra visitaram sua casa.
- Da última vez, a pessoa ia fechar o negócio, até que um avião subiu e seu neto começou a chorar. Ele desistiu na hora - afirmou.
O aposentado, que mora há 30 anos na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca de 10 metros do muro da pista, é favorável à mudança do aeroporto.
- Todo mundo lutou para comprar uma casa neste bairro, agora vai lutar para vender - contou.
A imobiliária R Santos, que negocia imóveis na região há 35 anos, confirmou a queda de vendas nos últimos meses.
- Estávamos com uma média de 20 casas vendidas por mês e esse número caiu para menos de dez - disse o consultor de imóveis Antônio Monteiro, que culpa ainda a crise financeira. "Isso tudo contribui", disse.
A assistente financeira Maria Graça dos Santos, de 44 anos, trabalha há seis meses em frente ao Aeroporto de Congonhas. E já apresenta sinais de estresse por causa do barulho dos aviões.
- Tenho dor de cabeça constantemente e chego a sonhar com avião caindo - reclama.
Ela disse que a ampliação da pista pode definir seu futuro profissional.
- Se a empresa for desapropriada e eles mudarem de endereço eu permaneço, mas se continuar por aqui eu peço demissão. Eu moro em Cotia e estou acostumada com um clima tranqüilo, de paz - disse.
A sede da empresa de segurança onde Maria Graça trabalha funciona em uma residência na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca 10 metros da cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas, no Parque Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. Uma das janelas da casa chegou a trincar por causa do ruído das turbinas.
- Quando o avião manobra na pista para decolar as janelas trepidam. Até hoje não consigo entender como tem uma área residencial aqui - conta ela.
Mas a assistente diz que é preciso ter paciência para falar ao telefone.
- Por volta das 16h, quando o tráfego é intenso, tenho que pedir para a pessoa do outro lado da linha esperar um pouco cada vez que passa um avião - afirmou, minutos antes de encerrar o expediente e voltar para a calmaria em Cotia, na Grande São Paulo.
Fonte: Fabiano Nunes (Diário de S.Paulo) - Fotos: Blog do Milton Jung
A imobiliária Kauffmann disse que possui cerca de 234 imóveis à venda na região do aeroporto e o tempo para fechar o negócio chega a ser de um ano. Segundo Everton Lúcio, gerente comercial da imobiliária, os proprietários ficam decepcionados com as ofertas abaixo dos valores da residência.
- Essa falta de demanda não é somente por causa do acidente. Acontecia antes, pois são poucos os que querem ter imóvel em uma região de rota de avião, não só pela insegurança, mas também pelo barulho - disse Everton Lúcio.
De acordo com as imobiliárias que trabalham na região, muitos proprietários colocaram seus imóveis à venda após o acidente com o avião da TAM, em julho de 2007, mas nem sempre recebem a oferta que esperam. Segundo informação do Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci), o tempo médio de venda de um imóvel na capital paulista é de seis meses, metade do tempo da vizinhança de Congonhas.
O imóvel do vendedor Paulo Garbujo, de 54 anos, está há um ano à espera de um comprador. Ele teme que o projeto de ampliação da pista de Congonhas e desapropriação de casas no entorno dificulte ainda mais o negócio.
- Tinha uma pessoa interessada em olhar o imóvel, mas, depois dessa notícia, temo que ela desista - afirmou. Ele mora há 10 anos na Rua Marques Perdigão, que fica a cerca de 100 metros da cabeceira da pista. "Mas estou acostumado com o barulho", garante Paulo.
As desapropriações de casas custariam cerca de R$ 400 milhões ao estado, mas os moradores temem que suas casas sejam desvalorizadas.
- Isso aqui é um elefante branco, mas, se eles oferecerem um preço justo, eu vou embora - afirmou o aposentado José Massi Neto, de 62 anos.
Ele disse que, nos últimos anos, cerca de 15 pessoas interessadas na compra visitaram sua casa.
- Da última vez, a pessoa ia fechar o negócio, até que um avião subiu e seu neto começou a chorar. Ele desistiu na hora - afirmou.
O aposentado, que mora há 30 anos na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca de 10 metros do muro da pista, é favorável à mudança do aeroporto.
- Todo mundo lutou para comprar uma casa neste bairro, agora vai lutar para vender - contou.
A imobiliária R Santos, que negocia imóveis na região há 35 anos, confirmou a queda de vendas nos últimos meses.
- Estávamos com uma média de 20 casas vendidas por mês e esse número caiu para menos de dez - disse o consultor de imóveis Antônio Monteiro, que culpa ainda a crise financeira. "Isso tudo contribui", disse.
A assistente financeira Maria Graça dos Santos, de 44 anos, trabalha há seis meses em frente ao Aeroporto de Congonhas. E já apresenta sinais de estresse por causa do barulho dos aviões.
- Tenho dor de cabeça constantemente e chego a sonhar com avião caindo - reclama.
Ela disse que a ampliação da pista pode definir seu futuro profissional.
- Se a empresa for desapropriada e eles mudarem de endereço eu permaneço, mas se continuar por aqui eu peço demissão. Eu moro em Cotia e estou acostumada com um clima tranqüilo, de paz - disse.
A sede da empresa de segurança onde Maria Graça trabalha funciona em uma residência na Rua Monsenhor Antônio Pepe, a cerca 10 metros da cabeceira da pista do Aeroporto de Congonhas, no Parque Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. Uma das janelas da casa chegou a trincar por causa do ruído das turbinas.
- Quando o avião manobra na pista para decolar as janelas trepidam. Até hoje não consigo entender como tem uma área residencial aqui - conta ela.
Mas a assistente diz que é preciso ter paciência para falar ao telefone.
- Por volta das 16h, quando o tráfego é intenso, tenho que pedir para a pessoa do outro lado da linha esperar um pouco cada vez que passa um avião - afirmou, minutos antes de encerrar o expediente e voltar para a calmaria em Cotia, na Grande São Paulo.
Fonte: Fabiano Nunes (Diário de S.Paulo) - Fotos: Blog do Milton Jung
Um comentário:
Simples, eu tenho certeza que no ano que Congonhas inaugurou não havia residencias em volta do aeroporto, como o homem se axa cosmopolita demais, começou -se a construir descontroladamente em torno desse aeroporto, tenho certeza que em 1938 não tinha residencias nesse local. Aqui em Vitoria isso só nao aconteceu pq a infraero comprou todos os terrenos baldios em torno ao aeroporto e proibindo a construção de residencia em torno do aeroporto só nao é maior o tamanho pq aqui a cidade é pequena mas o povo tem cabecinha oca e nao pode ver terrenos vazios. O aeroporto pode sair de Congonhas?? Pode ser que sim mas o mais culpado desses problemões ai é culpa dos moradores em volta do aeroporto do que aeroporto. Uma pergunta quem atrapalha a população ou aeroporto de congonhas???
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