sexta-feira, 21 de maio de 2021

Ita Transportes Aéreos inicia venda de passagens

Com dívida de R$ 2 bi, Itapemirim é autorizada a vender passagens e voar.

A brasileira Ita Transportes Aéreos começou a vender passagens hoje e já anunciou quais cidades atenderão o mercado nacional. O lançamento da Ita é iminente em um momento em que a América do Sul se prepara para ter uma nova companhia aérea, a primeira a voar oficialmente no ambiente pós-COVID na região. 

A Ita começará a voar no dia 29 de junho

É a contagem final


A Ita Transportes Aéreos inicia suas operações domésticas no próximo mês, nos dias 29 e 30 de junho. Naquela semana, a companhia aérea fará seu primeiro voo no dia 29 de junho, embora não tenha divulgado qual rota fará.

No dia 30 de junho, a Itaú iniciará oficialmente as operações em oito cidades brasileiras. Conforme noticiado pelo Correio Braziliense, essas cidades são:
  • Belo Horizonte-Confins
  • Brasilia
  • Curitiba
  • Porto Alegre
  • Porto Seguro
  • Rio de Janeiro-Galeão
  • Salvador
  • São Paulo/Guarulhos
Ela iniciará as operações com duas aeronaves A320. Dados da ch-aviation mostram que um deles é o PS-SPJ, um A320 de 15 anos, anteriormente operado pela Spanair e, mais recentemente, pela companhia aérea espanhola de baixo custo Vueling. Está registrado na Ita desde fevereiro deste ano e parece que em breve mais aeronaves serão acompanhadas.

O site ch-aviation mostra mais oito A320 programados para chegar ao Itaú nos próximos meses. Com idades entre sete e 17 anos, essas aeronaves já voaram para várias outras companhias aéreas antes de sua chegada ao Brasil. Três vieram da Turkish Airlines, dois da SilkAir e o restante da Volaris e IndiGo Airlines.

No início deste mês, a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) entregou à Ita o Certificado de Operador Aéreo (COA) . Além disso, a ANAC aprovou a concessão da Ita como operadora doméstica no Brasil. Essa etapa foi a última das cinco que a startup precisava antes de realmente se tornar uma companhia aérea.

A Ita planeja ter uma frota de 50 aeronaves Airbus A320
A Ita Transportes Aéreos tem um grande nome por trás de sua iniciativa, a Itapemirim. Embora talvez este nome não seja muito conhecido fora do Brasil, é a maior empresa de ônibus do país sul-americano. Há quase 70 anos, Itapemirim conecta brasileiros em todo o território.

Agora,  Itapemirim está saindo de um processo de falência de cinco anos, pronta para bater os brasileiros com uma nova companhia aérea. Conforme noticiado pela Reuters, Sidney Piva, presidente do Grupo Itapemirim, disse esta semana: “Temos a intenção de ser a maior companhia aérea do Brasil, com todo o respeito aos nossos concorrentes.”

A empresa espera crescer de dois aviões para dez no curto prazo e depois para 50. Mas, “não vamos parar apenas nessas 50 aeronaves; pretendemos multiplicar esse número várias vezes”, acrescentou Piva.

O caminho à frente para Ita será difícil. Azul, GOL e LATAM dominam fortemente o mercado doméstico brasileiro. Essas três operadoras detêm 99% do market share. Mesmo assim, há espaço para crescimento. Antes do COVID, o Brasil tinha 0,4 viagens anuais per capita, o que significa que a maioria dos brasileiros não entra em um avião uma vez por ano.

Mais cidades daqui para frente


A Ita Transportes Aéreos já possui mais cidades sob seu escopo. A partir de 1º de agosto, a companhia aérea planeja conectar mais seis destinos brasileiros. Estes são:
  • Recife
  • Maceió
  • Fortaleza
  • Florianópolis
  • Vitória
  • Natal
Até junho de 2022, a nova companhia aérea brasileira espera aumentar seu mapa de rotas e ter 35 destinos em todo o país. Como disse a companhia aérea no Facebook,

"Viajar é viver. E, para nós, é mais importante como chegar a algum lugar do que chegar lá. Depois de quase 70 anos carregando sonhos e pessoas, decidimos respirar um novo ar e ver o mundo de cima. A Itapemirim Transportes Aéreos chegou.”

Itapemirim já teve aérea de carga


Na década de 1990, a Itapemirim teve uma companhia aérea própria, que deixou de existir no início dos anos 2000. Operava prioritariamente aviões de carga, setor que já explorava na modalidade rodoviária. 

Boeing 727-100 da Itapemirim Cargo (Foto via Wikipedia)
Passageiros eram transportados em aviões Cessna Grand Caravan, com capacidade máxima de nove lugares. Em 2017, a Itapemirim anunciou a compra da Passaredo, que passava por um processo de recuperação há anos. 

Em agosto daquele ano, porém, a Justiça decretou o fim da recuperação judicial da Passaredo, e a empresa voltou atrás na negociação com a Itapemirim. Segundo a aérea, a companhia de transporte rodoviário descumpriu condições estabelecidas em contrato, o que teria feito o negócio não evoluir. 

Recuperação judicial e dívidas


A decisão de criar uma aérea também causou incômodo e desconfiança no mercado, porque o grupo Itapemirim está em recuperação judicial. O grupo, que controla a companhia aérea, deve mais de R$ 2 bilhões só em impostos, segundo relatório da administradora judicial responsável pelo processo, a EXM Partners. 
Além disso, devia R$ 167 milhões a credores em fevereiro.

Apesar das dívidas, a empresa gastou mais de R$ 29,6 milhões entre setembro de 2020 e março de 2021, com a criação da nova companhia aérea, ainda de acordo com a administradora judicial. Um valor semelhante (R$ 27,7 milhões) já foi pago aos credores até fevereiro, informou a Itapemirim. 

No ano de 2020, em ação questionando o ingresso da Itapemirim no mercado de aviação, a Justiça decidiu que a empresa tem liberdade para conduzir seus negócios, desde que respeite a recuperação judicial. 

A Itapemirim afirma que está cumprindo regularmente seu plano de recuperação e prevê que a Justiça poderá encerrá-lo ainda em maio, quando um juiz irá avaliar o caso. Além disso, diz que tem em torno de R$ 400 milhões em imóveis e outros ativos, que podem ser empenhados em caso de descumprimento de determinações judiciais. 

Em fevereiro de 2020, o presidente do grupo anunciou um aporte de US$ 500 milhões de um fundo dos Emirados Árabes Unidos. Até hoje, porém, não foi confirmado se esse dinheiro chegou à empresa, já que os termos do acordo são confidenciais.

Com Simple Flying e UOL - Imagens: Ita/Divulgação

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