quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Histórias: O Boeing B-52 e a Operação Chrome Dome

Sob o medo de um ataque às bases aéreas americanas, a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) criou uma operação que duraria oito anos, de uma abrangência e uma grandiosidade ímpares.


Guerra Fria. Esse nome dá arrepios. Mas também desperta muita curiosidade em quem gosta de aviões. A fase de tensões e ameaças entre Estados Unidos e União Soviética durou mais de cinco décadas, entre 1947 e 1991, quando armas de todos os tipos eram desenvolvidas de forma rápida, para que o opositor soubesse que a briga poderia ser séria.

A frota de bombardeiros e aviões-tanques para apoio às operações aéreas da USAF, a força aérea americana, era agrupada pelo Comando Estratégico Aéreo, SAC, formado em 1946 e que atuou até 1992, quando foi desmembrado em outras unidades da USAF.

O brasão do Comando Estratégico Aéreo
No auge da Guerra Fria o SAC chegou ao estrondoso número de 282.723 pessoas trabalhando em centenas de funções, com o objetivo puro e simples de manter a paz no território americano e auxiliar nos dos seus aliados, como grande parte da Europa.

Sobre o SAC, vale lembrar o fabuloso livro do escritor-piloto Martin Caidin (1927-1997), “O Exército do Ar – A estória do Comando Estratégico Aéreo”, escrito em 1964 e publicado no Brasil alguns poucos anos depois. De forma leve e com bons detalhes, a formação e ação dessa força que foi a mais poderosa da face da Terra foi contada.

O livro de Caidin que conta o que era o SAC
A essência do SAC, seus aviões e pessoal foi bem descrita por Caidin, apesar de ser como quase todo o material de divulgação das forças americanas à época, uma verdadeira propaganda detalhada. 

Entre 1960 e 1968, um número médio de 12 bombardeiros Boeing B-52 voaram por 24 horas por dia, sete dias por semana. As rotas eram sempre a caminho de alvos na URSS, chegando até o limite do espaço aéreo daquele país, e retornando em seguida.

Mas é impossível falar sobre essas operações sem entender melhor a ferramenta principal de tudo isso, o Boeing B-52 Stratofortress.

B-52B, estabilizador vertical alto
Depois da Segunda Guerra Mundial, o comando da USAF sabia que um bombardeiro de longo alcance era a mais importante arma a ser fabricada e colocada em prontidão, e já em 1946 selecionou a Boeing para tal. Depois de algumas propostas, o primeiro tipo de avião aprovado pela USAF era um bombardeiro de asas retas e seis motores a pistão, com hélices para propulsão, que foi designado XB-52.

Porém em 1948, com o início da operação do B-36, (leia sobre ele aqui nesse extenso texto) e a constatação que o desempenho deste era sofrível, a Boeing foi chamada a utilizar motores a reação no seu avião, e em um final de semana o engenheiro Ed Wells e alguns colegas conceituaram o B-52 como ele veio a ser, prepararam um relatório de 33 páginas, além de um modelo feito em madeira balsa. 

Tudo isso porque haviam sido pressionados em uma reunião numa sexta-feira com a USA, para buscar algo que voasse mais rápido e mais alto.

Mísseis Hound Dog sob as asas
Esse trabalho foi feito em um hotel em Dayton, estado de Ohio, bem próximo de onde até hoje a USAF tem a base aérea Wright-Patterson, e onde se localizava o Air Material Command, a divisão responsável por suprir os esquadrões e bases com todos os itens necessários para o funcionamento da força aérea. O local abriga também aquele museu fabuloso que já mostramos aqui.

A solução fundamental para o avião foi a adoção de oito motores, permitindo desempenho sem os problemas que o B-36 tinha. O motor a reação escolhido para o avião já existia e estava sendo desenvolvido, o Pratt&Whitney YJ57.

Cada B-52 custava mais de 14 milhões de dólares quando entrou em serviço na década de 1950
O primeiro protótipo da Estratofortaleza — como foi batizado devido a ter altitude cruzeiro de 15 mil metros e a estratosfera ser a camada da atmosfera que compreende essa altitude — voou em 5 de agosto de 1952, e o pedido inicial da USAF abrangia 13 aviões, o primeiro a ficar pronto tendo voado em 5 de agosto de 1954, um modelo A.

Os motores tem pequeno tamanho para padrão dos aviões grandes atuais
Já no final da fabricação deste lote surgia a versão B, com maior peso de decolagem possível por motores de maior empuxo, que foram desenvolvidos pela Pratt&Whitney, o J57-P-29W, ainda durante a fabricação das células.

Área das asas tem 370 m²
Todas as versões fabricadas do B-52 apresentavam maior capacidade de carga, empuxo, autonomia e melhorias em diversos sistemas, com um total de 744 aviões feitos entre 1952 e 1962. Depois de alguns poucos anos de produção, chegou-se à versão H, com motores turbofan, que voou em 1961.

Símbolo do longo alcance, o B-52 bateu muitos recordes de distância percorrida. Em janeiro de 1962, voou do Japão à Espanha sem reabastecimento, cobrindo 20.117 km. Foram 11 categorias de recordes batidos só nesse voo.

Comprimento de 48,5 m, envergadura de 56,4 m
O B-52 viu passar sob suas asas boa parte da história dos conflitos em que os EUA se engajaram, como o Vietnã na década de 1960, Golfo Pérsico nos 90 e Afeganistão já em 2001, combatendo os terroristas do grupo Al-Qaeda, quando vimos nos noticiários as imagens dessas máquinas voadoras lançando bombas guiadas a laser e de queda livre nas áreas montanhosas do país.

Painel dianteiro como nos primeiros aviões
Muitas reformas e atualizações foram feitas nas décadas de uso da frota. Em maio de 2014 se tornou operacional o primeiro B-52 com o sistema CONECT — Combat Network Communications Technology — que adicionou equipamentos eletrônicos que permitem modificar o alvo de bombas guiadas a laser depois de lançadas, transmitir e receber informações em mapas de combate em tempo real, entre outras funções não totalmente explicadas devido a serem assunto de segurança nacional americana. Há telas modernas para os comandos do avião, de navegação e de bombardeio.

Voando a 15 km acima do solo, e a 844 km/h
São 76 B-52 operacionais hoje na USAF, um número considerável, mas apenas pouco mais de 10% de tudo que foi fabricado, e existem tripulantes que são netos dos que atuaram décadas atrás. Sem dúvida um dos mais impressionantes aviões militares — se não o mais 1 de todos os tempos.
No início, os reabastecimentos eram feitos pelos KC-97.
O B-52 precisava baixar trem de pouso e flaps para voar devagar, na velocidade do tanque
O alcance da versão que voa hoje em dia é de 16.232 km, com velocidade de cruzeiro de 844 km/h, podendo chegar até 1.047 km/h utilizando 100% da potência caso necessário. 

Peso máximo de decolagem de 220 toneladas, com peso vazio de 83.250 kg, para carga de 37 toneladas e combustível de 181.610 litros.

Um Boeing KC-135A, derivado do 707 comercial, abastece um B-52D, que agora já podia voar mais rápido nessa época

Chrome Dome


O General Thomas S. Power era o comandante do SAC, e foi o principal arquiteto da operação. Ele foi piloto na Segunda Guerra Mundial, voando o Consolidated B-24 LIberator no norte da África e depois B-29 no Pacífico, combatendo o Japão. 

Herdou o posto do General Curtis LeMay, o criador do SAC, dono de uma das frases mais impressionantes sobre guerra, que já registrei no post sobre o B-58, mas que vale repetir aqui: 

"I’ll tell you what war is about. You’ve got to kill people, and when you’ve killed enough they stop fighting." ("Eu vou lhe dizer o que é a guerra. Você tem que matar pessoas, e quando você matar o bastante, elas param de lutar").

