Raio atinge torre da plataforma de lançamento do foguete Falcon Heavy, da SpaceX (Imagem: Reprodução/@SERobinsonJr) |
Estava tudo pronto no icônico complexo 39A do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, na Flórida (EUA). Sol, céu azul, poucas nuvens e um calor de rachar tomavam o horizonte do Cabo Canaveral.
Os ânimos eram altos: eu estava no mesmo lugar de onde algumas das principais missões da Nasa, como as do programa Apollo, da Skylab e do Ônibus Espacial. Durante a tarde, os jornalistas convidados seguiram até a plataforma de lançamento — o mais perto possível que se podia chegar.
Lá estava ele, Falcon Heavy, o foguete mais poderoso do mundo em operação comercial, fabricado pela SpaceX. Seria o sexto voo dele desde 2018, e o segundo deste ano — o foguete SLS, da Nasa, o superou no ano passado, mas só teve um lançamento até o momento: a missão Artemis 1.
Este seria um de seus voos mais agressivos: consumiria todo o combustível dos três propulsores — não sobraria para as manobras de retorno, por isso nenhum seria recuperado, já que cairiam no mar logo após cumprirem seu trabalho.
Todos estavam prontos para ver o voo do falcão levando ao espaço o satélite ViaSat-3 Américas, criado com a missão de disponibilizar internet de banda larga para todas as Américas (sim, o Brasil está na lista).
Por volta das 16h, porém, tudo começou a mudar. Nuvens mais escuras se aproximavam, seguidas por uma leve garoa. Foi o sinal de alerta de que o lançamento poderia ser adiado pela segunda vez nesta semana.
A saber: um avião até pode decolar em uma tempestade. Um foguete, não. Nuvens congeladas e descargas elétricas podem atrapalhar o funcionamento dos motores e até tirar o foguete levemente de curso. Mesmo um pequeno desvio pode ser catastrófico para o posicionamento final do satélite em órbita.
Se o risco é alto, que dirá quando a própria operação custou cerca de US$ 97 milhões, como no caso da ViaSat.
Quando o lançamento finalmente ocorrer, o satélite se desdobrará no espaço, assim como aconteceu com o telescópio James Webb, a 35.700 km de altitude. Ele pesa 6 toneladas e mede 45 metros de envergadura.
Sendo assim, mudar o ViaSat-3 de órbita, um centímetro que seja, custaria ainda caro.
Chuva e ameaça de tornado na estação de lançamento do Cabo Canaveral adia lançamento de ViaSat-3 América pela 2ª vez (Imagem: Marcella Duarte/UOL Tilt) |
Então começaram os raios, o céu ficou cinza, o chuvisco virou uma tempestade, com ventos que curvavam coqueiros. Mais alguns minutos e meu celular apitou: "Alerta de tornado".
Wild light show down there! pic.twitter.com/Z4L0YgR7G4
— AC (@ACinPhilly) April 27, 2023
Me abriguei em um prédio da Nasa com mais algumas pessoas.
👀 ⚡️🌪
— S.E. Robinson, Jr. (@SERobinsonJr) April 28, 2023
Lighting striking the launch tower and tornado warnings? Yeah, @SpaceX Falcon Heavy launch is scrubbed. Hopefully we can go tomorrow. pic.twitter.com/RWQ49KO7jt
E veio a confirmação final: lançamento adiado devido ao clima desfavorável. O plano da SpaceX é realizá-lo na noite desta sexta-feira (28).
Alerta de tornado recebido antes do horário do lançamento do ViaSat-3 (Imagem: Marcella Duarte/UOL Tilt) |
Isso acontecerá só se o tempo melhorar. Alguns locais me disseram que a Flórida é assim mesmo, inconstante: com chuva, muitos raios e até um quase tornado.
Due to unfavorable weather, the team is standing down from tonight’s Falcon Heavy launch of @ViasatInc’s ViaSat-3 Americas mission; backup opportunity is available tomorrow → https://t.co/ulZth3yuU5
— SpaceX (@SpaceX) April 27, 2023
Via Marcella Duarte (Tilt/UOL)
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