Grande parte da frota mundial de aviões pertence a empresas de leasing. Na foto, a cabine de comando do Airbus A320 (Imagem: Divulgação/Airbus) |
Você sabia que nem sempre o avião em que está voando pertence à companhia aérea que escolheu? Mas isso não quer dizer que a empresa esteja quebrando ou que você esteja sendo enganado. Devido aos altos custos de compra dos aviões, entre outros motivos, muitas aéreas optam por realizar o leasing, também chamado de arrendamento mercantil, uma espécie de aluguel.
Mediante um pagamento mensal, as empresas podem alugar o avião que melhor se encaixa em seu modelo de negócio e trocar por outro quando achar melhor, mas sem ser dona da aeronave.
Aluguel de motor
Esse arrendamento pode ser do avião inteiro, só de seu corpo ou só do motor, que também custa caro. Nesse último caso, quando ele fica velho, ou um mais econômico surge no mercado, a operadora da aeronave pode escolher trocar o modelo por um mais recente, sem precisar devolver o avião inteiro.
A maior empresa de leasing do mundo é a AerCap, sediada em Dublin' (Irlanda). Segundo levantamento do site de aviação ch-aviation a pedido do UOL, a AerCap possui 1.116 aviões. Mesmo com toda essa frota, ela não realiza nenhuma rota com os aviões, sendo especializada apenas em arrendá-los. Seus ativos são estimados em cerca de R$ 233 bilhões. No Brasil, a empresa tem contratos com Azul, Gol e Latam.
Maiores empresas de leasing
Por aqui, companhias de leasing têm 363 aviões de médio e grande porte sendo operados por empresas e frotas particulares. Ainda segundo o ch-aviation, a empresa do setor com maior presença no país é a Gecas, braço de leasing aeronáutico da General Eletric, com 45 aviões arrendados para companhias aéreas, seguida pela AerCap, com 42 unidades.
No Brasil, as empresas com maior quantidade de aviões em leasing são, respectivamente, Azul (138 aviões), Gol (125) e Latam (51).
No mundo, o ranking das maiores empresas de arrendamento é o seguinte:
- AerCap -- 1.116
- Gecas -- 1.087
- Avolon -- 575
- Nordic Aviation Capital -- 477
- Air Lease Corporation -- 441
- BBAM -- 435
- BOC Aviation -- 434
- SMBC Aviation Capital -- 429
- DAE Capital -- 374
- Aviation Capital Group -- 358
Gigante do setor
Em março de 2021, a AerCap anunciou a aquisição da Gecas. A soma da frota das duas empresas passa de 2.200 aviões, sem considerar ainda uma frota de 300 helicópteros vindos da Gecas.
A nova companhia também passará a ter 900 motores em seu catálogo de leasing, segundo a empresa de análise de dados de aviação Cirium. Essa é uma outra fatia importante do mercado de aviação, pois um motor pode chegar a custar mais de R$ 180 milhões.
Aviões da Airbus e Boeing, por exemplo, podem aceitar diferentes tipos de motor, o que permite que sejam comprados separadamente em busca de preços e condições melhores.
Para a Cirium, a nova gigante do setor também terá vantagens na negociação de compra e leasing do A320 da Airbus, já que se tornará a maior proprietária do modelo no mundo. São 580 desses aviões operacionais e mais 320 aguardando para entrar em atividade apenas na AeCap/Gecas.
Não é melhor comprar?
Segundo Larissa Paganelli Torelli, advogada especialista em direito aeronáutico do escritório Montgomery e Associados, essa modalidade de contrato tem vantagens e desvantagens. "Cada caso deve ser analisado dentro da realidade operacional e financeira de cada empresa aérea", diz.
Entre as vantagens, destacam-se:
- Menor custo imediato para a empresa com o leasing;
- Possibilidade de renovação da frota em menor tempo e, consequentemente, possível redução dos custos com combustível e manutenção da frota, considerando que as aeronaves mais modernas tendem a ser mais econômicas. Além disso, aviões mais novos garantem uma melhor experiência e são mais bem avaliados pelos passageiros;
- Os impostos do leasing são menores do que os que incidem sobre a compra.
Já entre as desvantagens, Torelli aponta a necessidade de manter as obrigações contratuais e pagamentos mesmo que a companhia aérea esteja sem operar ou realizando menos voos por causa de alguma crise.
Além disso, ao final do contrato, na maioria dos casos, o avião é devolvido, e a companhia aérea fica sem a aeronave.
Via Alexandre Saconi (Colaboração para o UOL)
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