Power assumiu o comando do SAC em 1957, e iniciou os voos de alerta em voo no ano seguinte. A lógica era simples. Mesmo com bases atacadas repentinamente, se houvessem aviões armados no ar, haveria capacidade de retaliação.

Capacidade de armamento é mostrada em foto típica da aviação militar
A operação foi batizada Chrome Dome, domo ou cúpula cromado — também um apelido para uma careca lustrosa — e era apenas uma das ações dentro da política de MAD — Mutually Assured Destruction — ou destruição mútua assegurada. Mesmo que não houvesse local de onde se decolar para bombardear o inimigo, os B-52 já estariam no ar para garantir uma vingança. Realmente algo maluco, bem representando pela sigla, MAD, que significa louco em inglês.

A divulgação pública desse procedimento gerou o incrível filme “Dr. Strangelove” — no Brasil, Doutor Fantástico — de subtítulo “Como parei de me preocupar e aprendi a amar a bomba”, do absolutamente espetacular diretor Stanley Kubrick. É um filme recomendado para qualquer época, e a atuação de Peter Sellers já vale o filme (assita ao filme completo na próxima postagem).


Nele, o diretor explora sem explicitar o uso de anfetaminas por parte das tripulações. As pílulas eram chamadas de “go pill”. Em resumo, trata-se da droga chamada de “speed” — velocidade — claramente destinada a manter todos em alerta. 

Naquela época esse tipo de droga, em dosagem baixa, foi recomendado pela medicina da USAF para permitir que não se instalasse um cansaço sem solução em pilotos, navegadores e demais tripulantes dentro dos B-52. Os efeitos colaterais sem dúvida contribuíram em alguns acidentes e incidentes que aconteceram durante esses oito anos, muitos deles graves.

Já no começo de 1961 haviam sido voadas mais de 6 mil missões, com a divulgação anunciando publicamente que haviam aviões no ar todo tempo, muitas vezes doze deles simultaneamente.

Havia publicidade em revistas, jornais, rádio e televisão, mostrando alguns detalhes das missões, explicando que as bombas atômicas tinha procedimentos sequenciais para serem armadas através de códigos. 

Desenho em corte com o armamento indicado
Tiveram seu papel fundamental durante a crise dos mísseis russos em Cuba, em 1962, pelo fato do premier soviético Nikita Khrushchev saber que haviam cerca de 75 aeronaves armadas durante aqueles dias, voando e prontas para se encaminhar para vários pontos de seus território administrado. Era 20% da frota do SAC, no ar, um esforço de logística gigantesco.

As propagandas informavam que uma bomba atômica desarmada, ou seja, com a carga radioativa não liberada pela última das chaves de segurança, poderia apenas causar a explosão da espoleta de TNT, que gerava a força rápida e elevada necessária para iniciar a reação em nível atômico. Já se sabia que possíveis acidentes eram uma realidade, não uma ficção.

A Chrome Dome se realizava em basicamente três rotas, duas sobre o Ártico, com reabastecimento sobre o Alasca e uma cruzando o Atlântico, reabastecendo sobre o Mar Mediterrâneo. As durações eram entre 20 e 30 horas, mas houve missões mais longas de cerca de 45 horas, quando se formou a certeza que a limitação maior era sempre das pessoas e não dos aviões. Estas se destinavam a tentar ampliar as capacidades da força, testando limites.

Desenho esquemático das 3 principais rotas
A média de consumo de cada avião em cada missão era de 303 mil litros, 143 mil a mais que a capacidade do B-52, e tudo só foi possível devido aos aviões-tanque, sempre pouco falados nas missões militares, mas a base de tudo. Não há movimento sem energia, seja de pessoas ou máquinas.

Houve cinco acidentes principais com os B-52 em que bombas atômicas foram soltas ou caíram junto com as aeronaves. Um foi na costa da Espanha, e das quatro bombas, três caíram em terra sendo rapidamente recuperadas, a quarta apenas após várias semanas de buscas no mar. Nenhuma delas causou contaminação radioativa.

Mas o mais grave acidente foi em 21 de janeiro de 1968, quando houve vazamento de radiação no local da queda de um B-52 próximo à base de Thule, na Groenlândia, território da Dinamarca, um país que proibia armas e usinas nucleares. Um incêndio a bordo não pôde ser extinguido, e os tripulantes, exceto um, saltaram do avião e se salvaram. 

Como ocorreu pouco tempo após a decolagem, havia mais de 100 toneladas de combustível e o incêndio durou várias horas. Na área coberta de gelo onde o avião caiu, houve vazamento radioativo, e cerca de 600 contêineres de destroços, gelo e água foram removidos e levados para os EUA, para correta deposição. 

A limpeza custou cerca de 9,4 milhões de dólares em dinheiro da época, e foi batizada oficialmente de Projeto Crested Ice, mas apelidada de Dr. Freezelove pelos que nela trabalharam. Bom humor em qualquer condição é essencial à sobrevivência do ser humano.

Esse acidente acabou provocando o fim dos voos permanentes, aliviando em muito o custo que a USAF tinha com eles. A partir daí, os B-52 ficavam armados em solo, prontos para decolar, já com uma melhor garantia de detecção de mísseis ou aeronaves soviéticas a caminho da América do Norte.

Continuará em operação


O futuro do B-52 Stratofortress é quase certamente brilhante. Hoje estes aviões são assunto de comissões militares, do Congresso americano e da Boeing, visando uma modernização da frota, valorosa e útil demais para ser aposentada sem substituto à vista. 

O Northrop B-2 Spirit, muito mais moderno e caro, não pode ser modernizado sem custos astronômicos, e foi fabricado em pequeno número, apenas 21. 

O Rockwell B-1 Lancer é 30 anos mais novo que o B-52, mas sendo supersônico e tendo asas de enflechamento variável, torna suas atualizações caríssimas, e a autonomia é de menos de 60% daquela do B-52, tornando qualquer missão mais dependente de aviões-tanque.

Das análises que a Boeing e a USAF fazem constantemente, a estimativa é que haverá B-52 operacionais até depois de 2050, se forem feitas modernizações que precisam começar em pouco tempo.

Faz parte desse projeto de modernização o uso de motores já existentes e utilizados na aviação comercial, daí o nome Commercial Engine Replacement Program (CERP). 

Aqui o painel já modernizado, e vem mais em breve
Se para equipamentos militares existem especificações particulares, a confiabilidade dos motores de uso civil é tão elevada que se tornou possível essa grande ideia ser aplicada na prática. Estima-se economia de 10 bilhões de dólares até 2040 com motores comerciais, que pagaria facilmente os estimados 7 bilhões de dólares do programa. Deve-se obter acima de 25% de economia de combustível e até 40% a mais de autonomia.

Para não alterar extensivamente o avião, decidiu-se por manter oito motores de tamanho similar aos Pratt&Whitney TF-33 atuais, apesar do empuxo necessário ser facilmente conseguido com apenas quatro motores maiores. 

Manutenção do motor P&W TF-33, os turbofans atuais do B-52
Mas todas as alterações que teriam que ser feitas tornariam a engenharia de projeto, desenvolvimento e validação muito extensa e demorada, e motores utilizados em aviões executivos grandes deverão ser os utilizados. Há unidades com tempos de utilização entre manutenções completas (TBO – time between overhaul) de 30 mil horas, que é mais do que se estima que cada avião irá voar até o definitivo fim de sua vida útil.

Até agora o Pratt&Whitney PW816, de pouco mais de 7.100 kgf de empuxo, parece ser a melhor opção, e a escolha final será feita pela USAF, com o trabalho de aplicação ao avião obviamente nas mãos de Boeing. Esse motor é usado no Gulfstream G500 e no G600, dois jatos de negócios (ou executivos) de alto desempenho.

