domingo, 7 de junho de 2009

Das companhias de aviação (in)seguras

ARTIGO

Acidente com Airbus ameaça deixar Air France em terra

Há 50 anos, parecia que determinadas companhias de aviação civil durariam para sempr, principalmente quando encomendavam os primeiros jatos de passageiros. Eram os casos neste País da Real Aerovias Nacional, a de maior frota voadora da América Latina, preparando-se para receber os Convair 880: acabou sendo encampada pela Varig em 1961; além da Panair do Brasil S/A, a qual ainda sobrevoaria com seus DC-8: mas igualmente tomada pela Varig em 1965. No Primeiro Mundo, aí é que o problema se agravou.

A estadunidense Braniff International Airways, maior investidora em suas duas últimas décadas no ar, no visual dos aeroplanos e das comissárias de bordo, chegou a contar com dois jatos tendo projetos de pintura executados pelo escultor de mobiles Alexander Calder. Contudo, por problemas financeiros, a Braniff foi fechada em 1982. Essa intenção de perenidade contagiou até a ficção científica. No início da segunda parte do filme 2001: uma Odisséia no Espaço (2001: a Space Odissey), de Stanley Kubrick, em 1968, uma nave de passageiros expõe na fuselagem a denominação Pan American e na cauda, o logotipo do planeta Terra estilizado da Pan Am, aerovia desativada por falência em 1991.

Os então presidentes norte-americanos Ronald Reagan e George Bush, o genitor, de maneira nenhuma foram paizões, respectivamente, com a Braniff e a Pan American, ao contrário de, atualmente, Barack Obama na tentativa de salvação das montadoras de veículos Chrysler e General Motors. A crise na aviação civil, em geral, é atribuída aos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos. Entretanto, já existiam os precedentes supracitados.

É difícil se prever se o sumiço no Oceano Atlântico, entre o Brasil e a África, do avião Airbus A330-200 no domingo passado, 31 de maio, tendo 228 pessoas a bordo, poderá ser fatal à Air France. A companhia gaulesa, então pública, tinha sobrevivido ao acidente com o Concorde em Paris, no ano 2000, contabilizando 113 pessoas mortas. Mas, em 2004, apesar de marca tão cívica quanto a bandeira nacional tricolor, teve fusão com a neerlandesa KLM, que com 90 anos de atividades desde 1919, é a aerovia mais antiga do mundo.

Todavia, cada uma decola e pousa com seus próprios logotipos. Entrementes, cada vez desaparece mais o mito de companhia de aviação mais segura do planeta. Há meio século, o título era da Scandinavian Airlines System (SAS) dano-sueco-norueguesa. Nos últimos anos, o privilégio foi atribuído à Cathay Pacific Airways, de Hong Kong. Até quando?

Por: Frederico Fontenele Farias

Fonte: O Povo - Foto: Jack Guez (AFP)

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