quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Carta que Ernest Hemingway escreveu após sobreviver a dois acidentes de avião foi vendida por 220 mil euros

"O problema está aqui dentro, porque o rim direito rompeu-se e o fígado e o baço ficaram feridos": descreveu o escritor ao seu advogado, três meses após ter sobrevivido a dois acidentes.

Ernest Hemingway e Mary Welsh, fotografados em 1946 (Foto: Getty Images)
Foi alvo de um morteiro austríaco, levou um tiro enquanto lutava com um tubarão e ainda foi caçador de submarinos alemães: Ernest Hemingway desafiou a morte não uma, mas cinco vezes. Agora, um dos seus relatos de sobrevivência foi vendido por mais de 200 mil euros.

Foi esse o valor que as quatro páginas que o escritor norte-americano escreveu, em 17 de abril de 1954, dirigidas ao seu advogado, Alfred Rice, descrevendo o seu estado de saúde após ter sobrevivido a dois acidentes de avião, que ocorreram em dois dias seguidos, acabam de atingir em leilão.

A carta remete para 23 de janeiro do mesmo ano, dia em que Hemingway e a sua mulher, Mary, se preparavam para se despedir de umas férias em safari, que deram a oportunidade ao escritor de matar o seu primeiro leão, “com uma arma presa com fita-cola”, conforme o que descreveu no relato enviado ao advogado.

O casal embarcou com a intenção de fotografar e testemunhar a beleza das Cascatas Murchison, em Uganda, mas a aeronave acabou por cair no caminho, após o piloto ter tentado fazer um pouso de emergência.

As notícias do dia seguinte davam Hemingway como morto, mas, nesse mesmo dia, ele viria a apanhar outro avião com o mesmo destino. Desta vez, este pegou fogo, caindo e explodindo logo de seguida. O escritor e a sua mulher ficaram com diversos ferimentos graves, nunca se recuperando totalmente de alguns deles.

“O problema está aqui dentro, porque o rim direito rompeu-se e o fígado e o baço ficaram feridos”, enunciou Hemingway, na carta escrita num hotel em Veneza, na Itália, que foi leiloada na casa Nate D Sanders, no passado dia 31 de agosto, citada pelo The Guardian.

“Não conseguia escrever muitas cartas, por causa do meu braço direito, que tinha queimaduras de 3.º grau até ao osso, o que me causava várias cãibras (ainda causa algumas, mas as queimaduras já estão bem)”, acrescentou. “Os dedos também ficaram queimados, assim como a mão esquerda que sofreu queimaduras de 3.º grau, por isso não conseguia digitar.”

Ernest Hemingway (1898-1961), jornalista, romancista e contista americano, sobreviveu a dois acidentes de avião na década de 1950. À direita, são mostradas páginas de uma carta que ele teria escrito após os incidentes (Bettmann via Getty Images/Leilões Nate D. Sanders/Fox News)
Ainda que tivesse acrescentado o fato de também se “sentir fraco, por causa das hemorragias internas”, admitiu que estava sendo “um bom menino e que estava aproveitando para descansar”.

Já a sua mulher “viveu um grande choque” e, até à data do envio da carta, “ainda não” tinha recuperado “completamente a memória”. No entanto, o escritor finalizou com a frase: “Está tudo bem por aqui”.

A carta foi leiloada juntamente com outras oito escritas por Hemingway, uma das quais enunciava a sua opinião sobre a sua obra “Ter e não ter”, que escreveu em 1994, que foi vendida por aproximadamente por mais de seis mil euros.

Via Observador (Portugal) 

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