Enquanto aguarda aprovação final do Cade e da Anac, companhia investe em novos trechos
À espera da aprovação final do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a fusão com a Trip, a Azul já contabiliza os primeiros passos da união. Segundo o diretor de Comunicação, Marca e Produto da Azul, Gianfranco Beting, a fusão estabelece a terceira força da aviação comercial brasileira, capaz de enfrentar o duopólio TAM-Gol.
Juntas, Azul e Trip transportam por mês 1,7 milhão de passageiros e no próximo dia 20 chegarão a 101 cidades atendidas, com um novo destino, Pelotas. Beting disse que o mercado brasileiro deverá continuar em expansão em 2013.
No entanto, para crescer mais, é preciso melhorar a infraestrutura nos aeroportos. Ele elogiou a nova administração em Viracopos, em Campinas (SP), com o trabalho dos novos administradores, o consócio Aeroportos Brasil.
Para Beting, o modelo das duas empresas, no qual aeronaves regionais voam até grandes aeroportos e conectam estes aos grandes centros, é um formato que torna a Azul-Trip competitiva no mercado brasileiro.
Fusão da Azul com a Trip cria terceira força da aviação comercial no Brasil - Foto: Divulgação/Azul
“A malha está muito robusta e vem sendo trabalhada no sentido de eliminar sobreposições, racionalizar a oferta. Com isso, pudemos desenvolver novos horários, criar novos voos e fazer modificações que geram frutos e dividendos palpáveis”, diz.
Segundo ele, foi feito um estudo da oferta da Trip em Guarulhos e da Azul em Campinas, remanejando voos de um aeroporto para outro e fortalecendo as duas operações. Beting afirma que a companhia já tem uma operação respeitada em Guarulhos, ao mesmo tempo que fortaleceu o hub(centro de distribuição de voos) de Viracopos.
“Na semana que vem vamos adicionar sete destinos sem escalas a Viracopos. O aeroporto vai chegar a 50 destinos, sem escalas. De longe é o aeroporto com o maior número de cidades servidas sem escalas na aviação comercial brasileira”, adiantou.
Mercado em crescimento
O executivo da Azul acredita que o mercado brasileiro de aviação comercial não terá números tão vigorosos em 2013, mas continuará em expansão. “O que é melhor: chorar porque o mercado estava crescendo 17% e vai crescer 12% ou comemorar que estamos crescendo 12%? O mercado conseguiu esse ‘desgarramento’ do PIB. Antes a conta era multiplicar o PIB por três para projetar o crescimento da indústria, quando ainda havia pibão”.
Para ele, “o mercado continuará crescendo e a Azul e a Trip estão bem posicionadas para absorver boa parte desse crescimento”, assinalou.
Quanto ao aumento de preços nas passagens, movimento que o setor considera, Beting prefere dizer que pode acontecer uma recomposição. Isso porque os insumos básicos, sobretudo combustível, que responde entre 35% a 40% dos custos, não dão sinais de queda.
“A indústria teve um ‘desaparecimento’ de 40% do preço nos últimos 10 anos. Acredito que essa recomposição é uma tendência. O preço mais acessível é possível sobretudo pelos ganhos de eficiência do setor. O que contamina o segmento é a questão da infraestrutura. O gargalo está aí”, alerta.
Sobre a concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas, Beting diz que a operação “vem mudando da água para o vinho”. Para ele, o sistema vai ficar um pouco mais caro. “Mas há um entendimento de que melhorias não virão de graça. Com aeroportos mais robustos, mais gente vai voar e mais impostos serão arrecadados.”
Fonte: Érica Ribeiro (Brasil Econômico)