O jornal Libération desta sexta-feira (7) traz uma reportagem especial sobre a abertura do processo correcional contra a Airbus e a Air France, na segunda-feira (10), 13 anos depois da tragédia com o voo AF 447, entre Rio de Janeiro e Paris. As famílias das 228 vítimas esperam obter respostas sobre a responsabilidade das duas gigantes da aviação na queda da aeronave.
O acidente ocorreu em 31 de maio de 2009, com um Airbus 330 da companhia Air France que decolou do Rio de Janeiro com destino a Paris, transportando 216 passageiros de 32 nacionalidades diferentes, nove comissários e comissárias de bordo e três pilotos. A aeronave caiu no oceano Atlântico, perto da costa brasileira e nenhuma pessoa a bordo sobreviveu.
As investigações ficaram a cargo do Escritório de Investigações e Análises (BEA, sigla em francês), uma vez que o avião foi fabricado no país, onde era matriculado. O relatório final apontou que o acidente foi causado por uma combinação de erros humanos e falhas técnicas.
A principal causa, segundo os especialistas, foi o congelamento das sondas de velocidade Pitot, que gerou incoerência nas informações de voo, provocando a queda do piloto automático. No entanto, as duas empresas sempre recusaram qualquer responsabilidade no caso, destaca o jornal Libération.
Revolta das famílias das vítimas
O diário lembra que o caso foi arquivado em 2019, em favor da Airbus e da Air France, suscitando uma grande revolta por parte das famílias das vítimas. No entanto, foi reaberto em 2021, graças ao juiz francês Eric Halphen, especialista em casos complexos envolvendo políticos e grandes empresas. O magistrado concluiu que houve falta de ações da parte das duas gigantes da aeronáutica em relação ao congelamento das sondas Pitot, um problema que não era novo na aviação.
O Libération entrevistou Laurent Magnin, presidente da companhia XL Airways até 2010, e Marc Rochet, presidente da empresa Air Caraibes. Alguns meses antes do acidente com o AF 447, ambos se viram diante de problemas similares ao que causou o acidente do Airbus 330 em 2009.
Temendo tragédias, Magnin e Rochet decidiram substituir as sondas Pitot de suas aeronaves. Segundo eles, na época, a Direção Geral da Aviação Civil da França e a Airbus foram notificadas e sabiam do problema.
A Airbus e a Air France podem ser condenadas a pagar uma multa de até € 225 mil, caso o Tribunal Correcional de Paris decida responsabilizá-las pela tragédia. O valor é irrisório diante da magnitude desta tragédia, diz Libération.
O processo, que deve durar nove semanas, tem o objetivo de melhorar a segurança no setor da aviação. O diário diz esperar que não sejam exoneradas "as responsabilidades diante da catástrofe mais mortal da história da aviação francesa".
Via RFI / UOL
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