domingo, 16 de maio de 2010

Máquina de body scan 'despirá' suspeitos em aeroporto de PE

O Aeroporto Internacional do Recife colocou em funcionamento um equipamento capaz de escanear uma pessoa e detectar se ela carrega explosivos, ingeriu cápsulas com drogas, porta alguma arma ou mesmo esconde dinheiro. O body-scan, como o aparelho é conhecido, utiliza raio x da mesma forma como é feita a visualização do conteúdo das bagagens que os passageiros levam para o embarque. A diferença é que ele permite ver a pessoa através da roupa e da pele.

A polêmica em torno do body-scan é conhecida. Quem não teme ser virtualmente despido ou mesmo se constrange com a ideia? A situação é minimizada pela Polícia Federal, encarregada de utilizar os aparelhos nos quatro aeroportos onde eles estarão em funcionamento (além do Recife, no Aeroporto do Galeão, Rio; no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo; e no Aeroporto de Manaus, no Amazonas).

"Apenas pessoas que levantarem suspeitas fundamentadas serão convidadas a passar no body-scan", afirma Paulo de Tarso, superintendente em Pernambuco. Além disso, a utilização do equipamento é rápida, individual e reservada, feita por agente do mesmo sexo do suspeito.

Quem quiser, poderá se recusar a atravessar um portal que lembra um grande aparelho de raio X hospitalar, afirma o delegado regional Marcello Diniz Cordeiro, especializado no combate ao crime organizado. No entanto, não poderá fugir da revista tradicional, mais constrangedora e mais demorada que os seis segundos que uma pessoa leva na esteira rolante do body-scan. "A depender do nível de suspeita, a pessoa tem de tirar toda a roupa e muitas vezes perde o voo", diz o delegado.

Segurança

Os quatro body-scan que até o fim do mês estarão em operação nos quatro aeroportos internacionais brasileiros foram doados pelo governo americano. Cada máquina representa um investimento superior a R$ 1,3 milhão. Os aparelhos são alemães, da marca Smiths Heimann.

Antes de começarem a funcionar no Brasil, os equipamentos foram inspecionados pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), que atestou serem inofensivos à saúde humana. "Durante os voos, por estar em elevadas altitudes, os passageiros recebem mais radiação do que a emitida pelo body-scan", afirma Paulo de Tarso.

O próprio superintendente da PF em Pernambuco testou o aparelho. Vestido com terno e gravata, a imagem da sua estrutura orgânica e óssea no aparelho permitiu identificar detalhes do que levava no corpo, como o distintivo da Polícia Federal, celular, relógio, caneta, chaves, a pistola Glock, munição sobressalente, fivela do cinto e mesmo seu esqueleto.

Embaraço

A ideia de passar por um aparelho e ser desnudada desagrada Andressa Fernandes, 29 anos. Embora concorde com as medidas de segurança, considera a hipótese de passar pelo body-scan constrangedora. "É muito invasivo", afirma. Diferente pensa o seu namorado, Ricardo Carle da Silva, 28 anos. "Revistas são normais, não tem nenhum problema."

A turista Rogéria Amaral, 50 anos, concorda com a necessidade de segurança nos aeroportos e diz que os métodos tradicionais de revista são falhos, e por isso o body-scan é, em sua opinião, adequado. "Os aeroportos brasileiros são de muito pouco movimento se considerarmos os aeroportos de Nova York e Chicago, por exemplo." Rogéria critica apenas a possibilidade dos agentes gravarem a imagem das pessoas que se submetem ao body-scan. "O ideal seria a imagem servir apenas para a revista", diz.

Utilidade

Equipamentos semelhantes são utilizados em vários países para reforçar a segurança em portos, aeroportos, estações ferroviárias e presídios, tais como os do Reino Unido, Peru, Equador, Argentina, Chile, e Colômbia.

A Polícia Federal negocia a compra de dois aparelhos para atender a outros dois aeroportos brasileiros como parte da estratégia de aperfeiçoamento da segurança do transporte aéreo e preparação do País para a realização da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Fonte e fotos: Celso Calheiros (Terra)

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