domingo, 29 de maio de 2022

Último passageiro de avião que fez pouso forçado com paraquedistas no interior de SP recebe alta

Atleta de 35 anos ficou 16 dias internado e passou por uma série de cirurgias depois do acidente em Boituva (SP). Dois paraquedistas morreram e outras dez pessoas ficaram feridas.

Avião com paraquedistas fez pouso forçado em Boituva (SP) (Fotos: Reprodução)
Um paraquedista de 35 anos foi o último a deixar o hospital depois do acidente com a aeronave que fez um pouso de emergência no dia 11 deste mês, em Boituva (SP). Ao todo, dois atletas morreram e outras dez pessoas ficaram feridas.

O último passageiro a receber alta ficou 16 dias internado, sendo nove na UTI. Ele teve várias fraturas, hemorragia no fígado e precisou passar por cirurgias na coluna, mas deixou o hospital andando nesta sexta-feira (27), segundo a família.

Antes dele, que estava internado na capital paulista, as últimas vítimas do acidente a receberem alta foram um atleta argentino de 48 anos, que estava no Hospital Regional de Sorocaba “Adib Domingos Jatene”, e o piloto da aeronave, que ficou internado em um hospital particular da cidade.

Vítimas foram identificados como André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior,
de 38, em Boituva (SP) (Fotos: Arquivo pessoal)
Os passageiros que morreram foram identificados como André Luiz Warwar, de 53 anos, e Wilson José Romão Júnior, de 38.

André era funcionário da área de tecnologia da TV Globo e dirigia filmes. Já Wilson José Romão Júnior, conhecido como "Juninho Skydive", morava em Piracicaba (SP) e era instrutor de paraquedismo.

Acidente


De acordo com um paraquedista que estava no avião no momento do acidente, a aeronave apresentou problemas a cerca de 900 pés (aproximadamente 275 metros) de altitude.

Aeronave que fez pouso forçado com paraquedistas em Boituva apresentou problema a cerca
de 270 metros de altitude (Imagem: TV TEM/Reprodução)
À TV TEM, o paraquedista Raphael Gonzales Alves contou que estava se preparando para fazer um salto baixo, a seis mil pés, mas o avião não chegou na altitude necessária.

"Meu grupo ia ser um dos primeiros a saltar porque o nosso objetivo era um salto de treinamento de navegação em pouso. Nós estávamos próximos à porta e seríamos os primeiros a sair. Iríamos saltar de seis mil pés e o restante do pessoal ia continuar subindo até 12 mil, mas acabou que ninguém chegou nessa altura", lembra o atleta.

De acordo com a Associação de Paraquedistas de Boituva, a aeronave decolou com 16 pessoas do Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), mas teve uma pane elétrica logo depois e o piloto precisou fazer um pouso de emergência na área rural da cidade.

"Entramos no avião, procedimento de decolagem padrão. Aí, a 900 e poucos pés de altitude (cerca de 275 metros), o alarme de emergência do avião começou a soar e o piloto então nos informou que era uma situação crítica, que era para todo mundo ficar em situação de emergência", conta o paraquedista.

Marca deixada por aeronave em barranco foi analisada por equipes da perícia em Boituva
(Foto: Jorge Talmon/TV TEM)
Ainda de acordo com Raphael, a aeronave tocou três vezes o solo antes de tombar e ficar com as rodas para cima. Ele contou que os atletas ficaram sabendo da situação de emergência, mas chegaram a pensar que conseguiriam pousar em segurança e até a comemorar antes da aeronave atingir um barranco.

Na tarde do dia 12 de abril, o paraquedista prestou depoimento à Polícia Civil de Boituva, que abriu um inquérito para investigar o caso. Além de ouvir os sobreviventes, em especial o piloto do avião, o delegado explicou que precisa dos laudos periciais para esclarecer as causas do acidente.

"Acredito que foi realmente uma fatalidade. Eu estou há muitos anos em Boituva e já investigamos vários acidentes com vítima fatal, mas com avião foi a primeira vez que aconteceu. Agora é trabalhar em conjunto com o CNP e outros órgãos para produzir um relatório que traga mais segurança para todos que frequentam e gostam muito do centro", afirma o delegado Carlos Antônio Antunes.

Motor da aeronave que fez pouso forçado em Boituva foi retirado pelo Cenipa
(Foto: Jorge Talmon/TV TEM)
A aeronave foi desmontada para perícia e o motor do avião foi recolhido por equipes do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Manutenção em dia


Conforme apurado pelo g1, o avião Cessna Aircraft 208, de matrícula PT-OQR, é o mesmo envolvido em um acidente que matou o paraquedista Alex Adelmann, de 33 anos, durante um salto em 2012.

Na época, foi constatado que o atleta foi atingido na nuca pela asa da aeronave logo após saltar no Centro Nacional de Paraquedismo (CNP), segundo o Cenipa. O piloto foi indiciado pela Polícia Civil por imprudência.

Avião caiu em Boituva, no interior de SP (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
No entanto, apesar do histórico, o presidente da Associação de Paraquedistas de Boituva (APB), Marcello Costa, afirmou que a aeronave apresentava bom estado de conservação e estava autorizada a realizar o transporte dentro da unidade.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) confirmou que o avião estava com Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) em dia, ou seja, apta para realizar voos, de acordo com informações do Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB).

A Anac disse ainda que, na configuração aprovada para o transporte de passageiros, a capacidade da aeronave é de até nove passageiros. No entanto, no caso da configuração para o lançamento de paraquedistas, em que são removidos os assentos, a avaliação da capacidade é feita pelo peso máximo de decolagem.

Com isso, "a aeronave pode realizar a operação de lançamento de paraquedistas com quantidades superiores a nove pessoas a bordo, limitada ao peso máximo de decolagem de 3.629 quilos", conforme a agência.

Partes do avião que caiu em Boituva (SP) foram achadas (Foto: Polícia Militar/Divulgação)
A Skydive4Fun afirmou que a aeronave tinha capacidade máxima para 15 paraquedistas e estava com todas as rotinas de manutenção em conformidade com as normas e regulamentos da Anac.

A empresa reforçou ainda que o "tripulante engajado na operação tem elevada experiência de voo e é devidamente habilitado pela Anac com todos os respectivos treinamentos em dia".

Via g1 Itapetininga e Região

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