quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Novo mapa celestial aumenta precisão do GPS

Concepção artística de um quasar localizado no centro de uma galáxia

Os satélites do Sistema de Posicionamento Global (GPS), distribuídos ao redor da Terra a centenas de quilômetros de altitude, nos dizem com excelente precisão onde nos encontramos, incluindo latitude, longitude e altitude.

Mas quem diz para os satélites onde eles se encontram? Se não possuírem sua própria posição com uma precisão excepcional, eles nunca poderão fornecer a posição correta dos aparelhos de navegação que leem suas informações.

Cálculo da posição por GPS

Cada navegador GPS calcula sua posição com base na localização dos satélites e na sua distância deles. A distância é determinada pelo tempo que leva para que os sinais de vários satélites atinjam o receptor.

"Para que o GPS funcione, a posição orbital dos satélites deve ser conhecida com muita precisão," diz o Dr. Chopo Ma, do Centro Espacial Goddard, da NASA. "A fim de saber onde os satélites estão, você precisa conhecer a orientação da Terra muito precisamente."

E, no espaço, além de tudo estar em movimento contínuo, não há qualquer marcador que ajude a determinar a posição de nosso planeta ou de qualquer outro corpo celeste. Mais ainda, quando se fala em precisão, é preciso considerar até mesmo o efeito gravitacional que a Lua e o Sol impõem sobre nosso planeta, fazendo-o oscilar ligeiramente ao longo do tempo.

Quasares quase fixos

Mas, se no espaço não existem placas marcadoras de quilometragem, há objetos estelares longe o suficiente da Terra para que seu movimento não seja detectável - e essa imobilidade aparente funciona como um ótimo referencial.

Os quasares são candidatos naturais porque, além de estarem longe o suficiente, são brilhantes o bastante para poderem ser monitorados, ainda que em comprimentos de onda não-visíveis. Os quasares têm tipicamente um brilho equivalente a um bilhão de sóis e estão a mais de um bilhão de anos-luz da Terra, o que os faz parecerem estacionários.

Mapa celeste

O primeiro mapa celeste que serve de base para a definição da posição da Terra chama-se ICRF (International Celestial Reference Frame: quadro de referência celestial internacional). Concluído em 1995, o mapa celestial levou quatro anos para ser feito, com a análise detalhada de cerca de 600 quasares.

Agora, a equipe coordenada pelo Dr. Ma, depois de mais três anos de pesquisa exaustiva, terminou a versão 2.0 do ICRF, chamada de ICRF2, que incluiu a análise de 3.000 quasares.

O novo mapa celestial acaba de ser reconhecido como o sistema fundamental de referência para a astronomia pela União Astronômica Internacional.

As incertezas e imprecisões do mapa astronômico foram reduzidas para 40 microarcossegundos - algo como a espessura de um grafite de 0,7 milímetro de um lápis visto a uma distância de 2.500 quilômetros. Isto é cinco vezes mais preciso do que o mapa anterior.

Mapa da astronomia

Apesar de sua utilidade para o GPS e para a navegação das sonda espaciais interplanetárias, o principal uso do mapa celeste ICRF2 é para a astronomia.

É com base nele que os cientistas ajustam os telescópios e criam coordenadas de referência para os objetos celestes que observam. Sem o mapa, uma estrela que fosse localizada por um astrônomo não poderia ser facilmente localizada pelos outros cientistas.

Mapa duplamente celeste

A próxima atualização do ICRF poderá não precisar mais dos radiotelescópios utilizados na primeira e na segunda versões. A Agência Espacial Europeia planeja lançar um satélite chamado Gaia, em 2012, que será capaz de observar meio milhão de quasares.

O satélite Gaia utilizará um telescópio óptico mas, como ele estará acima da atmosfera, será capaz de observar a tênue luz desses objetos extremamente distantes. O projeto espera concluir observações suficientes para uma nova atualização do mapa celestial ICRF entre 2018 e 2020.

Fonte: Site Inovação Tecnológica - Imagem: NASA/JPL-Caltech/T. Pyle (SSC)

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