Para os admiradores, o B-52 é o melhor avião militar de todos os tempos. Um dos desejos dessa turma é que pelo menos um exemplar atinja um século em voo. 

Carreganento de armas, aqui uma bomba que pode ser dotada de ogiva atômica
Para os estudiosos da engenharia de maneira geral é um daqueles projetos que saíram melhores do se esperava, possibilidade que tende a desaparecer, dada a precisão dos projetos atuais onde se determina exatamente o que é necessário e se fabrica apenas isso, visando o custo mínimo.

Abaixo um vídeo de operação e exercício de bombardeio como ocorre atualmente:


Por Juvenal Jorge em 29/01/2019, para o AEROentusiastas - Fotos: USAF e Wikipedia

Vídeo: Documentário Obras Incríveis - Airbus A380, o Gigante do Céu


O maior avião de passageiros do mundo já está sendo construído e deverá entrar em operação em 2006. A aeronave pode pesar até 560 mil quilos e tem capacidade para transportar 850 passageiros em dois pavimentos inteiros. Se tornando o maior avião de passageiros comercial que o mundo já viu, tirando o rei Boeing 747-800 do trono.

Aconteceu em 24 de janeiro de 2010: Voo Taban Air 6437 - Grave acidente no pouso no Irã

Em 24 de janeiro de 2010, o voo Taban Air 6437 se acidentou durante o pouso em Mashhad, no Irã. Todas as 170 pessoas escaparam da aeronave em chamas sem perder a vida. A maioria dos passageiros eram peregrinos que voltavam de visitas a locais sagrados no Iraque.


A aeronave envolvida era o Tupolev Tu-154M, prefixo RA-85787, da Taban Air (foto acima), operado pela Kolavia. O avião voou pela primeira vez em 1993.

O voo 6437 estava sendo operado pela Kolavia em nome da Taban Air. Ele se originou em Abadan e foi desviado para Isfahan devido à pouca visibilidade em Mashhad. A bordo estavam 13 tripulantes e 157 passageiros.

Depois que a visibilidade melhorou, a aeronave decolou novamente, mas a visibilidade piorou antes que o voo 6437 pudesse pousar. 

O voo estava sendo realizado perto do Aeroporto Internacional de Mashhad quando um passageiro ficou gravemente doente. A tripulação foi informada e declarou uma emergência médica. 

Eles decidiram pousar em Mashhad em uma abordagem por instrumentos para a pista 31R apesar da baixa visibilidade. 

Durante o pouso, a cauda atingiu o solo fazendo com que a aeronave se desviasse da pista, o trem de pouso colapsasse, a asa direita atingisse o solo e um incêndio tomasse conta da aeronave a consumindo parcialmente.

Todos os passageiros e tripulantes sobreviveram ao acidente, sendo que 42 deles com ferimentos leves. 

O avião sofreu danos substanciais, incluindo a separação de ambas as asas (cortadas nos pontos de montagem dos suportes do trem de pouso principal) e o estabilizador vertical.


A Autoridade de Aviação Civil Iraniana abriu uma investigação sobre o acidente. Em 26 de Janeiro de 2010, foi relatado que o Comitê de Aviação Interestatal da Rússia se juntou à investigação.


Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro.com

Aconteceu em 24 de janeiro de 2007: O sequestro do voo 612 da West Air por um ativista sudanês


Em 24 de janeiro de 2007, o 
Boeing 737-200, prefixo ST-SDA*, da Air West (foto acima), levando a bordo 95 passageiros e oito tripulantes, realizava o voo 612, um voo doméstico regular de passageiros entre Cartum e Al-Fashir, no norte de Darfur, ambas no Sudão.

O avião tinha uma lotação de passageiros inteiramente sudanesa, sendo as únicas exceções um cidadão britânico e um adido militar italiano. Mohamed Abdu Altif (também referido como Mohamed Abdelatif Mahamat), um jovem de 26 anos de Al-Fashir, entrou no cockpit da aeronave às 09h00 (hora local - 06h00 UTC), aproximadamente meia uma hora após a decolagem do Aeroporto Internacional de Cartum.

Ele ordenou que o piloto voasse para Roma, na Itália e depois para Londres, na Inglaterra. Inicialmente, foi relatado erroneamente que sua arma era um fuzil de assalto AK-47, mas relatos subsequentes afirmaram que a arma era na verdade um revólver.

Depois que o piloto explicou que não havia combustível suficiente a bordo para chegar a Londres, ele concordou em voar para o Chade. 

Ele não fez ameaças ou qualquer outra comunicação aos passageiros, nenhum dos quais percebeu que a aeronave havia sido sequestrada. 

Quando a aeronave entrou no espaço aéreo chadiano, foi recebida por caças franceses Mirage F-1 estacionados em N'Djamena, que escoltaram o avião até pousar no Aeroporto Internacional de N'Djamena às 08h30 (UTC), onde foi imediatamente cercado por tropas chadianas. 


Vinte minutos de negociações se seguiram, após o que o sequestrador permitiu que todos os ocupantes da aeronave saíssem antes de se render.

Após a prisão de Mohammed, ele foi levado para a sede da Agência de Segurança Nacional para interrogatório. Lá, ele revelou seus motivos para o sequestro. Ele queria chamar a atenção para o conflito em Darfur, afirmando: "Eu queria atrair a opinião nacional e internacional para o que está acontecendo em Darfur." 

Ele disse que queria ir primeiro a Roma e depois ao Reino Unido para pedir asilo. “Não sou rebelde nem da oposição, mas o governo sudanês está exterminando a população criando conflitos entre diferentes comunidades e dizendo que é apenas um problema interno e comunitário”, disse ele.


O Ministro da Justiça sudanês solicitou à Interpol a entrega de Muhammed, um cidadão sudanês, para que ele pudesse ser acusado de terrorismo, ameaça à segurança dos passageiros e posse ilegal de armas. 

O Chade anunciou ainda a intenção de processá-lo. O ministro da infraestrutura do Chade, Adoum Younousmi , disse mais tarde: "O Chade não é um refúgio terrorista. Ele é um terrorista e vamos levá-lo ao tribunal". 

Um oficial chadiano posteriormente o identificou como sendo "próximo" do grupo rebelde Movimento de Justiça e Igualdade. A Autoridade de Aviação Civil do Sudão também formou um comitê separado especificamente para investigar como Muhammed conseguiu passar pela segurança sem ser detectado.

Posteriormente, os passageiros e a tripulação embarcaram novamente na aeronave, que retornou ao Aeroporto Internacional de Cartum às 22h, horário local (19h UTC).

* Obs: Nunca houve uma confirmação oficial do prefixo da aeronave.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN

Aconteceu em 24 de janeiro de 1966: Voo Air India 101 - O mistério do tesouro escondido no Mont Blanc


Na manhã de 24 de janeiro de 1966, o voo 101 da Air India - um voo regular de passageiros de Bombaim, na Índia, a Londres, na Inglaterra, colidiu contra o Mont Blanc, na França, matando as 117 pessoas a bordo. 

Mont Blanc, na França
O acidente foi causado por uma instrução verbal mal compreendida do controlador do radar ao piloto em vez de Dados VOR, um dos receptores fora de serviço. Numa incrível coincidência, o acidente ocorreu quase no local exato onde o voo 245 da Air India caiu em 1950, com a perda de todos os 48 a bordo da aeronave.

