sábado, 16 de janeiro de 2010

Sobreviventes do "milagre do Rio Hudson" reúnem-se um ano depois do acidente

O local onde um avião acidentado lentamente afundou há um ano, no frígido rio Hudson, em meio a pânico, heroísmo, terror e euforia, transformou-se nesta sexta-feira (15) em um local de celebração.

A tripulação e os passageiros do voo 1549 da US Airways se juntaram com seus salvadores e levantaram um brinde a sua improvável sobrevivência.

Levantaram os brindes às 15:31 (hora local), no exato momento do impacto, em uma das balsas que os tirou da água. Eles fizeram um brinde no local aproximado onde o avião caiu, após uma amerrissagem milagrosa em que todos a bordo sobreviveram.

Pelo menos alguns dos passageiros havia planejado fazer o brinde com a vodka Grey Goose - aparentemente um aceno irônico ao bando de gansos que desativou o motor do Airbus A320 no dia 15 de janeiro de 2009.

Cerca de 100 pessoas aplaudiram no início da manhã, durante um café da manhã, o capitão Chesley "Sully" Sullenberger, sorridente e vestindo seu uniforme de piloto, um desconhecido até o momento em que habilmente trouxe o avião para baixo em segurança.

"Estamos muito felizes de ter muito o que comemorar", disse ele. "Temos muito a agradecer", disse ele.

Algumas horas mais tarde, passageiros, tripulantes e equipes de resgate se reuniram em um terminal de ferry no West Side de Manhattan para embarcar na balsa. Assim como foi um ano atrás, o clima estava frio, e algumas pessoas estavam preocupadas em ir para o rio.

"Um pouco nervoso", disse a assistente de voo Doreen Welsh, que desenvolveu um medo de água depois de ficar submersa até o queixo no avião inundado. Ela disse que começou a chorar quando uma outra aeromoça assinalou o ponto no terminal onde ela tinha deitado em uma maca após ser resgatada.

"Ela trouxe tudo de volta", disse ela.

Quarenta e oito dos passageiros do voo 1549 participaram em eventos durante o dia, incluindo Laura Zych e Ben Bostic de Charlotte, que começaram a namorar após o aniversário de seis meses da amerrissagem.

A vida, disse Bostic, está "muito melhor. Estou mais aberto a oportunidades. Compreendo tudo."

"Nós não temos nada garantido. Comemoramos o aniversário de um mês, dois, três, quatro. Estávamos esperando por este dia", disse Zych.

Bostic disse que ainda sente "um pouco de ansiedade" ao voar. Mas, tendo Zych com ele, disse, torna-se mais fácil.

Sullenberger disse que, até agora, ele conheceu dois terços dos passageiros e esperava conhecer, eventualmente, todos eles, No terminal da balsa, ele foi cercado por várias pessoas, inclusive uma chorosa Hannah Acton, cujo marido, Patrick, estava no voo.

"Muito obrigado", disse ela, segurando uma cópia do livro de Sullenberger em seu peito.

Mais tarde, ela lembrou o pavor que sentiu depois de receber um telefonema informando que o avião de seu marido tinha caido, ficando por 23 minutos sem saber se ele estava vivo ou morto, enquanto observava o resgate na televisão.

"Eu estava histérica", disse ela. "Eu pensei, 'Oh meu Deus, agora eu estou vendo o meu marido morrer".

Theresa Bischoff, diretora executiva da Cruz Vermelha Americana da Grande Nova York, introduziu o governador David Paterson no evento, creditando-lhe ter cunhado a frase "Miracle on the Hudson."

"Foi o dia mais feliz que passei como governador", disse Paterson.

O co-piloto de Sullenberger, Jeffrey Skiles, chamou todos os salvadores, bombeiros, pessoal do departamento de polícia e os operadores de ferry boat, de "os verdadeiros heróis desse dia."

Skiles, em seguida, fez uma doação de 5.000 dólares para a Cruz Vermelha Americana para seus esforços junto ao terremoto no Haiti. Ele fez o check-in com o nome das vítimas do acidente fatal da Continental Connection, voo 3407, ocorrido em Búfalo, em fevereiro passado.

O Bank of America, que tinha 20 funcionários no voo, fez a Cruz Vermelha uma doação de $ 21.549 para auxílio do Haiti.

O regresso à água trouxe à tona sentimentos diferentes, para alguns dos sobreviventes. Mas muitos estavam ansiosos para se reunir com os outros que compartilharam da experiência angustiante. Alguns dizem que consideram o grupo como uma espécie de família.

"Isso traz de volta memórias de estar lá e do que passamos", disse Bostic anteriormente. "Mas, essas lembranças, também reforça a gratidão que temos."

Fonte: Associated Press/USA Today - Tradução: Jorge Tadeu da Silva (Blog Notícias sobre Aviação) - Fotos: Richard Drew(AP) / Chris McGrath (Getty Images)

Nenhum comentário: