quarta-feira, 24 de junho de 2009

Menina sobrevive a arma química

Os médicos militares norte-americanos viram com horror a máscara de oxigênio começar a derreter no rosto da menina afegã. A pele da garota de 8 anos estava fumegando por causa do fósforo branco, uma substância química letal.

Seu cabelo fora queimado. Seu rosto, cabeça, pescoço e braços estavam tostados. Quando os médicos tentaram arrancar o tecido morto, chamas apareceram. Mais de 15 cirurgias depois, Razia deve sair hoje do hospital militar norte-americano em Bagram.

Ataque com fósforo branco: substância queima até os ossos

Ela voltou a sorrir, aprendeu a dizer “sorvete” em inglês e brinca com as enfermeiras. Mas sua pele vai permanecer com cicatrizes, seu cabelo nunca mais vai crescer e o mistério por trás da tragédia enfrentada por ela continua sem solução: quem lançou o fósforo branco?

Razia tinha acabado seu café da manhã no dia 14 de março quando forças dos EUA, França e do Afeganistão surgiram perto de sua vila, ao norte de Cabul. Abdul Aziz, pai de nove filhos, disse para suas crianças entrarem em casa. Mas duas bombas atingiram a residência. As chamas tomaram Razia.

Aziz jogou um balde de água sobre a filha, mas a substância química continuou a queimar. Aziz levou Razia para soldados afegãos perto de casa, mas eles não podiam fazer nada. Um veículo levou Aziz e a filha para uma base francesa próxima.

Um helicóptero norte-americano desceu na base para pegar Razia. O médico, sargento Stephen Park, olhou na ambulância e viu a menina. “A primeira coisa que eu disse a eles foi ‘ela ainda está viva?’”

Park pegou a menina e falou para os pilotos irem o mais rápido possível. Eles chegaram à sala de cirurgia do hospital, em Bagram, apenas duas horas depois do incidente.

O capitão e pediatra Autumn Richards – a primeira pessoa a ver Razia na sala de operação – não achou que ela viveria. Um pó branco cobria sua pele e chamas saíam de seu corpo. Ela sobreviveu, mas as cicatrizes ficrão para sempre.

Os funcionários do hospital perguntam-se s Razia algum dia terá uma vida normal no Afeganistão, onde camponesas são definidas pelo casamento que conseguem. No hospital, Aziz ouviu um policial dizer a outro: “Ninguém vai casar com ela”.

O fósforo branco queima até o fim. Pode queimar até os ossos. EUA e a Otan usam fósforo branco para iluminar alvos e criar cortinas de fumaça, mas dizem que não usam a substância como arma. O fósforo branco não é proibido pela lei internacional.

Fonte: Agência Estado

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