Sem se identificar, o piloto deu entrevista ao jornal francês 'Le Figaro'.
Um importante relato testemunhal pode levar os investigadores franceses que buscam explicar o acidente com o voo 447, que caiu no oceano Atlântico, a descartar a possibilidade de falha humana por parte da tripulação. O piloto do voo 459 da mesma Air France, que partiu de São Paulo quase no mesmo horário do 447, passou pela região do acidente vinte minutos depois do Airbus que caiu. Em entrevista exclusiva ao jornal francês "Le Figaro", sob anonimato, ele narrou o que se passou com sua aeronave ao passar pela tempestade, e defendeu os colegas que tripulavam o 447.
"As fotos de satélite eram claras desde a decolagem, e qualquer piloto é capaz de usar seu radar", disse. Ele alega que as imagens recebidas antes de partir de São Paulo não traziam nada de inquietante, pois as tempestades "são condições muito frequentes naquela região".
Mesmo assim, ao chegar na chamada Zona de Convergência Intertropical, ele preferiu aumentar a sensibilidade do radar meteorológico, o que o fez perceber que havia regiões mais perigosas no caminho traçado pelo plano de voo. "Esta mudança nos permitiu evitar uma grande massa de nuvens que não teríamos identificado se o radar estivesse no modo automático. Diferentemente do 447, o piloto ouvido pelo jornal preferiu fazer uma manobra para evitar o centro da tempestade, e fez um desvio de 126 quilômetros, conta o "Figaro".
"Era uma massa de nuvens difícil de detectar, pois não havia relâmpagos", disse um de seus copilotos à mesma publicação. O piloto defendeu outra vez os colegas do 447 alegando que não aumentar a sensibilidade do radar é algo comum, já que esta mudança torna as informações mais confusas na tela. "É certo que nem todo mundo faz isso", disse.
Ao passar pela zona da tempestade, após desviar, o piloto diz que não percebeu nada de anormal. "As condições de voo eram normais, e não escutamos nada na frequência de emergência", disse, alegando não ter tido nenhum contato com o voo 447, nem mesmo depois que os controladores de voo quando chegaram próximo das Ilhas Canárias. Somente quando pousou no aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, a tripulação ficou sabendo do desaparecimento do voo 447.
A tripulação do voo 459 alega que redigiu um relatório sobre a segurança de voo, que foi entregue às autoridades. Eles dizem, entretanto, que mesmo assim ainda não foram ouvidos pelos investigadores do Escritório de Investigação e Análises da França (BEA), órgão responsável pelas investigações.
Fonte: G1 - Imagem: Reprodução/Le Figaro
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