O voo e o acidente 



O voo 101 da Air India era um voo regular de Bombaim a Londres; e no dia do acidente era operado pelo Boeing 707-437, prefixo VT-DMN, batizado "Kanchenjunga" (foto acima). A bordo estavam 11 tripulantes e 106 passageiros, entre eles o Dr. Homi Jehangir Bhabha, presidente da Comissão de Energia Atômica da Índia.

Depois de deixar Bombaim, o Boeing 707  fez duas paradas programadas, em Delhi, na Índia, e em Beirute, no Líbano, e estava a caminho de outra parada em Genebra, na Suiça. 

No nível de voo 190, a tripulação foi instruída a descer para o Aeroporto Internacional de Genebra depois que a aeronave passou pelo Mont Blanc. 

O piloto, pensando que havia passado pelo Mont Blanc, começou a descer, mas na verdade, ele voou na direção do Maciço do Mont Blanc, na França, perto do Rocher de la Tournette, a uma altitude de 4.750 metros (15.584 pés). 

A aeronave colidiu contra a montanha. Todos os 106 passageiros e 11 tripulantes morreram.


Regate


Equipes de resgate encontraram destroços espalhados no lado sudoeste da montanha, cerca de 1.400 pés (427 metros) abaixo do cume.


Gerard Devoussoux, um guia de montanha que foi um dos primeiros a chegar ao local do desastre, disse: "Mais 15 metros (50 pés) e o avião teria perdido a rocha. Fez uma enorme cratera na montanha. "Tudo foi completamente pulverizado. Nada foi identificável, exceto por algumas cartas e pacotes."

As autoridades francesas responderam pelo rádio com a notícia de que praticamente não havia esperança de sobreviventes logo após o desembarque na área. A busca acabou sendo cancelada depois que o mau tempo e a pouca visibilidade prejudicaram os esforços de resgate.


Parentes dos passageiros envolvidos no desastre choraram depois que funcionários do aeroporto deram a notícia do acidente. Robert Bruce, de Tooting, que estava esperando os pais chegarem, disse: "Estou tão sufocado que não consigo nem chorar. Vou para casa e desmaiar. "No que me diz respeito, meu mundo chegou ao fim."

Investigação 


Na época, a tripulação fixou a posição de sua aeronave como estando acima do Mont Blanc, tomando uma orientação cruzada de um VHF de alcance omnidirecional (VOR) enquanto voavam ao longo de uma trilha de outro VOR. No entanto, a aeronave do acidente partiu de Beirute com um de seus receptores VOR inutilizável.



a) O piloto no comando, que sabia ao deixar Beirute que um dos VORs estava inutilizável, calculou mal sua posição em relação ao Mont Blanc e relatou sua própria estimativa desta posição ao controlador; o controlador do radar notou o erro, determinou a posição da aeronave corretamente e passou uma comunicação para a aeronave que, ele acreditava, permitiria corrigir sua posição.

b) Por falta de uma fraseologia suficientemente precisa, a correção foi mal compreendida pelo piloto que, sob a impressão equivocada de que havia passado a crista que conduz ao cume e ainda estava em um nível de voo que proporcionava autorização de segurança suficiente no topo do Mont Blanc, continuou sua descida.


Teoria de assassinato da CIA 


O jornalista Gregory Douglas afirma em seu livro "Conversations with the Crow" que o ex-oficial da CIA Robert T. Crowley lhe disse em conversas realizadas entre 1992 e 1996 que o governo dos Estados Unidos fez com que a CIA assassinasse o físico nuclear indiano Homi Bhabha plantando uma bomba no porão de carga do voo AI 101. 

O livro afirma que 13 dias antes, a CIA também assassinou o primeiro-ministro indiano Lal Bahadur Shastri em Tashkent, um dia depois de ele ter assinado o Acordo de cessar-fogo com o Paquistão, chamado Pacto de Tashkent. 

Douglas cita Crowley como tendo dito: "Nós tivemos problemas, você sabe, com a Índia nos anos 60, quando eles se arrogaram e começaram a trabalhar em uma bomba atômica. A questão é que eles estavam indo para a cama com os russos." 

Dr. Homi Jehangir Bhabha, presidente da Comissão de Energia Atômica da Índia
Em Bhabha, ele disse: "Aquele era perigoso, acredite em mim. Ele sofreu um infeliz acidente. Ele estava voando para Viena para criar mais problemas quando seu Boeing 707 teve uma bomba explodindo no porão de carga." 

Em outubro de 1965, Bhabha anunciou na Rádio All India que eles poderiam construir uma bomba atômica dentro de 18 meses, se dado o aval do Governo da Índia.

Descobertas posteriores


Os destroços do Boeing acidentado ainda permanecem no local do acidente. Em 2008, um alpinista encontrou alguns jornais indianos datados de 23 de janeiro de 1966. Um motor do voo 245 da Air India, que caiu virtualmente no mesmo local em 1950, também foi descoberto.

A área do Mont Blanc, que perdeu um quarto de seu gelo glacial devido à mudança climática, nos últimos anos expôs restos de caminhantes congelados desaparecidos por décadas.

Em 21 de agosto de 2012, um saco de juta de 9 kg (20 lb) de correio diplomático, com o carimbo "A Serviço do Governo Indiano, Correio Diplomático, Ministério das Relações Exteriores", foi recuperado por um resgate nas montanhas e entregue à polícia local em Chamonix.

A mala postal diplomática descoberta em 2012
Um oficial da Embaixada da Índia em Paris ficou com a custódia da mala postal, que foi considerada uma mala diplomática "Tipo C" destinada a jornais, periódicos e cartas pessoais. 

Os malotes diplomáticos indianos "Tipo A" (informações classificadas) e "Tipo B" (comunicações oficiais) ainda estão em uso hoje; Malas postais "Tipo C" tornaram-se obsoletas com o advento da Internet.

A mala postal continha, entre outros itens, o periódico 'The Statesman' de meados de janeiro de 1966, calendários da Air India e uma carta pessoal ao cônsul-geral indiano em Nova York, CGK Menon. 

A mala foi levada de volta para Nova Delhi em um voo regular da Air India, a cargo de CR Barooah, o comissário de voo. Seu pai, RC Barooah, foi o engenheiro de voo do voo 101 da Air India.

Uma cópia do Hindustan Times Weekly, datada de 1966, foi descoberta em 2008
Em setembro de 2013, um alpinista francês encontrou uma caixa de metal marcada com o logotipo da Air India no local do acidente de avião no Mont Blanc contendo rubis, safiras e esmeraldas no valor de mais de $ 300.000, que ele entregou à polícia para serem devolvidos ao proprietários legítimos. 

A polícia elogiou a honestidade do alpinista - que pediu para permanecer anônimo - por entregar o tesouro. "Ele poderia ter ficado com eles, mas optou por entregá-los porque sabia que pertenciam a alguém que provavelmente morreu", disse um policial local na época.

As joias encontradas no local do acidente
Como parte de sua pesquisa para o livro "Crash au Mont-Blanc", que conta a história dos dois acidentes da Air India na montanha, Françoise Rey encontrou um registro de uma caixa de esmeraldas enviada a um homem chamado Issacharov em Londres, descrito por Lloyd's.

Em 2017, Daniel Roche, um alpinista suíço que procurou na geleira Bossons por destroços dos voos 245 e 101 da Air India, encontrou restos humanos e destroços, incluindo um motor de aeronave Boeing 707.

Esta foto, que foi divulgada em 28 de julho de 2017, por Daniel Roche, que descobriu restos mortais no Mont Blanc, mostra uma mão, que poderia pertencer a uma vítima de um dos dois acidentes da Air India ocorridos em 1950 e 1966
Em julho de 2020, como resultado do degelo da geleira, jornais indianos de 1966 foram encontrados em boas condições.

