segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ryanair mostra porque gosta de recessões...

...e sobretudo de combustível mais barato

A queda do preço do combustível de avião permitiu à low cost Ryanair economizar 450,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do exercício 2009/2010, embora voando mais, e triplicar o lucro operacional para 454 milhões, embora com um decréscimo das receitas em 2%, pela queda da tarifa média em 16%.

O balanço publicado hoje pela low cost, que em Portugal opera para o Porto e para Faro, mostra porque o seu Chief Financial Officer, Howard Millar, em declarações citadas pela imprensa internacional, afirmava: “em geral somos muito positivos quanto à recessão”.

A companhia diz no balanço que nos nove meses de 1 de Abril, início do exercício em curso, a 31 de Dezembro as receitas ascenderam a 2.378,7 milhões de euros, menos 1,5% que no período homólogo do exercício anterior, com uma queda de 3,5% nas receitas de passagens, para 1.893 milhões, parcialmente compensada por um crescimento em 7% das chamadas receitas complementares, para 485,7 milhões.

A informação destaca que a queda das receitas de passagens, no entanto, ficou muito abaixo da redução do preço médio dos bilhetes, que diz ter sido de 16%, porque a sua estratégia de cortar nos preços teve como reflexo um aumento do número de passageiros transportados, que de acordo com os dados publicados mensalmente pela low cost foi de 14,7% ou cerca de 6,7 milhões, para 52,38 milhões.

Este crescimento da operação, associado ao incremento das chamadas receitas complementares, em que a Ryanair é uma das líderes mundiais, permitiu à low cost não só ganhar quota de mercado como conter o decréscimo de receitas, ao contrário do que aconteceu com a generalidade das companhias aéreas a nível mundial.

Mas o “segredo” da melhoria da rentabilidade esteve, principalmente, na redução de custos e, mais especificamente, na queda do preço do combustível de avião.

A Ryanair teve uma queda média dos custos operacionais de 15%, para 1.924,7 milhões de euros, embora, como salienta, a sua operação tenha aumentado, porque teve uma redução do custo por passageiro de 26%, com “a parte de leão” a vir do combustível.

A factura de jet fuel baixou de 1.116,5 milhões de euros, nos nove meses de 1 de Abril a 31 de Dezembro de 2008, para 666,4 milhões, no período homólogo de 2009, o que significa que passou de 49% dos custos operacionais para 35%.

Este decréscimo em 40% da factura de combustíveis ocorreu foi o que permitiu à low cost expandir a operação sem agravamento dos custos operacionais e ter margem para baixar preços e, dessa forma, ganhar mercado.

O balanço da low cost destaca que mesmo excluindo a redução propiciada pela queda do preço do combustível de avião, o custo unitário (por passageiro) decresceu 5%, mas neste caso porque o incremento médio foi inferior ao do número de passageiros transportados.

Para esta evolução contaram, sobretudo, os decréscimos de 11,3% nas amortizações, para 169 milhões de euros, e de 3,6% nas despesas de marketing e distribuição, para 102 milhões.

Contribuíram ainda para a redução do custo unitário os incrementos limitados dos gastos com aeroportos e handling, que foi de 3,7%, para 357,2 milhões de euros, e com pessoal, que foi de 6,8%, para 250,8 milhões.

As rubricas que “descarrilaram” foram materiais de manutenção e reparações, com +21,4%, para 60,2 milhões, rendas de leasing de frota, com +21%, para 69,6 milhões, e taxas de navegação aérea, com +16,1%, para 253,2 milhões.

Estes incrementos, como a queda da receita média por passageiro, não impediram que pelo crescimento do número de passageiros transportados e pela queda do preço do combustível de avião, a Ryanair tenha registado uma subida da margem operacional em 13 pontos, para 19%, e que a margem líquida tenha subido de 5% para 11%.

A Ryanair apresentou nos nove meses de 1 de Abril a 31 de Dezembro de 2009 um lucro líquido de 376,1 milhões de euros, mais 232,5% do que no período homólogo do exercício 2008/2009, em que, pela primeira vez em 20 anos de existência, teve prejuízos, pela desvalorização da sua participação na Aer Lingus.

Fonte: Presstur (Portugal)

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