terça-feira, 23 de julho de 2013

Eficiência da tripulação evitou mortes em acidente da Asiana

Da próxima vez que você estiver em um avião na decolagem ou no pouso, olhe para a comissária de bordo no assento dobrável, que parece perdida em pensamentos.

Leslie Mayo, que é comissária há mais de 26 anos, disse que é provável que a (ou o) profissional esteja fazendo mentalmente a "revisão de 30 segundos que foi incutida em nossas cabeças".

"Se você vir algum de nós sentado ali, olhando para o espaço, provavelmente estamos revendo aquelas instruções de segurança. Você avalia a cabine e pensa: se for necessário esvaziar a aeronave, quem irá me ajudar? Quem serão os mais úteis e calmos em uma situação em que precisarei da ajuda dos passageiros?", disse Mayo.

Avião sofre acidente durante pouso de emergência no 
aeroporto de São Francisco, na Califórnia, Estados Unidos

Enquanto os investigadores trabalham para determinar a causa da queda do voo 214 da Asiana, que matou três pessoas e feriu mais de 180 no Aeroporto Internacional de São Francisco em 6 de julho, as pessoas que têm experiência em segurança da aviação balançam as cabeças com espanto.  

Como tantas pessoas conseguiram sair vivas do avião?

Os comissários do voo da Asiana ganharam muitos elogios por seu desempenho. Eles precisaram de apenas 90 segundos para tirar todo mundo do avião, que levava 291 passageiros e 16 tripulantes.

A retirada também teve a ajuda de alguns passageiros que permaneceram calmos em um avião em chamas, cheio de fumaça, com a cauda partida e vários de seus escorregadores de emergência com defeito.

Para os passageiros, algumas lições básicas foram reforçadas. Essas incluem seguir as instruções dos membros da tripulação em uma emergência e a importância suprema do que os especialistas em segurança chamam de consciência da situação. Habitualmente, em qualquer voo, devemos saber com precisão onde ficam as portas de saída que os comissários insistem em mostrar durante as demonstrações de segurança, geralmente ignoradas.

Outras lições reforçadas foram a importância da segurança do desenho da cabine, uma iniciativa que ajudou a reduzir muito as mortes.

Mas novas questões estão surgindo sobre algumas características do projeto do Boeing 777, com sua fuselagem larga.

A Comissão Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA vai examinar atentamente se algumas poltronas da classe econômica saíram dos trilhos ou se sofreram danos inaceitáveis com o impacto e por que dois dos escorregadores de emergência infláveis aparentemente abriram dentro da cabine, prendendo várias pessoas até que a tripulação encontrasse um machado para os desinflar.

Posses

Alguns passageiros do avião da Asiana escorregaram em segurança levando suas sacolas e outras posses pessoais.

"Fiquei surpreso, e talvez um pouco decepcionado, com as fotos e gravações de pessoas que deixaram o avião com seus pertences", disse Patrick Smith, piloto de avião que faz voos internacionais e tem o blog Askthepilot.com.

"Arrastar uma sacola pelo corredor durante um esvaziamento de emergência, quando segundos podem significar a diferença entre a vida e a morte, é absurdo, porque põe em risco não apenas a sua vida, como a das pessoas que vêm atrás."

Lee Yoon-hye, a comissária-chefe do voo 214, sofreu uma fratura no cóccix, mas combateu as chamas e ajudou a tirar as pessoas pelos escorregadores que funcionavam.

"Eu só pensava em salvar o próximo passageiro", disse. Ela foi a última pessoa a deixar o avião.

Fonte: Joe Sharkey (The New York Times) - Foto: Noah Berger (Associated Press)

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