A manchete fala sobre a “Primeira Primeira Ministra da Índia”, referindo-se à
vitória de Indira Gandhi nas eleições de 1966
Leia também: Cartas perdidas após queda de avião há 60 anos são achadas nos Alpes.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e BBC

Aconteceu em 24 de janeiro de 1961: Acidente do B-52 em Goldsboro - Duas bombas termonucleares caem no solo


Em 24 de janeiro de 1961, o Boeing B-52G-95-BW Stratofortress, prefixo 58-0187, da 4241ª Ala Estratégica da Força Aérea dos Estados Unidos da América, codinome “Keep 19”, estava em uma missão de alerta aerotransportado de 24 horas na costa atlântica dos Estados Unidos.

A aeronave, um B-52G, estava baseada na Base Aérea Seymour Johnson em Goldsboro, e fazia parte da missão de alerta aerotransportado do Comando Aéreo Estratégico conhecida como "Cover All" (uma antecessora da "Operação Chrome Dome"), que envolveu um contínuo fluxo de bombardeiros escalonados com armas nucleares em uma rota de "escada" para o Ártico canadense e vice-versa.


O bombardeiro era comandado pelo Major Walter S. Tulloch, da Força Aérea dos EUA, com os pilotos Capitão Richard W. Hardin e o Primeiro Tenente Adam C. Mattocks. Os outros membros da tripulação eram o Major Eugene Shelton (Radar Navigator); Capitão Paul E. Brown (Navegador); Primeiro Tenente William H. Wilson (Oficial de Guerra Eletrônica); Major Eugene H Richards (Instrutor de Guerra Eletrônica); e Sargento Técnico Francis R. Barnish (Artilheiro). 

A aeronave estava armada com duas bombas termonucleares Mark 39, cada uma com um rendimento explosivo de 3 a 4 megatons.

Por volta da meia-noite de 24 de janeiro de 1961, o B-52 foi reabastecido em voo por um avião-tanque. A tripulação do avião-tanque notificou o Major Tulloch (avô da atriz Elizabeth 'Bitsie' Tulloch) de que a asa direita do B-52 estava vazando combustível.

O reabastecimento foi abortado e o controle de solo foi notificado do problema. O B-52 foi orientado a assumir um padrão de espera ao largo da costa até que a maior parte do combustível fosse consumida.

Porém, ao atingir a posição designada, o piloto relatou que o vazamento havia piorado e que 37.000 libras (17.000 kg) de combustível haviam sido perdidos em três minutos. A aeronave foi imediatamente direcionada para retornar e pousar na Base Aérea Seymour Johnson, na Carolina do Norte.

À medida que a aeronave descia 10.000 pés (3.000 m) ao se aproximar do campo de aviação, os pilotos não conseguiram mais mantê-la em descida estável e perderam o controle. Aparentemente, uma asa inteira da aeronave foi perdida. 

O Major Tulloch ordenou que a tripulação abandonasse a aeronave, o que fizeram a 9.000 pés (2.700 m). Cinco homens pousaram com segurança após serem ejetados ou saltados por uma escotilha, um não sobreviveu ao pouso de paraquedas e dois morreram no acidente. Eram eles os majores Shelton e Richards, e o sargento Barnish.

O terceiro piloto do bombardeiro, o tenente Adam Mattocks, foi a única pessoa conhecida por ter saltado com sucesso da escotilha superior de um B-52 sem assento ejetável. 

A visão final da tripulação da aeronave estava intacta, com sua carga útil de duas bombas termonucleares Mark 39 ainda a bordo, cada uma com rendimento de 3,8 megatons.

Em algum momento entre a ejeção da tripulação e a queda da aeronave, as duas bombas se separaram da aeronave.

A aeronave sem piloto quebrou no ar logo após a ejeção da tripulação. Testemunhas relataram ter visto dois flashes de luz vermelha, sugerindo que as explosões de combustível contribuíram para a destruição do avião. 

Às 00h35 do dia 24 de janeiro, as peças restantes do B-52 impactaram no solo. Os destroços da aeronave cobriram uma área de 5,2 km2 de terras agrícolas de tabaco e algodão em Faro, cerca de 19 km ao norte de Goldsboro. A disposição das peças da aeronave sugeria que várias peças do B-52 estavam de cabeça para baixo quando atingiram o solo.

Equipes de eliminação de munições explosivas (EOD) de Base Seymour Johnson e de outras bases chegaram rapidamente ao local, desarmando a única bomba que era facilmente acessível. 

Representantes do Escritório de Operações de Albuquerque da Comissão de Energia Atômica dos EUA foram alertados sobre o acidente na manhã de 24 de janeiro. Uma equipe de cientistas e engenheiros da AEC, dos Laboratórios Nacionais Sandia e do Laboratório Nacional de Los Alamos reunidos na Base Aérea de Kirtland em Novo México. 

Lá eles se juntaram representantes da Diretoria de Pesquisa de Segurança Nuclear do Departamento de Defesa. Eles voaram para a Base Aérea Seymour Johnson em um avião de carga C-47, chegando aproximadamente às 22h15 na noite de 24 de janeiro.

Como funcionavam as bombas termonucleares Mark 39


Diagrama das características externas de uma bomba nuclear Mark 39. A localização do painel de acesso do MC-772 Arm/Safe Switch é indicada. No nariz estaria escrito: “REJEITE SE AMOSTRADO OU DEFORMADO”
As duas bombas envolvidas no acidente de Goldsboro eram armas termonucleares Mark 39 Mod 2 com um rendimento máximo previsto de 3,8 megatons de equivalente TNT. 

Como todas as armas termonucleares projetadas por Teller-Ulam, sua ogiva consiste em duas partes distintas ("estágios"), a "primária" (uma arma principalmente de fissão que inicia a detonação) e a "secundária" (a parte da arma que, sob a influência da energia liberada pelo "primário", sofre uma reação de fusão nuclear e também produz reações adicionais de fissão nuclear). 

No caso do Mark 39 Mod 2, o "primário" também foi potencializado, o que significa que no momento da detonação uma mistura gasosa de deutério e trítio foi injetada em seu núcleo, e era uma arma de poço selado, o que significa que era totalmente montado em todos os momentos. Isto resulta em algumas reações de fusão que por sua vez produzem nêutrons que aumentam a eficiência da reação de fissão do “primário”. 

A ogiva Mark 39 Mod 2 estava encerrada em um invólucro de bomba gravitacional. O poço do primário era inteiramente composto de urânio enriquecido ("all-oralloy"), sem plutônio. O peso da bomba totalmente carregada estava entre 9.000 e 10.000 libras e continha um paraquedas drogue que permitia que a aeronave a soltasse se movesse para uma distância segura e permitisse que ela fosse detonada na superfície por um detonador de contato sem risco de a arma quebra.

Imediatamente após o acidente de Goldsboro, técnicos dos Laboratórios Nacionais Sandia, o laboratório nacional que tem a responsabilidade primária pela engenharia de segurança das ogivas nucleares, submeteram as armas recuperadas a uma análise cuidadosa para determinar o quão perto estavam de uma possível detonação nuclear. 

Vários relatos das suas conclusões circularam ao longo dos anos, alguns enfatizando a proximidade da detonação e outros enfatizando o sucesso dos vários recursos de segurança das ogivas nucleares. Para entender suas análises e as controvérsias, primeiro é necessário entender qual seria a sequência normal de disparo de um Mark 39 Mod 2 usado em condições de combate.

Um diagrama básico de uma arma termonuclear do projeto Teller-Ulam . Dignos de nota
são os subcomponentes "primário" (rotulado como "A") e "secundário" ("B")
O Mark 39 ficaria suspenso no compartimento de bombas do avião B-52 que o transportava. As "hastes de armamento" eram estendidas para fora da arma, e a ação de lançar a bomba faria com que essas hastes se retraíssem para dentro da bomba e iniciassem a sequência de disparo. 

