domingo, 20 de setembro de 2009

Narcotráfico: Chávez estuda a derrubada de aeronaves suspeitas e ignora relatório dos EUA

Venezuela e Bolívia reprovados na guerra às drogas pelo país de maior consumo: EUA

Ontem, durante entrevista coletiva, o presidente venezuelano Hugo Chávez, contrariado, não quis comentar o relatório dos EUA sobre drogas ilícitas, no que toca à Venezuela.

Pelo relatório, a Venezuela está entre os países que menos contribuíram na luta contra o narcotráfico. E os EUA usam o relatório para pressionar Chávez a dotar o seu país, como acontece com a Colômbia, Peru e Brasil, com legislação que autorize o abate de aeronaves sob suspeita de carregamento de drogas proibidas.

A Venezuela foi reprovada pelo governo dos EUA e, no relatório que foi enviado ao Congresso norte-americano, aparece ao lado da Bolívia e da Birmânia (Mianmar), esta última uma velha e conhecida narcoditadura militar. Apesar da reprovação, não haverá sanção econômica para a Venezuela, ao contrário da Birmânia, que, há mais de dez anos, aparece nos relatórios e, por especialistas internacionais, é considerada um narcoestado.

Na coletiva, Chávez disse, apenas, que estuda, à luz do direito internacional, legislações, como a brasileira, que autorizam o abate de aeronaves sob suspeita e cujos pilotos não atendem ordens para aterrar. Sobre tráfico de drogas, lembrou Chávez que os norte-americanos são os maiores consumidores do planeta e o governo dos EUA não consegue reduzir a demanda.

A lei brasileira, no particular, consagra a pena de morte. É inconstitucional. No Brasil, foi objeto de pressão norte-americana. A lei, não sancionada por Fernando Henrique que preferiu engaveta-la, acabou recebendo a aprovação de Lula, apesar da flagrante inconstitucionalidade.

Fora isso tudo, uma aeronave pode ser perseguida, até aterrar.

A autonomia de vôo é limitada. No caso de prisão do piloto, ele poderá se tornar um colaborador de Justiça e fazer revelações importantes. Como todos os céus, a lua e as estrelas sabem, o potente narcotraficante nunca estará na aeronave, mas em terra.

O Brasil mantém, com relação ao tráfico de drogas, cooperação com todos os países das Américas. Portanto, por meio de cooperação, o avião suspeito, caso deixe o espaço aéreo brasileiro, poderá ser perseguido por avião de país amigo.

Convém frisar que o sistema operado pelos EUA, por meio do Comando Sul, detecta e avisa sobre aeronaves suspeitas e coloca os países que estariam na rota da aeronave em alerta.

Assim, não haveria risco de se perder de vista a aeronave suspeita, que, frise-se, poderia ser bombardeada com tinta, isto para ser identificada de forma induvidosa ao aterrar.

No Peru, um avião suspeito já foi bombardeado, com trágico resultado. No seu interior estava uma religiosa com o filho de poucos meses. A mãe e o filho morreram em razão da queda do pequeno avião. Mais ainda, não havia, no avião abatido, drogas ou vestígios delas. No caso, o piloto era inexperiente e se assustou, situação essa agravada pelo fato de o equipamento de rádio não funcionar.

PANO RÁPIDO

A Venezuela entrou na lista norte-americana dos países que não colaboram na luta contra as drogas proibidas por mera represália.

No ano de 2005, o presidente Chávez expulsou agentes da agência norte-americana de drogas (DEA), por bisbilhotagem política: a DEA é conhecida por se dedicar a espionagem no campo político e os seus agentes chegam aos países a título de cooperação na luta contra o tráfico de drogas.

Agentes da DEA, do FBI e da CIA, no Brasil, já bisbilhotaram. À época, o presidente era Fernando Henrique Cardoso.

Um ex-agente do serviço de espionagem da embaixada norte-americana, Carlos Costa, fez revelação sobre a atuação dos espiões e destacou como eram feitos os grampos realizados no palácio do Planalto.

Fonte: Wálter Fanganiello Maierovitch (Blog Sem Fronteiras)

Nenhum comentário: