quarta-feira, 10 de março de 2010

Prefeito do Rio justifica gastos de mais de R$ 322 mil com aluguel de jatinhos

Caixeiro viajante

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, disse nesta terça-feira que, com o uso de jatos fretados em dez das 13 viagens que fez para outros municípios em 2009, conseguiu trazer recursos para a cidade. Segundo ele, tudo foi feito dentro da legalidade e com o objetivo de beneficiar a Cidade Olímpica.

- Com essas viagens, conseguimos trazer cerca de R$ 2 bilhões em investimentos. Em todos os casos, foram motivos e compromissos oficiais que me levaram a optar pelo aluguel dos aviões - argumentou ao comentar notícia de coluna do jornal "Extra".

A coluna "Extra, Extra!" informou que, somente em 25 de agosto foram pagos, com dinheiro público, R$ 47.482,39 para alugar um jatinho do Rio a Brasília. Considerando que o preço de uma passagem aérea comprada com antecedência, em voo comercial, custava R$ 308 ida e volta na mesma data, Paes poderia ter feito a mesma viagem 152 vezes caso optasse por um avião de carreira.

Questionado sobre os gastos de R$ 322.535,04 com o aluguel de jatinhos, o prefeito classificou como normais suas viagens em voos fretados. Argumentou ser necessário usar o serviço para agilizar negociações de projetos e investimentos federais e também de empresas privadas.

- É normal alugar. São viagens que fazemos para conseguir coisas boas. Quando não é possível usar voos normais ou estamos viajando junto com o secretariado, alugamos o jatinho, mas tudo dentro das normas legais. Não há nada de problemático nisso - disse Paes.

Realeza europeia prefere aviões de carreira

No exterior, embora os governos locais tenham aeronaves especiais para deslocamentos, vem se tornando hábito da realeza europeia, por exemplo, usar voos comerciais em boa parte de suas viagens, sobretudo numa época em que os cidadãos estão cada vez mais atentos aos gastos das famílias reais. No Reino Unido, a própria rainha Elizabeth II já pegou aviões de carreira em viagens ao exterior, acomodando-se na primeira classe com seus acompanhantes. O príncipe Charles, herdeiro do trono que nos últimos anos tem abraçado a causa ecológica com vigor, também é habitué de aviões de carreira. A tal ponto que, em dezembro, ao embarcar num avião oficial para ir a Copenhague para participar da conferência da ONU sobre o clima, Charles teve de dar explicações públicas, alegando a falta de horários disponíveis nos voos comerciais para que chegasse a tempo de cumprir sua agenda.

Em 2008, os membros da família real britânica voaram 219 mil quilômetros em 18 voos comerciais, além de fazerem outras 21 viagens em voos charter especialmente alugados para a ocasião, a um custo de 193 mil libras (o equivalente a R$ 581 mil).

Na Espanha, enquanto o rei Juan Carlos I sempre usa aviões da Força Aérea, seus parentes optam por meios mais prosaicos em suas viagens, dividindo espaço com plebeus em voos comerciais. A própria rainha Sofia voou como passageira da Ryanair - companhia famosa por oferecer passagens baratas - entre Madri e Londres no ano passado, quando foi visitar seu irmão doente.

Rainha e plebeus no mesmo voo

Por sua vez, a rainha Margrethe II, da Dinamarca, apesar de ter à sua disposição aviões militares e poder se deslocar em voos charter, também com frequência abre mão das prerrogativas reais e viaja como uma simples mortal. Sua colega holandesa, Beatrix, tem seu próprio avião - um Fokker 70 - pilotado por tripulações treinadas pela KLM, a companhia aérea do país. Em viagens de longa distância, no entanto, não raro a soberana pega um avião de carreira, como fez na última visita de Estado às Antilhas Holandesas, em que sua comitiva ocupou toda a primeira classe.

Fontes: Fernando Torres (Extra) / Flávio Lino (O Globo)

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