Antes disso, os “pinos de segurança” precisariam ser removidos das hastes puxando-se longitudinalmente um talabarte, acessível a partir do compartimento da tripulação. Além disso, antes de lançar a bomba, o piloto precisaria operar um interruptor dentro da cabine (o interruptor de prontidão T-380) que operaria o interruptor de braço/segurança MC-722 dentro da própria bomba Mark 39. 

O interruptor Arm/Safe era um interruptor eletromecânico de baixa tensão operado por solenóide que era mantido na posição "Seguro" até que uma escolha deliberada fosse feita para causar uma detonação nuclear, mas poderia ser mudado de "Seguro" para "Arm" por um sinal elétrico de 28 volts.

O piloto também usaria uma unidade de monitoramento e controle de aeronave T-249 para informar à bomba se ela deveria ser detonada como uma explosão aérea ou de superfície. O compartimento de bombas também tinha um sistema de trava operado por solenóide que abriria o paraquedas automaticamente após a liberação, se operado, usando um atuador explosivo MC-834, em oposição a uma liberação de queda livre.

A "sequência de trajetória normal" para o uso de uma bomba nuclear Mark 39 Mod 2, indicando
a sequência de armamento em condições normais (não acidentais) de uso de armas nucleares
Assim que a bomba passasse pelo compartimento de bombas e as hastes de armação se retraíssem, eles acionariam um gerador MC-845 Bisch. Este foi um gerador de pulso único que iniciou a sequência geral de disparo. O gerador Bisch enviaria um sinal de iniciação para a bateria térmica de baixa tensão MC-640, bem como para o temporizador MC-543. O cronômetro começaria a contagem regressiva. 

Também seria acionado um conjunto de válvula extraível que selaria uma câmara de referência no interruptor de pressão diferencial MC-832, um detonador barométrico para detectar a altitude da bomba, usado para um ajuste de detonação de explosão aérea.

Após a arma ter caído uma distância vertical necessária, o pressostato diferencial fecharia os contatos que passavam a corrente da bateria através da Chave Arm/Safe MC-772 e daí para o Sistema de Segurança de Alta Tensão MC-788, que é armado por corrente contínua sendo aplicado a ele.

Ao receber esta corrente, o MC-788 conectaria então a bateria térmica de alta tensão (ainda não carregada) ao X-Unit, o dispositivo elétrico que fornece um sinal de alta tensão aos detonadores usados ​​no "primário "estágio da arma.

Depois que o circuito de temporização completasse sua contagem regressiva de 42 segundos, ele forneceria energia de inicialização para a bateria térmica de alta tensão MC-641. Isso começaria a gerar sua tensão total de 2.500 volts dentro de 1-2 segundos, que seria aplicada diretamente ao circuito de disparo e, através do Sistema de Segurança de Alta Tensão MC-788, ao banco de capacitores da Unidade X. 

Assim que a bomba atingisse o solo, um interruptor de esmagamento no nariz da bomba seria fechado e acionaria a X-Unit para descarregar seus capacitores e iniciar o sistema altamente explosivo no estágio "primário" da arma.

Em algum ponto da sequência acima, não indicado em documentos desclassificados (possivelmente devido à sua natureza classificada), "abortos" no mecanismo de válvula 1A do Laboratório de Los Alamos disparariam e fariam com que o gás do reservatório de reforço fosse injetado no "primário "da bomba.

Para lançar um paraquedas, o Mark 39 precisaria ser lançado entre 3.500 pés (1.100 m) e 5.700 pés (1.700 m) acima do alvo. Para uma entrega em queda livre, ele precisaria ser lançado pelo menos 35.000 pés (11.000 m) acima do alvo, ou então atingiria o solo antes que o circuito temporizador completasse sua contagem regressiva e o X-Unit fosse carregado.

O que aconteceu com as bombas do B-52


As duas bombas nucleares Mark 39 Mod 2 envolvidas na queda de Goldsboro tiveram resultados distintamente diferentes. Relatórios oficiais os identificaram como arma nº 1 (ou bomba nº 1) e arma nº 2 (ou bomba nº 2), tendo o paraquedas da primeira sido disparado e a segunda caído no solo em queda livre sem qualquer diminuição da sua velocidade. A arma nº 1 foi mantida no compartimento de bombas dianteiro da aeronave, enquanto a arma nº 2 estava no compartimento de bombas traseiro.

Arma nº 1: nº de série 434909 (paraquedas) 

Arma nº 1, conforme foi descoberta pela equipe EOD após o acidente
A arma nº 1, identificada com o número de série 434909, foi lançada para fora da aeronave a uma altitude de cerca de 9.000 pés (2.700 m) acima do solo. Aparentemente, ela se torceu de sua cremalheira de uma forma que fez com que os "pinos de segurança" de seus braços se soltassem longitudinalmente e sem qualquer sinal de dano, apesar de não ter sido retirada do compartimento da tripulação. 

Assim que saiu do rack, a bomba caiu de tal maneira que suas hastes de armamento foram puxadas para fora da mesma maneira que seria uma sequência de lançamento intencional. Isso fez com que seu gerador MC-845 Bisch fosse acionado, iniciando a bateria térmica de baixa tensão MC-640 e o temporizador MC-543. Os atuadores explosivos acionaram o lançamento do paraquedas da bomba como no funcionamento normal.

A provável sequência de trajetória da Arma nº 1 no Acidente de Goldsboro
O interruptor de pressão diferencial MC-832 funcionou normalmente e passou a corrente da bateria para o interruptor Arm/Safe MC-722. Esta chave foi encontrada pela equipe inicial de eliminação de material bélico explosivo (EOD) no local como estando na posição "Segura", e não transmitiu sua corrente adiante. O temporizador de separação segura MC-543 funcionou por toda a sua extensão (42 segundos) e iniciou o conjunto de bateria térmica de alta tensão MC-641. 

Após o impacto com o solo, o interruptor de esmagamento fechou, o que em circunstâncias normais dispararia a arma. Mas como o interruptor de braço/segurança MC-722 não ativou o interruptor de segurança de alta tensão MC-788, a X-Unit não foi carregada e nenhuma detonação ocorreu. Os "abortos" que injetariam o gás de reforço na arma não foram liberados e o reservatório de trítio foi encontrado intacto.

Ao lado, uma imagem do MC-772 Arm/Safe Switch do mesmo tipo usado nas bombas nucleares Mk 39 Mod 2 envolvidas no acidente de Goldsboro em 1961.

A arma foi encontrada na posição vertical, com o paraquedas pendurado em árvores adjacentes, cerca de 1,6 km atrás de onde os principais destroços da aeronave impactaram. 

Em 24 de janeiro, a equipe EOD da Base Aérea de Wright-Patterson desmontou e "protegeu" a arma (desconectando o reservatório de trítio do primário) e a devolveu à Base Aérea Seymour Johnson. A arma foi descrita como tendo sofrido apenas “danos insignificantes”.

Tem havido diferentes interpretações sobre o quão perto esta arma em particular esteve de ter uma detonação nuclear. 

Um relatório inicial de Sandia em fevereiro de 1961 concluiu que a arma no. 1 "passou por uma sequência normal de lançamento em que o paraquedas se abriu e os componentes da arma que tiveram a oportunidade de atuar puxando as hastes Bisch se comportaram da maneira esperada. 

A operação total desta arma foi impedida pelo MC- 772 Arm/Safe Switch, o principal dispositivo de segurança." Outras medidas destinadas a fornecer segurança adicional, como os "pinos de segurança", falharam.

