Um grupo de 18 trabalhadores do aeroporto JFK, de Nova Iorque, foi detido e acusado de ter roubado, nos últimos meses, produtos avaliados em mais de 750 mil dólares, incluindo mais de 100 mil garrafinhas de bebidas alcoólicas. E nos EUA, não é só o saque do bando que está em causa, é também a segurança aeroportuária.
Nos tempos em que os 'costs' eram pouco 'low', não havia pudor em pegar "uma lembrancinha" da viagem de avião: tudo o que era miniatura de bem consumível saltava fronteiras nos bolsos dos passageiros, talheres incluídos. Agora, no pós-11 de setembro e na era das low-cost em que levamos pouco mais que a roupa do corpo, as oportunidades de levar brindes do voo são menores. Mas 18 trabalhadores do aeroporto JFK, em Nova Iorque, parecem ter decidido dar a volta a este karma do viajante. E isso, em seu próprio benefício: teriam surripiado, nos últimos cinco meses, mais de 100 mil das famosas garrafinhas de bebidas alcoólicas dos voos da American Airlines, além de vários produtos das lojas duty-free, entre frascos de perfume e pacotes de maços de cigarro. A acusação avalia o total roubado em 750 mil dólares.
O procurador-geral de Queens anunciou a detenção e a acusação dos funcionários, entre caminhoneiros e seguranças, acusados dos desvios, sendo três deles já ex-trabalhadores. O grupo foi descoberto na sequência de uma busca da Autoridade Portuária de Nova Iorque à casa de um deles, que guardaria centenas de garrafinhas de bebidas alcoólicas e dezenas de milhares de dólares em dinheiro em sacos de lixo - entre 500 e 600 sacos cheios de materiais desaparecidos após a chegada dos voos da American Airlines ao JFK.
Segundo a CNN, a forma de saída das garrafas e outros itens dos aviões e, depois, do aeroporto, era exatamente através de sacos de lixo - as garrafas não consumidas, ao invés de voltarem aos armazéns da LSG Sky Chefs (a empresa de catering da American Airlines), eram escondidas em sacos nos caminhões de transporte. E o controle desse movimento estaria também ultrapassado, através de alegado suborno a alguns seguranças das instalações. A partir daí, as garrafas eram vendidas e revendidas, processo que a polícia teria testemunhado durante uma operação infiltrada.
Alguns títulos da imprensa norte-americana não resistem aos trocadilhos ao estilo "enorme rede de tráfico de mini-garrafas", mas espelham, sobretudo, a preocupação com as brechas aparentemente fáceis de abrir numa das cidades e dos países do mundo mais preocupados com a segurança. "Os réus detidos na "Operação Last Call" violaram e venderam a sua posição de confiança e acesso às áreas mais seguras do aeroporto, incluindo acessos à aviação comercial, tudo isto por ganância pessoal", disse Robert Van Etten, inspetor-geral da Autoridade Portuária de Nova Iorque e Nova Jérsei.
Os acusados podem agora ser condenados a penas que vão dos sete aos 15 anos de prisão. A operação policial foi batizada com uma designação à medida da temática: "Última Chamada".
Fontes: fugas.publico.pt / ABC - Fotos: Natalie Keyssar for The Wall Street Journal / Queens County District Attorney's Office
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