Um avião planador projetado para voos em Marte foi ao céu (aqui mesmo na Terra) preso a um balão, durante um teste realizado por engenheiros da Universidade do Arizona que avaliam as possibilidades de usar um veículo similar na exploração do Planeta Vermelho.
Quando o assunto são voos na atmosfera de Marte, o Ingenuity mostrou grande sucesso: projetado como uma mistura de drone e helicóptero, ele pousou no planeta no ano passado para realizar uma campanha de apenas cinco voos que foi mais que bem-sucedida. Ele atingiu e superou sua meta, e já se aproxima de quase 30 voos na atmosfera de nosso vizinho.
O helicóptero Ingenuity já completou seu 29º voo em Marte (Imagem: Reprodução/NASA/JPL-Caltech/ASU/MSSS) |
Mesmo com desempenho além de qualquer expectativa, o Ingenuity tem suas limitações, como a baixa altitude e a curta autonomia de voo: apenas 90 segundos. Assim, os pesquisadores do projeto acreditam que, se os planadores se mostrarem boas opções, eles podem voar mais longe e mais rápido com a velocidade do vento, que pode levá-los a altitudes ainda maiores em Marte.
Pensando nisso, a equipe criou um design preliminar de uma aeronave e o equipou em um balão de grande altitude. A ideia é que, em alguns meses, os pesquisadores testem novos aviões experimentais a 4.570 m acima do nível do mar, para aproveitar a atmosfera mais rarefeita e, portanto, mais parecida com a de Marte.
O avião proposto pelos pesquisadores poderia pesar 5 kg e estaria equipado com sensores e câmeras. Ele pode ser liberado no Planeta Vermelho para voar a algumas dezenas de metros sobre a superfície, tirando fotos em resolução maior que aquela conseguida pelos satélites em órbita e explorando regiões inacessíveis a rovers, como vulcões.
Protótipo do planador durante um teste de voo com balão (Foto: Reprodução/University of Arizona) |
O projeto final proposto sugere que o planador poderia mapear estruturas da superfície com resolução maior que 1m por pixel. Uma técnica conhecida como “flutuação dinâmica”, permitiria à aeronave se manter no ar por longos dias — quase como acontece com os albatrozes, que aproveitam velocidades horizontais do vento maiores quando estão a altas altitudes.
Por enquanto, o projeto ainda é preliminar e não recebeu apoio para ser desenvolvido e enviado a Marte. Mesmo assim, a equipe acredita que poderia deixar o planador pronto em apenas alguns anos, com custo de até US$ 100 milhões. “Uma vantagem definitiva desse conceito de planador em relação a outras propostas é a simplicidade”, ressaltaram os autores.
O artigo que descreve o projeto foi publicado na revista Aerospace.
Por Danielle Cassita | Editado por Rafael Rigues (Canaltech) - (Fonte: Aerospace - Via: University of Arizona)
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