Parker F. Jones, supervisor da Sandia, concluiu em uma reavaliação do acidente em 1969 que "um interruptor simples de baixa tensão com tecnologia de dínamo estava entre os Estados Unidos e uma grande catástrofe". Ele sugeriu ainda que seria "credível" imaginar que, no processo de tal acidente, um curto-circuito poderia fazer com que o interruptor Arm/Safe mudasse para o modo "Arm", o que, se tivesse acontecido durante o acidente de Goldsboro, poderia ter resultado em uma detonação de vários megatons.

Um estudo Sandia sobre o programa de segurança de armas nucleares dos EUA, realizado por RN Brodie, escrito em 1987, observou que os interruptores prontos/seguros do tipo usado nesta era de design de armas, que exigiam apenas uma corrente contínua de 28 volts para operar, tinham foi observado muitas vezes que inadvertidamente foi definido como "armado" quando uma corrente parasita foi aplicada ao sistema.

"Uma vez que qualquer fonte de 28 volts DC poderia fazer o motor funcionar, como alguém poderia argumentar que em ambientes severos 28 volts DC nunca seriam aplicados a esse fio, que pode ter dezenas de metros de comprimento?" Ele concluiu que "se [a arma nº 1] no acidente de Goldsboro tivesse experimentado a operação inadvertida de seu interruptor de segurança antes do desmembramento da aeronave, teria ocorrido uma detonação nuclear." 

Bill Stevens, engenheiro de segurança de armas nucleares da Sandia, fez a seguinte avaliação num documentário interno produzido pela Sandia em 2010: “Algumas pessoas podem dizer: 'ei, a bomba funcionou exatamente como foi concebida.' Outros podem dizer: 'todos os interruptores, exceto um, funcionaram, e esse interruptor evitou a detonação nuclear.'"

Charlie Burks, outro engenheiro de sistemas de armas nucleares da Sandia, também acrescentou: “Infelizmente, houve trinta e alguns incidentes em que o interruptor pronto/seguro foi operado inadvertidamente. doença."

Arma nº 2: nº de série 359943 (queda livre) 

A provável sequência de trajetória da Arma nº 2 no Acidente de Goldsboro
O interruptor de braço/segurança MC-722 danificado da arma nº 2 no acidente de Goldsboro B-52, 1961. A arma nº 2 separou-se do B-52 depois da arma nº 1, quando estava entre 5.000 pés (1.500 m) e 2.000 pés (610 m) acima do solo. 

Foi descoberta a cerca de 500 jardas (460 m) de distância do compartimento da tripulação e das seções das asas dos destroços da aeronave, ao longo da linha de voo.

O pessoal do EOD trabalha para recuperar o Mk enterrado. 39 bomba termonuclear
que caiu em um campo de Faro, Carolina do Norte, em 1961
Assim como a arma nº 1, seus "pinos de segurança" foram puxados e seus braços foram retirados. Como antes, isso iniciou o gerador MC-845 Bisch, que ativou as baterias térmicas de baixa tensão e acionou o temporizador MC-543. 

No entanto, como a arma foi lançada a uma altitude tão baixa e o seu paraquedas não se abriu, ela colidiu com o solo a cerca de 700 milhas por hora (310 m/s), o que causou a sua desintegração. 

Seu circuito temporizador funcionou apenas de 12 a 15 segundos quando ocorreu o impacto e, consequentemente, a bateria térmica de alta tensão não foi ativada. Por razões desconhecidas, seu paraquedas não foi acionado, apesar do mecanismo de lançamento do paraquedas ter sido ativado.

Como o impacto da arma resultou em uma cratera de tamanho significativo - 5 pés (1,5 m) de profundidade e 9 pés (2,7 m) de diâmetro - foi inicialmente assumido que os altos explosivos na arma o estágio "primário" havia detonado. No entanto, foi posteriormente confirmado que não houve qualquer detonação de HE desta ou de outra arma, e não houve contaminação do local com material físsil.

Pessoal da Força Aérea trabalhando em um poço subterrâneo para recuperar partes da bomba nuclear MK-39
A equipe do EOD descobriu que a bomba aparentemente havia deixado o avião ainda preso ao rack e que o circuito do temporizador não poderia ser iniciado até que ela saísse do rack (o rack foi encontrado a um quilômetro e meio a leste da própria bomba). A bomba havia ficado profundamente enterrada na lama e foram necessários três dias de escavação para recuperar seu braço/interruptor de segurança MC-772. 

Em 2013, o tenente Jack ReVelle, um oficial do EOD no local, relembrou o momento: [35] “Até minha morte, nunca esquecerei de ouvir meu sargento dizer: 'Tenente, encontramos o interruptor de braço/segurança.' E eu disse: 'Ótimo'. Ele disse: 'Não é ótimo. Está no braço.'"

Num relatório de 1961, um representante da Comissão de Energia Atómica observou que após a descoberta dela na posição "armada": "Neste ponto, questionámo-nos por que a bomba nº 2 tinha sido um fracasso." Uma análise imediata mostrou que seus interruptores estavam "eletricamente... nem armados nem em posição segura".

A chave e outros componentes foram enviados para Sandia para posterior análise "post-mortem", e foi determinado que embora o tambor indicador da chave tivesse girado para a posição "Arm", ele havia se desconectado de seus contatos, e os contatos ainda estavam na posição "Seguro". 

Eles concluíram que se tratava de um dano causado pelo impacto da bomba ao atingir o solo, que também danificou a chave a tal ponto que o circuito não poderia ter fechado mesmo se estivesse na posição “Braço”.

Tal como acontece com a arma nº 1, o reservatório de trítio na arma nº. 2 foi recuperado intacto e sem qualquer perda de trítio. A chave de segurança de alta tensão MC-788 foi destruída com o impacto.

O interruptor de braço/segurança MC-722 danificado da arma nº 2 no acidente de Goldsboro
A arma nº 2 quebrou em pedaços com o impacto, e os técnicos do EOD passaram vários dias tentando recuperar seus pedaços da lama profunda. A “primária” da arma foi recuperada no dia 30 de janeiro, seis dias após o acidente, a uma profundidade de cerca de 6,1 m na lama. Seus explosivos não haviam detonado e alguns haviam se desintegrado da esfera da ogiva. Em 16 de fevereiro, a escavação atingiu 21 m (70 pés) e não localizou o componente "secundário" da arma.

A escavação da segunda bomba, incluindo a sua fusão "secundária", acabou por ser abandonada como resultado de inundações incontroláveis ​​de águas subterrâneas. O Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos comprou uma servidão circular de 400 pés (120 m) de diâmetro sobre o componente enterrado.

Uma análise feita por Sandia em fevereiro de 1961 concluiu que:

A arma nº 2, que passou por algo diferente do lançamento normal da aeronave, evidenciado pelo fato de o paraquedas não ter sido acionado, também teve suas hastes extraídas, e os componentes que tiveram a oportunidade de atuar, agiram da maneira esperado. A operação total desta arma foi impedida por várias coisas:
  1. O impacto ocorreu tão logo após a separação das hastes Bisch que os cronômetros não tiveram a oportunidade de desacelerar;
  2. O interruptor Arm/Safe estava na condição "Safe" quando a arma saiu da aeronave.
O local da ocorrência, a 35°29′34″N 77°51′31,2″W, é claramente visível como um círculo de árvores no meio de um campo arado no Google Earth. A Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill determinou que a profundidade enterrada do componente secundário era de 180 ± 10 pés (55 ± 3 m).

Outra análise feita pelos engenheiros da Sandia em 1961 concluiu que, embora em ambas as armas o interruptor de braço/segurança MC-772 operasse "como foi projetado para fazer", os pinos de segurança controlados por cordão "não podem ser confiáveis ​​para evitar o início do espoleta sequência" neste tipo de acidente, e recomendou a implementação de uma modificação nas armas "o mais rápido possível" que impediria a ativação da fonte de alimentação da espoleta, exceto quando a liberação ao vivo fosse pretendida.

