Em comunicado, a Procuradoria da Escócia afirmou que está nos Estados Unidos um libanês suspeito de fabricar a bomba que destruiu o avião de passageiros, em 1988, matando 270 pessoas.
Cabine do avião da Pan Am que sofreu atentado com 259 pessoas a bordo em Lockerbie, na Escócia, em 1988 (Foto: AFP) |
Autoridades da Escócia afirmaram neste domingo (11) que o libanês suspeito de fabricar a bomba que destruiu, em 1988, um avião de passageiros na cidade escocesa de Lockerbie está sob custódia dos Estados Unidos. As informações são da agência de notícias Associated Press.
"As famílias dos mortos no atentado de Lockerbie foram informadas de que o suspeito Abu Agela Mas’ud Kheir Al-Marimi está sob custódia dos Estados Unidos", afirmou a Procuradoria escocesa em um comunicado.
Na noite de 21 de dezembro de 1988, um avião Boeing 747 da companhia americana PanAm explodiu sobre Lockerbie, deixando 270 mortos – os 259 ocupantes da aeronave e mais 11 habitantes da cidade escocesa –, no que é até hoje o ataque terrorista mais mortal em solo britânico.
Depois de uma longa investigação realizada por investigadores britânicos e americanos, com auxílio da Interpol, a polícia internacional de cooperação, policial, os investigadores acusaram dois líbios de serem os autores do ataque.
Abdelbaset al-Megrahi, que sempre alegou inocência, foi condenado em 2001 por um tribunal escocês. Ele, única pessoa condenada no caso, morreu em maio de 2012 na Líbia depois de ter sido libertado três anos antes pela Escócia por razões de saúde. O outro acusado à época, Al Amin Jalifa Fhimah, foi declarado inocente e colocado em liberdade.
"Os procuradores e a polícia escocesa, trabalhando com o governo britânico e colegas americanos, vão continuar investigando, com o objetivo de trazer aqueles que atuaram com al-Megrahi à Justiça", diz o comunicado das autoridades da Escócia, segundo a Associated Press.
O atentado
O atentado contra o voo 103 da PanAm, que fazia o trajeto entre Frankfurt, na Alemanha, e Nova York, nos Estados Unidos, com uma escala em Londres, na Inglaterra, não deixou nenhuma possibilidade de sobrevivência para seus ocupantes.
O avião foi pulverizado a 10.000 metros de altitude, 38 minutos após a decolagem em Londres. Os 259 passageiros – em sua maioria americanos – e os integrantes da tripulação morreram. Ao caírem sobre Lockerbie, um povoado no sudeste da Escócia, os restos incandescentes da aeronave mataram outras 11 pessoas.
Moradores da cidade estavam fazendo compras de Natal e, de repente, "choveu fogo, fogo líquido", descreveu um deles. Destroços do avião foram encontrados em um raio de 130 km do local do impacto e os corpos das vítimas ficaram espalhados pelas colinas, bosques e lagos dos arredores.
A investigação
A investigação britânico-americana realizou mais de 12.000 interrogatórios em 54 países e, em 1990, descobriu fragmentos do Semtex, explosivo muito potente, entre os escombros.
A partir dos fragmentos, os investigadores identificaram as fibras da roupa na qual o Semtex foi envolvido e chegaram à conclusão de que um líbio registrou uma maleta cheia de explosivos em Malta, antes da mesma ser embarcada em Frankfurt. O testemunho chave foi o de um vendedor maltês que reconheceu o líbio Megrahi como o homem que comprou a roupa que serviu para envolver a bomba.
Em 1999, as autoridades da Líbia, governada então por Muamar Kadhafi, decidiram entregá-lo junto com o outro acusado, Al Amin Jalifa Fhimah.
Quando aconteceu o atentado, Megrahi era chefe de segurança da empresa Libyan Arab Airlines em Malta. Os investigadores americanos afirmaram que esse cargo era um disfarce de seu trabalho para os serviços secretos líbios, acusação que ele sempre negou e que não pode ser provada no julgamento realizado na Holanda a partir de 2000.
No fim do julgamento, em 2001, Fhimah foi absolvido e Megrahi, condenado por assassinato massivo à prisão perpétua, com um mínimo obrigatório de 27 anos. Apesar dos familiares das vítimas ficarem satisfeitos com a sentença, alguns britânicos próximos ao caso levantaram dúvidas sobre o processo, no qual muitas incógnitas permaneciam.
Em 2003, o regime de Muammar Khaddafi reconheceu formalmente a responsabilidade pelo ataque e pagou US$ 2,7 bilhões em indenização às famílias dos mortos.
Em 2015, os serviços do procurador da coroa escocesa enviaram uma carta às autoridades judiciais líbias identificando formalmente dois outros suspeitos, que seriam Abdullah Senussi, ex-chefe dos serviços de inteligência de Khaddafi, e Abu Agila Massud, especialista em explosivos, ambos presos na Líbia.
Via g1
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