O ex-astronauta, aos 84 anos, defende maior cooperação entre EUA e China e propõe um sistema de transporte de carga entre Terra e Marte.
O astronauta Buzz Aldrin em sua caminhada na superfície lunar.
Não foi o primeiro a pisar na lua, mas ao menos, foi o primeiro
a urinar no satélite terreste - Foto: NASA/Newsmakers
Com 84 anos, Edwin “Buzz” Aldrin, o segundo homem a pisar na Lua, é vaidoso. Bem arrumado, carrega abotoaduras, o prendedor de gravata e a gravata com a bandeira dos Estados Unidos. Usa também três anéis de ouro e quatro pulseiras — uma delas, uma série de crânios translúcidos, é para espantar mau agouro. Quer saber dos repórteres sobre o cirurgião Ivo Pitanguy. “Ele tem uma fixação pelo Pitanguy”, diz Christina Korp, sua assessora. Aldrin faz questão de dizer que gosta de viver cercado de mulheres. Ele, que já foi casado três vezes, é acompanhado por sua namorada atual, que é piloto de avião.
Ao contrário de outros companheiros que pisaram na Lua e se aposentaram, Aldrin não deixou as memórias irem para o espaço e tenta manter-se relevante nas discussões atuais sobre o assunto. “Os outros astronautas foram pescar ou jogar golfe. Eu não sei jogar golfe direito”, brinca. Uma das maneiras de fazer isso é uma polêmica aproximação com o programa espacial chinês, que prevê uma missão lunar tripulada. “Eles têm muita vontade de fazer algo em conjunto com os Estados Unidos”, diz. Acrescenta que tem mantido conversas com os chineses. O assunto rende batalhas no congresso dos EUA, que proíbe a cooperação. Mas Aldrin afirma sentir recentemente uma disposição maior de seu país na aproximação. Não está clara qual contribuição Aldrin poderia dar ao programa chinês. “É só a minha experiência. Não tem nada que eu saiba que não esteja em relatórios oficiais abertos a qualquer um, nenhuma informação confidencial”, afirma. O herói americano espera convencer o congresso a liberar uma aproximação oficial no ano que vem, mas já se aproxima por conta própria. “Há quem me acuse de estar ajudando o inimigo, mas apoiar os chineses a chegar à Lua também vai nos ajudar a aprender o que precisamos para desembarcar seres humanos em Marte”.
Did you know I took the first space selfie during Gemini 12 mission in 1966? BEST SELFIE EVER http://t.co/JfPAiVXmLk pic.twitter.com/DuwDXvcDmp
— Buzz Aldrin (@TheRealBuzz) 19 julho 2014
Marte é a grande causa do ex-astronauta. Aldrin tem participado de grupos de pressão para que o governo americano libere mais dinheiro para sua agência espacial, a Nasa, e lançou uma série de camisetas com os dizeres “Get your ass to Mars” (numa adaptação, algo como “Mexa-se e vá para Marte!”). Ele passou as últimas décadas trabalhando em projetos que podem ajudar numa viagem para estabelecer colônias humanas no planeta vermelho e chegou a registrar algumas patentes. Os primeiros humanos que forem para o planeta, diz , não deveriam voltar. “Há restrições técnicas e de orçamento para fazer a viagem de volta. E as pessoas que forem para lá contribuirão mais com a humanidade fixando-se lá”, diz. A ideia é a mesma por trás da iniciativa privada Mars One, que pretende mandar os primeiros colonizadores a Marte em 2025.
Buzz Aldrin em avento comemorativo do 45º aniversário da primeira
viagem à Lua - Foto: Phelan M. Ebenhack/Getty Images
Aldrin, no entanto, aposta num esforço internacional capitaneado pelos Estados Unidos. E quer incluir nesse esforço uma espécie de nave espacial, sua ideia, que circularia permanentemente entre a Terra e Marte possibilitando entregar suprimentos ao planeta de maneira contínua e com menos custos. O presidente Barack Obama anunciou que uma viagem tripulada a Marte deve ser o objetivo do programa espacial americano, mas não há cronograma definido para isso.
Enquanto nenhum dos seus projetos decola, o astronauta tenta manter-se sob os holofotes com aparições periódicas na mídia. Nos últimos anos, cantou rap com Snoop Dog, participou do programa Dancing With The Stars (uma espécie de Dança dos famosos), fez uma ponta na série de TV 30 Rock, lançou uma biografia e o livro Mission to Mars (Missão a Marte, sem tradução em português). Além disso, publica diariamente no Twitter (tem 845 mil seguidores) e escreve regularmente na rede social geek Reddit, em que responde dúvidas de fãs. Entre suas publicações na internet mais curtidas está uma foto sua que seria o primeiro selfie no espaço (em 1966) e outro que comenta sobre ter sido o primeiro homem a urinar na Lua – dentro de um compartimento no seu traje espacial. Aldrin veio ao Brasil a convite da Omega, empresa suíça que fornece relógios para a Nasa desde a década de 1960.
Fonte: Tiago Mali (epoca.globo.com)