Uma análise de 1969 feita pelo supervisor da Sandia, Parker F. Jones, concluiu que o acidente de Goldsboro ilustrou que "a bomba Mk 39 Mod 2 não possuía segurança adequada para a função de alerta aéreo no B-52".

Consequências para o design do B-52 


As asas molhadas com tanques de combustível integrados aumentaram consideravelmente a capacidade de combustível dos modelos B-52G e H, mas foram encontrados 60% mais estresse durante o voo do que as asas dos modelos mais antigos. 

As asas e outras áreas suscetíveis à fadiga foram modificadas em 1964 sob a proposta de mudança de engenharia da Boeing ECP 1050. Isso foi seguido por uma substituição do revestimento da fuselagem e da longarina (ECP 1185) em 1966, e o programa de aumento de estabilidade e controle de voo do B-52 (ECP 1195) em 1967.

Legado 



O secretário de Defesa Robert S. McNamara, em uma reunião 'Top Secret' em janeiro de 1963 com representantes dos Departamentos de Defesa e de Estado, bem como da Casa Branca, usou o acidente de Goldsboro para argumentar contra a delegação de autoridade para usar armas nucleares ao SACEUR, citando a possibilidade de uma guerra nuclear acidental. 

De acordo com notas de reunião desclassificadas, McNamara "passou a descrever quedas de aeronaves dos EUA, uma na Carolina do Norte e outra no Texas, onde, pela menor margem de acaso, literalmente a falha na passagem de dois fios, uma explosão nuclear foi evitada. Ele concluiu que, apesar dos nossos melhores esforços, a possibilidade de uma explosão nuclear acidental ainda existia."

Em julho de 2012, o estado da Carolina do Norte ergueu um marco rodoviário histórico na cidade de Eureka , 3 milhas (4,8 km) ao norte do local do acidente, comemorando o acidente sob o título "Acidente Nuclear".

Marcador de estrada em Eureka, NC, comemorando a queda do B-52 em 1961
Um acidente deste tipo, envolvendo a perda de armas nucleares, é conhecido pelo codinome militar 'Broken Arrow'. Embora as declarações oficiais afirmassem que não havia perigo de que qualquer uma das bombas pudesse ter explodido, outras indicam que cinco dos seis passos (ou seis dos sete) necessários para uma detonação termonuclear ocorreram. Apenas o interruptor de armar do comandante da aeronave não havia sido ativado.

Bomba, Mark 39Y1 Mod 2, P/N 300611-00, número de série 4215, no Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos. Atrás dele está um bombardeiro estratégico de dez motores Convair B-36 Peacemaker (Foto: Força aérea dos Estados Unidos)
A bomba Mark 39 foi retirada de serviço em meados da década de 1960 e substituída pela mais potente Mk 41.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e This Day in Aviation History

Hoje na História: 24 de janeiro de 1962 - A entrega do primeiro F-110A Spectre (F-4C Phantom II)

Sanford N. (“Sandy”) McDonnell entrega as chaves do primeiro F-110A Spectre à Força Aérea dos Estados Unidos, St. Louis, Missouri, 24 de janeiro de 1962 (McDonnell Aircraft Corporation)
Em 24 de janeiro de 1962, a McDonnell Aircraft Corporation entregou o primeiro F-110A Spectre ao Coronel Gordon Graham e ao Coronel George Laven, da Força Aérea dos Estados Unidos, na fábrica da McDonnell em St. Louis, Missouri. O F-110A logo foi redesignado como F-4C Phantom II.

Dois Phantoms foram entregues à Força Aérea para avaliação em Langley Field, Virginia. Eram F4H-1 Phantom IIs da Marinha dos EUA, números de série do Bureau of Aeronautics 149405 e 149406. Inicialmente, a aeronave manteve os números de série da Marinha, mas acabou recebendo os números da Força Aérea 62-12168 e 62-12169. A Força Aérea os resgatou de volta para McDonnell para desenvolver os protótipos YF-4C.

McDonnell Aircraft Corporation F-110A Spectre 149405 (McDonnell Aircraft Corporation)
O Phantom 62-12169 (ex-Bu. No.149406) foi convertido em um JF-4B (uma aeronave de teste especial). Operado pelo Centro de Aeronaves McDonnell-Douglas na Base Aérea de Holloman, Novo México, sofreu uma explosão de motor em 8 de março de 1967. O piloto de teste de McDonnell Charles (“Pete”) Garrison foi ejetado com sucesso. O avião caiu e foi destruído.

McDonnell construiu 5.057 Phantom IIs. Eles serviram na Marinha e no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos, na Força Aérea dos Estados Unidos e em muitas nações aliadas. O último Phantom II, um F-4E, foi concluído em 25 de outubro de 1979. A Força Aérea dos Estados Unidos retirou seus últimos Phantoms operacionais de serviço em 20 de dezembro de 2004, 42 anos, 10 meses, 27 dias após receber o primeiro F-110A.

McDonnell F-110A 149405 e 149406 em formação perto de Lambert Field, St. Louis, Missouri (NARA)
Por Jorge Tadeu (com informações de Wikipédia e This Day in Aviation History)

Hoje na História: 24 de janeiro de 1961 - O primeiro voo do Convair 990 Coronado


Em 24 de janeiro de 1961, o Convair 990, conhecido como Coronado (devido ao nome do Lago onde fica a fábrica da Convair), foi uma versão mais alongada do que o Convair 880, tendo aumentado sua capacidade de passageiros de 96 a 121 (dependendo da configuração).

Foi produzido entre 1961 e 1963, nesse tempo foram produzidas 37 unidades.

Sua peculiaridade era a maior velocidade comparado a seus concorrentes, o Boeing 707 e o Douglas DC-8. O Convair 990 chegava a uma velocidade máxima de Mach 0.91 (990 km/h) e 920 km/h de cruzeiro.


A Varig operou os Convair 990 Coronado de 1963 a 1971, 'herdados' da Real Transportes Aéreos / Aerovias Brasil.

Por Jorge Tadeu (com informações da Wikipedia e Cavok)

São Paulo fecha parceria e terá avião 'particular'; economia será de 23%

O São Paulo fechou uma parceria com a empresa Sideral Linhas Aéreas e terá um avião 'particular' por dois anos.

Avião da Sideral com o escudo do São Paulo estacionado no aeroporto (Foto: Miguel Schincariol)
O clube já estreou o avião Boeing 737-86N, prefixo PR-SLA, da Sideral Linhas Aéreas, na segunda-feira (22) na viagem para Rio Preto. A aeronave foi adesivada e será utilizada novamente na viagem para Belo Horizonte para a Supercopa.

Essa aeronave é provisória e a definitiva chegará em abril. O avião está nos Estados Unidos passando por ajustes a pedido do São Paulo

A aeronave definitiva tem por padrão capacidade para 140 pessoas, mas será adaptado para 64 lugares. A ideia é dar mais conforto aos jogadores com espaço de classe executiva, o que facilita já iniciar o tratamento de alguma lesão sofrida.

O São Paulo calcula uma economia total de 23%. Só com a parte aérea a economia será de 15%, mas somando outros custos com logística, este valor pode chegar a 23%.

O Tricolor vai utilizar a aeronave em todas as viagens neste ano e volta sempre logo após a partida. A aeronave pode chegar a qualquer ponto da América do Sul sem escalas necessárias para abastecimento, por exemplo.

A adesivagem do avião será uma propriedade e pode ser comercializada pelo Tricolor. O clube também tem independência para acertar a alimentação que será servida no voo.

Via UOL e ESPN