domingo, 23 de maio de 2010

Aeroporto de Seul é o anti-Cumbica

Eleito por cinco anos consecutivos como o melhor do mundo, Incheon faz desembarque em apenas 13 minutos

Software informa horas pico e organiza equipes; passageiros passam por imigração com digitais, sem preencher fichas

Hall do aeroporto de Incheon, em Seul, que recebe 30 milhões de passageiros por ano, mas tem capacidade para 44 milhões; ampliação em estudo permitirá uso por 62 milhões

Com três dias de antecedência, as equipes de imigração e alfândega do aeroporto internacional de Seul sabem quais serão as horas de pico de chegada e embarque e os guichês são ocupados para evitar qualquer fila.

Um programa de computador é atualizado diariamente pelas companhias aéreas, que informam a previsão do número de passageiros dos voos nos dias seguintes. Com equipes flexíveis, se mais gente é esperada no desembarque, é para lá que os funcionários vão.

Um passageiro gasta em média 13 minutos somando imigração e alfândega ao desembarcar e 16 minutos na hora de embarque (a média internacional é 45 minutos e 60 minutos respectivamente, mas em Cumbica a chegada ultrapassa os 90 min).

Por cinco anos consecutivos, o aeroporto de Seul recebeu o prêmio de melhor aeroporto do mundo pelo Conselho Internacional de Aeroportos, a partir de pesquisas de satisfação de passageiros.

Tudo o que a Infraero nem sonha em oferecer ao usuário brasileiro reluz em Seul.

Para evitar longas filas de passageiros do próprio país no desembarque, a administração começou a gravar as digitais dos passageiros coreanos. Na chegada, eles tocam uma tela (como as usadas por alguns prédios comerciais no Brasil) e são liberados, sem preencher fichas.

"Os coreanos passam direto e assim sobra mais pessoal para receber os visitantes estrangeiros", diz o vice-diretor do Departamento de Imigração, Weol Soo Kim. "Desde 2001, o número de passageiros dobrou, mas nossa equipe é a mesma".

Self-Service

O autoatendimento é comum no aeroporto. Há terminais com telas sensíveis ao toque (touch screen) com informações em coreano, inglês, chinês e japonês, que são usados no check-in e até para oferecer sinalização aos passageiros.

Com a leitura do código de barras de seu cartão de embarque, você é informado de onde é o seu portão de embarque e quantos minutos você leva para chegar lá.

As linhas aéreas estão agrupadas pelas alianças a que pertencem (Star Alliance, Sky Team e One World). Por compartilhar códigos, elas se socorrem em momentos de grande demanda.

Nos 23 carrosséis para a entrega de bagagens, a primeira mala chega em média 10 minutos após a aterrissagem. O sistema de entrega é formado por 88 km de esteiras, que incluem até carrinhos por onde as malas deslizam como em uma montanha russa.

Desenvolvido pela alemã Siemens e operado pela coreana Poscon, o sistema custou US$ 375 milhões.

As bagagens percorrem 21 km de esteiras a 90 metros por minuto e os demais 67 km a 420 metros por minuto. O número de malas desviadas é o menor entre grandes aeroportos do mundo, de 0,29 por 10 mil peças (em Londres, é de 10 por 100 mil).

Apesar de 55 km distante do centro de Seul, um trem a 120 km/h liga o terminal ao centro em 28 minutos. As estações do trem são ligadas às de metrô na cidade.

O planejamento a longo prazo vem desde a inauguração, em 2001, na cidade-satélite de Incheon, que dá nome ao aeroporto, instalado em uma ilha criada por aterros.

À época, recebia 17 milhões de passageiros, mas tinha capacidade para 44 milhões. Hoje são 30 milhões, mas estuda uma ampliação para 62 milhões.

Fonte: Raul Juste Lores (jornal Folha de S.Paulo) - Foto:Divulgação/Incheon

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