sábado, 6 de junho de 2009

Veja como opera sistema que permite que avião voe mesmo após pane elétrica

Equipamento de emergência gera eletricidade para sistemas básicos.

Todas as aeronaves comerciais possuem obrigatoriamente o dispositivo.


Apesar do nome assustar, uma pane elétrica não é ameaça para a segurança de um voo. Isso se deve, principalmente, a um sistema de emergência chamado “RAT”, que gera energia para manter as funções básicas de uma aeronave. Por isso, uma pane do tipo, sozinha, não seria suficiente para causar o acidente com o avião da Air France que caiu no oceano Atlântico.

“RAT” é sigla para “Ram Air Turbine” – algo como “turbina movida à força do ar” em inglês. O equipamento é obrigatório em todas as aeronaves de grande porte e funciona como um sistema terciário de geração de energia. “Quando ocorre uma pane do sistema elétrico principal, a aeronave passa a tirar energia de baterias auxiliares, que duram cerca de meia hora. Quando esse tempo acaba, entra em ação o RAT”, explicou ao G1 Hamilton Munhoz, piloto de jatos comerciais e executivos.

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O dispositivo pode ser acionado de duas maneiras, dependendo da aeronave: automaticamente, quando detecta a falta de eletricidade; ou mecanicamente, pelo piloto na cabine. Uma falta de eletricidade pode ocorrer por vários motivos: desde uma pane do computador de bordo até falta de combustível ou perda das turbinas principais.

Uma vez acionada, a força do ar movimenta as hélices da turbina, que, por sua vez, gera energia para os sistemas essenciais. “O RAT vai apenas manter os sistemas principais: a instrumentação e a comunicação. Ar-condicionado, luz na cabine e outras coisas do tipo são desligadas”, afirma o professor de engenharia aeronáutica da USP Fernando Catalano.

Com o RAT em ação, o piloto precisa diminuir a velocidade da aeronave, por dois motivos. O primeiro é para não quebrar o dispositivo. “É uma peça pequena. Se o avião estiver em uma velocidade muito alta, vai gerar muito arrasto”, diz Catalano. O segundo é por que o avião precisa planar. Para isso, o piloto vai desacelerar até chegar a uma velocidade ideal que o permita voar até um ponto em que possa pousar.

Acidentes

O RAT ajudou o piloto americano Chelsey Sullenberg a pousar com segurança um Airbus A-320 no rio Hudson, em Nova York, em janeiro deste ano. Na ocasião, a aeronave colidiu com pássaros, que destruíram as turbinas da aeronave. Sem turbina, além da falta de propulsão, ocorreu falta de energia. O RAT foi acionado e recuperou o sistema de navegação e comunicação para o piloto, que foi capaz de descer a aeronave em segurança, sem perder nenhum passageiro.

Outros dois casos famosos de acidentes evitados pelo RAT ocorreram com companhias canadenses. O primeiro foi em 1983, quando cálculos errados fizeram um Boeing 767 ficar sem combustível no meio do voo. O piloto foi capaz de planar até uma pista desativada, onde pousou sem causar ferimentos graves em nenhum passageiro.

O segundo, em agosto de 2001, envolveu um Airbus A-330, como o da Air France. Um vazamento de combustível fez a aeronave enfrentar uma pane seca no meio do Atlântico. Com a ajuda do RAT, o piloto planou por quase 160 quilômetros e fez um pouso forçado em Portugal.

No caso do acidente com o avião da Air France, não se sabe se o RAT chegou a ser acionado após a pane elétrica. Essa e outras informações sobre as causas da queda só poderão ser descobertas quando, e se, as caixas pretas forem encontradas.

Fonte: Marília Juste (G1)

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