Casos como o ocorrido em Ribeirão há 12 dias estão cada vez mais comuns
Leite Lopes já teve sete relatos de colisões neste ano; crescimento da frota aérea é visto como uma das causadoras
Casos como o ocorrido há 12 dias em Ribeirão, quando um voo da TAM voltou ao aeroporto Leite Lopes porque o avião atingiu aves durante a decolagem, estão cada vez mais comuns no céu do país.
Dados do Cenipa, que atua na investigação e prevenção de acidentes aéreos, mostram que, em média, quatro aviões atingem aves por dia no país.
O aumento do problema também tem gerado a busca por soluções, muitas vezes inusitadas. Falcões, cachorros e até robôs vêm sendo usados na tentativa de espantar aves dos aeroportos.
Segundo o Cenipa, neste ano 657 colisões foram reportadas por pilotos e outros profissionais do setor aéreo ou aeroportos. Se seguir a média, o ano deve fechar com quase 1.700 casos, superando o recorde de 1.460 de 2011.
No Leite Lopes, foram sete relatos. O aumento da frota aérea é apontado como uma das causas. Os registros de colisões, porém, crescem em velocidade bem maior.
De acordo com o chefe da seção de gerenciamento do risco aviário do Cenipa, major Francisco José de Azevedo Morais, há outras razões, como a concentração de focos atrativos de aves perto dos aeroportos -lixões e matadouro clandestino- ou ainda o aumento de espécies, por causa do avanço da preservação ambiental.
Na aviação comercial brasileira, afirma Morais, não há registros de grandes acidentes causados por aves.
Os riscos, no entanto, são reais. Nos EUA, em 2009, um avião com 155 pessoas pousou no rio Hudson após atingir aves na decolagem em Nova York. Não houve vítimas.
Voos abortados
No caso do último dia 15 em Ribeirão, 118 passageiros estavam no voo que teve de retornar ao Leite Lopes após a colisão. Os urubus são o principal risco no local, atraídos principalmente pelo descarte irregular de lixo ao redor.
A base de dados do Cenipa tem outros exemplos, como um voo da TAM de 26 de fevereiro que partiu do Galeão (RJ) e outro da Webjet que saía de Foz do Iguaçu (PR), no dia 15 de abril.
Nos dois casos, os relatórios apontam corte ou apagamento de um dos motores após aves serem atingidas.
O diretor técnico do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias), Ronaldo Jenkins, diz que os prejuízos para as companhias no Brasil superam a casa de US$ 1 milhão ao ano só em custos diretos, como troca de peças.
Há ainda, diz ele, os prejuízos indiretos, como o tempo que a aeronave fica no solo durante a manutenção e os gastos causados por atrasos e cancelamentos de voos.
Fonte: Leandro Martins (Jornal Folha de S.Paulo)
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