quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Por que precisa tirar a bagagem do passageiro que não embarcou no avião?

Vários motivos fazem com que uma mala viaje sozinha em um voo
no qual seu dono não está junto (Imagem: Yousef Alfuhigi/Unsplash)
Quem voa com frequência já deve ter enfrentado algum atraso devido a um passageiro ter feito o check in mas não embarcar. Quando isso acontece, a companhia aérea tem de remover a bagagem despachada do porão do avião.

Pode ser bem estranho alguém chegar ao aeroporto, despachar a mala e não ir para o seu destino, mas isso acontece às vezes e por diversos motivos.

A pessoa pode, por exemplo, ter passado mal na sala de embarque, se perdido no aeroporto ou não ter conseguido chegar a tempo no portão de embarque. Mas tem um motivo que é mais preocupante: a segurança.

Por que isso acontece? 


Retirar a mala do passageiro tem muito mais por trás do que garantir que ele permaneça com sua bagagem por perto caso não consiga embarcar. Tem a ver com os riscos que ela pode representar.

Um dos principais riscos de uma mala desacompanhada a bordo é o de conter uma bomba, como aconteceu no voo 103 da Pan Am, em 1988, onde uma maleta com explosivos foi detonada a bordo de um Boeing 747.

Em 1992, a companhia aérea foi condenada por negligência ao permitir que a mala, contendo um toca fitas com o explosivo dentro, fosse transferida de outro voo para o 103 sem o devido acompanhamento. A tragédia ficou conhecida como O Atentado de Lockerbie (Escócia) e resultou na morte de todas as 259 pessoas a bordo do avião além de 11 pessoas no solo.

Hoje, mesmo com vários mecanismos de segurança, como inspeção da bagagem e raio-X, diversos países mantêm essa prática para garantir mais um grau de segurança.

Não é regra


Uma bagagem pode viajar desacompanhada em algumas situações. Uma delas é quando é despachada como carga.

Nesse caso, ela tem de passar por inspeções diferenciadas para garantir a segurança. Esse é o procedimento com todas as cargas que vão nos aviões.

A mala do passageiro que ficou para trás, também poderá ser realocada em outro voo sem a presença dele. São os casos de malas extraviadas, nos quais os donos estão nos seus destinos aguardando que elas cheguem o quanto antes.

Nessa situação, não faria sentido impedir que ela voasse sozinha, já que não foi culpa do passageiro se separar dela.

Como encontrar uma mala?


Os maiores aeroportos do mundo processam milhares de bagagens diariamente. Para se localizar nesse mar de malas, existem sistemas automáticos que fazem todo o gerenciamento para onde cada uma tem de ser direcionada.

Sistema automatizado de leitura identifica as bagagens e as direciona para o voo correto
(Imagem: Alexandre Saconi)
No terminal 3 do aeroporto de Guarulhos (SP), por exemplo, o sistema que opera esse serviço é fornecido pela Sita (Sociedade Internacional de Telecomunicações Aeronáuticas).

De acordo com a empresa, ali, após o passageiro despachar a bagagem no guichê da companhia aérea, ela é etiquetada com um código que passará a identificá-la nas esteiras que a levarão até o avião e em qualquer lugar que ela passe.

Ao correr por essas esteiras, leitores automáticos identificam o código de barras de cada mala e fazem o direcionamento para os locais onde elas serão preparadas antes de embarcar no avião. Ao receber essa bagagem, um funcionário lê o código de barras dela e gera uma identificação junto ao contêiner onde ela será carregada antes de ser colocada no porão do avião.

A partir de então, ela recebe um número da sequência em que foi carregada naquele compartimento, tornando mais fácil sua localização.

Quando uma das bagagens precisa ser desembarcada, basta ler em qual contêiner ela está e sua posição para facilitar que seja encontrada. Por exemplo: A bagagem que precisa ser desembarcada está no contêiner 11, e foi a 25ª de um total de 40 que foram carregadas.

Contêiner com bagagens que serão embarcadas no avião: Sistema facilita localização
de mala a ser retirada (Imagem: Alexandre Saconi)
Com isso, basta remover aquele compartimento específico do avião e retirar as 15 malas que foram colocadas depois dela ali dentro.

Via Alexandre Saconi (UOL)

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