A despeito do número de incidentes aéreos, ainda é seguro voar no Brasil -assim como no mundo, de modo geral, quando se trata de transporte regular de passageiros.
Dados compilados pela Boeing apontam que, entre 2002 e 2011, a taxa no mundo foi de 0,34 acidentes fatais para um total de 174,2 milhões de decolagens.
Muitíssimo mais provável morrer em acidente de trânsito (1 em 85) do que em um desastre aéreo (1 em 5.862), atesta o NTSB, o conselho nacional de segurança dos transportes dos EUA.
Por trás da segurança está a evolução da indústria: aviões com sistemas mais redundantes (se um falhar, há outro de reserva), pilotos mais bem treinados e dispositivos de navegação mais precisos.
Investigação
Outra característica ajuda. Pela natureza das investigações de acidentes aéreos, um desastre evita que outro aconteça nas mesmas circunstâncias. É como se, a cada tragédia, voar ficasse mais seguro.
No Brasil, o risco está na aviação não regular -pequenos aviões particulares, táxis aéreos e helicópteros que cruzam o país. Os acidentes nessa categoria subiram 15% em 2012, segundo dados da Anac.
Pilotos com habilitação vencida, manutenção inadequada e fiscalização insuficiente contribuem para tal.
Apesar da situação atual, os incidentes são indícios de que convém não descuidar. Isso inclui monitoramento contínuo da Anac sobre questões que incluem saber até se os pilotos voam cansados.
Tudo porque, grosso modo, um acidente aéreo é a soma de vários incidentes.
Eis o desastre do Airbus A330 da Air France, em 2009: o piloto foi em direção a uma área de turbulência severa (fator 1), os sensores externos de altura e velocidade congelaram (2), o computador de bordo passou a dar ordens inconsistentes para o avião (3), os pilotos não souberam reagir (4) porque não haviam sido treinados para tal (5) -só para citar alguns dos fatores.
Isoladas, essas falhas dificilmente derrubariam o avião. Em sequência, causaram a morte de 228 pessoas.
Por: Ricardo Gallo (jornal Folha de S.Paulo)
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