terça-feira, 20 de abril de 2010

Nasa já voou sobre fumaça vulcânica; veja estragos

Voo da agência num DC-8 há 10 anos causou uma série de danos às peças do avião

Ao acompanhar as notícias do Eyjafjallajökull (caso não tenha entendido, este é o nome do vulcão islandês), você deve se perguntar por que as cinzas emitidas por ele atrapalham tanto os voos na Europa e até alguns no norte do Canadá se aviões podem operar com a ajuda de instrumentos em meio a tempestades, neblina e outras tantas intempéries.

A fumaça quente pode prejudicar a parte externa das aeronaves. E a dificuldade para visualizar com as cinzas no ar faz com que os pilotos não saibam exatamente onde está o objeto que eles deverão evitar. As cinzas vulcânicas causam uma série de problemas diferentes, principalmente para o motor das aeronaves. Isso tudo já foi testado na prática por um voo da Nasa.

Peça do motor do avião da Nasa ficou recoberta com camada de silicato

Sem querer, a Agência espacial Americana testou os efeitos há 10 anos, quando uma aeronave DC-8 passou por uma nuvem de fumaça de outro vulcão islandês, o Mt. Hekla. A tripulação não conseguiu enxergar a fumaça antes de entrar nela, mas conseguiu retirar o avião de lá e chegar ao destino sem danos aparentes.

Componentes do DC-8 grande desgaste após serem atingidos pela fumaça

No entanto, uma inspeção mais minuciosa, revelou todo o desgate causado pelas cinzas e o perigo que elas representam. As pás da hélice foram drasticamente esculpidas, os componentes de refrigeração foram obstruídos por fuligem viscosa e a parte interna do motor foi coberta de silicato (um mineral que sai do vulcão).

O relatório do voo mostrou que o motor chegou a atingir mais de 1.000ºC graus, o que seria suficiente para derreter o silicato, ou seja, ele voltaria a ser lava vulcânica. Mas, para a sorte da tripulação a bordo do DC-8, a quantidade relativamente pequena de cinzas que atingiu o avião melhorou o desempenho do motor. As cinzas poliram as peças do motor permitindo que o ar circulasse mais livremente nele.

No entanto, se a aeronave permanecesse mais tempo envolta nas cinzas, o efeito seria inverso e o motor iria falhar a 9 mil metros de altura. Atualmente um grupo de caças F-16 finlandeses sobrevoa as regiões atingidas pela fumaça para avaliar os riscos nesses locais. Além disso, algumas empresas aéreas também fazem suas análises.

No relatório sobre o incidente com o DC-8, a Nasa dá ainda algumas instruções de como proceder caso o avião entre em uma nuvem de fumaça vulcânica. Confira algumas das dicas:

- Imediatamente reduzir a propulsão, o que fará com que menos cinza entre em contato com as partes do motor;

- Desligar o controlador automático de combustível para que ele não aumente a propulsão;

- Tentar sair da fumaça vulcânica o mais rápido possível;

- Iniciar a unidade de potência auxiliar;

- Toda a tripulação deve utilizar máscara de oxigênio;

- Fechar válvulas de saída

Fonte: Revista Galileu - Fotos: NASA

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