domingo, 25 de novembro de 2012

'Empresas aéreas estão sufocando os trabalhadores', diz sindicato

Após demissão de 850 na Webjet, sindicato fala em greve em dezembro.

Permitir fusão de Gol e Webjet foi atitude 'covarde', diz presidente do SNA.

O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Gelson Fochesato, condenou nesta sexta-feira (23) a decisão da Gol de demitir 850 funcionários como parte do processo de encerramento das atividades e da marca da controlada Webjet.

“As empresas aéreas estão sufocando os trabalhadores. Ou elas fecham as portas de vez ou agem de uma forma correta", afirmou Fochesato, que não descarta a possibilidade de haver uma greve da categoria na primeira semana de dezembro.

"A situação da aviação brasileira hoje é caótica. É um estado de estresse altíssimo por culpa do Estado e das empresas”, disse.

O sindicato informou que encaminhou nesta sexta uma carta à Presidência da República e ao Senado Federal pedindo uma reunião imediata.

“O Congresso já nos chamou para um encontro no próximo dia 27 porque o governo federal sabe do problema que será”, afirmou o presidente do sindicato que classificou de "covarde e desorganizada" a postura da Agência Nacional da Aviação (Anac) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em permitir a fusão de Gol e Webjet.

O sindicato afirmou ter ficado "surpresa com o anúncio das demissões em massa, pois em contatos com a Gol, nas últimas semanas, a direção da empresa falou que só realizaria demissões em último caso".

Em nota divulgada nesta sexta-feira, o sindicato avaliou que o processo de demissões "amplia o duopólio TAM e Gol, prejudicando trabalhadores e passageiros, levando ao aumento do valor das passagens e à piora dos serviços prestados pelas empresas aéreas".

André Fernandes e Marcelo Gatti estão entre os pilotos atingidos pelos cortes
Foto: Victória Brotto/G1

Piloto soube de fim da Webjet após pousar em aeroporto

O piloto André Fernandes, de 51 anos, contou que ficou sabendo do fim da WebJet quando tinha acabado de pousar na quinta-feira no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. “O co-piloto entrou no avião e me disse que o despachante falou que a empresa acabou”, afirmou, em entrevista ao G1.

Ele disse que na hora ficou surpreso e foi checar a informação. Depois de ver que o escritório da WebJet estava fechado, pegou seus pertences dentro do avião e voltou para casa, em São Paulo. O piloto só recebeu o contato da Gol às 19h de quinta-feira, por telefone. “Eles ligaram para me chamar para um reunião às 9h desta sexta. Eu não fui, porque eu já sabia que estava demitido”, explicou.

Marcelo Gatti, de 48 anos, que trabalhava como piloto Webjet há 1 ano e 8 meses, foi chamado para uma reunião com a empresa através de um e-mail assinado pelo presidente chamando os funcionários da WebJet. “O assunto não foi especificado, só nos chamaram para uma reunião”, disse Gatti ao G1. “Eu entrei na internet e vi que a WebJet estava fechando e demitindo todo mundo. Isso umas 10h. Daí meu colegas de empresa começaram a me ligar”.

MPT estuda possibilidade de atuar no caso

O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, afirmou nesta sexta-feira que o Ministério Público do Trabalho (MPT) estuda a possibilidade de intervir no caso das 850 demissões anunciadas pela Gol. “O Tribunal Superior do Trabalho, no caso das 4 mil demissões da Embraer, deixou o indicativo de que demissões em massa não podem ser unilaterais, exigindo prévia negociação coletiva trabalhista", disse, em nota divulgada pelo MPT.

Para Luís Camargo, a demissão em massa da Gol é incongruente, pois a perspectiva para o setor é de crescimento. “É lamentável tomar conhecimento de que um processo de fusão de duas empresas de um setor tão importante e que conta com perspectivas de crescimento com os grandes eventos que estão por vir – a Copa do Mundo e as Olimpíadas – leve à demissão em massa.”

Histórico

A Gol concluiu a compra da WebJet em outubro de 2011, por R$ 70 milhões, além de ter assumido dívidas de cerca de R$ 200 milhões.

A aquisição foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em 10 de outubro último, condicionada ao cumprimento de um acordo para garantir um patamar de 85% de eficiência na operação dos slots do aeroporto de Santos Dumont, no Rio de Janeiro.

A Gol afirmou, após o aval do Cade ao negócio, que pretendia concluir a integração da malha da WebJet em dezembro, divulgando até o fim do ano um plano de sinergias que poderiam ser alcançadas.

Desde o início do ano, a Gol vem reduzindo seu quadro de funcionários, num processo de "racionalização de custos". De acordo com Kakinoff, no final do ano passado, a companhia contava com 20.500 funcionários. Hoje, são 17.000. A frota está da empresa está em 130 aeronaves.

Fonte: G1

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