Militares costumavam arremessar presos ilegais de aviões da Armada no rio da Prata
O piloto argentino Julio Alberto Poch (fotos) negou nesta sexta-feira, 7, à Justiça argentina sua ligação com os chamados "voos da morte" durante a última ditadura militar no país (1976-1983). Segundo relatos, ele havia confessado seu vínculo nos voos a colegas de trabalho de uma empresa aérea europeia.Poch, que chegou na Argentina na quinta-feira extraditado da Espanha e morava na Holanda, disse ao juiz federal Sergio Torres que não estava envolvido nos voos e outros crimes como prisões ilegais, lesões e torturas.
A suposta participação do piloto nos voos de aeronaves da Armada que, segundo denúncias de defensores de direitos humanos, arremessavam pessoas presas ilegalmente, foi revelada por seus próprios colegas de trabalho de uma companhia de aviação europeia.
"O acusado negou seu envolvimento nos atos (...) Mas uma coisa é declarar a amigos ou colegas de trabalho e outra ante um juiz, quando se está privado de liberdade" e é necessário se defender, disse a jornalistas o promotor Rodolfo Yanzón.
De acordo com relatos, um dos procedimentos empregados pelos militares para se desfazer de pessoas presas na Escola de Mecânica da Armada (ESMA) era lançá-las adormecidas de aviões no Rio da Prata.
Poch foi preso em setembro na Espanha, na cidade de Valência, durante a escala de um voo comercial da Transavia, que estava pilotando.
À justiça espanhola, Poch afirmou que seus colegas haviam interpretado mal seus comentários sobre a ditadura argentina e negou ter feito parte da ESMA, um dos maiores centros clandestinos de detenção, pelo qual passaram mais de 4 mil pessoas que desapareceram.
Poch aceitou sua extradição para a Argentina, onde espera receber um julgamento justo, segundo afirmou.
O piloto trabalhava para a Transavia até ser preso. A empresa opera em rotas da Holanda com destino a outras capitais europeias.
Fonte: Associated Press via Estadão
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