Projétil tem raio de ação superior a 5.000 km, o que inclui a China.
Só China, Rússia, França, EUA e Reino Unido têm mísseis semelhantes.
A Índia realizou nesta quinta-feira (19) o primeiro lançamento de teste de um novo míssil de longo alcance com capacidade nuclear que pode impactar o território chinês e países não asiáticos, e coloca o país no seleto grupo de países detentores de mísseis balísticos intercontinentais.
O míssil Agni V, de um alcance de 5.000 km (classe IRBM dos mísseis intermediários de menos de 6.400 km) foi lançado às 08H05 local (00H35 de Brasília) de uma base situada no mar junto ao Estado de Odisha.
O míssil de 50 toneladas e 17 metros de altura pode alcançar alvos em todo o território chinês, assim como no resto da Ásia e inclusive em certos países da Europa, segundo especialistas.
Apenas China, Rússia, França, Estados Unidos e Reino Unido possuem mísseis balísticos intercontinentais (ICBM), com um alcance de mais de 5.500 km.
O primeiro-ministro chinês, Manmohan Singh, felicitou os cientistas pelo lançamento bem-sucedido do míssil, segundo um comunicado transmitido por seu gabinete.
O ministro da Defesa, A.K. Anthony, mencionou o "impecável sucesso" e classificou o lançamento como "um avanço maiúsculo no programa de mísseis da Índia", de acordo com a versão de seu porta-voz.
No entanto, o chefe da agência responsável pelo desenvolvimento das tecnologias militares (DRDO), V. K. Saraswat, disse à rede de televisão NCTV que se trata de um "fato histórico que honra nosso país no domínio da tecnologia de mísseis".
"Somos atualmente uma potência dotada de mísseis sem igual na maior parte dos países do mundo", acrescentou.
A DRDO, que fabricou o míssil, pretendia realizar o disparo na quarta-feira à noite, mas a operação precisou ser adiada devido ao mau tempo.
A terceira maior economia asiática iniciou nos últimos anos um enorme programa de aquisições militares para modernizar seu exército, e busca fortalecer seus meios de defesa, em especial em relação à China. A fronteira entre China e Índia é motivo de discussões desde a década de 1980, e ambos os países se enfrentaram em uma curta guerra em 1962.
De acordo com Ravi Gupta, porta-voz da DRDO, este míssil tem "um efeito dissuasivo para evitar as guerras e não foi desenvolvido contra nenhum país em particular", assegurando que se trata de um programa "puramente defensivo".
Agni, que significa "fogo" em sânscrito, é o nome dado a cinco mísseis desenvolvidos pela DRDO a um programa lançado originalmente em 1983.
Enquanto os mísseis de curto alcance Agni I e II (de até 2.500 km) foram desenvolvidos diante da ameaça hipotética do Paquistão, os modelos Agni III e IV (de até 3.500 km ) já foram percebidos como meios de dissuasão para a China.
Índia e Paquistão, vizinhos e rivais, se enfrentaram em três guerras desde a partilha e independência em 1947.
"Agni V pode alcançar alvos no coração da China, liberando potencialmente mísseis de menor potência para uso contra o Paquistão ou boa parte do Oeste e Sul da China", disse Poornima Subramaniam, do Centro de Análises sobre Defesa IHS Jane.
Shannon Kile, especialista em armas nucleares no Instituto Internacional de Pesquisas sobre a Paz (SIPRI), em Estocolmo, considerou que o Agni VI faz parte de um desenvolvimento importante no âmbito das aspirações da Índia de jogar um papel mais importante no cenário internacional.
Ao mesmo tempo, o alcance do míssil "dará aos estrategistas indianos do setor de defesa uma maior margem de manobra sobre a opção de localização dos lançadores de mísseis, acrescentou.
Fonte: G1, com agências internacionais - Fotos: Ministério de Defesa da Índia / AP Photo
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