sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Polícia do Departamento de Imigração faz blitz em Boston em busca de 18 pilotos brasileiros

Os pilotos recebiam instrução de voo na TJ Aviation Flight Academy, empresa operada por um brasileiro.

A quinta-feira amanheceu tenebrosa para a família de pelo menos 18 brasileiros que fazem curso para pilotar avião na TJ Aviation Flight Academy, em Stow, cidade que fica na região de Boston.

Às 2 horas da manhã, 6 agentes do ICE, a polícia do Departamento de Imigração, bateram à porta de uma família em Framingham – conhecido reduto de brasileiros em Massachusetts.

Às 6h, cinco homens e uma mulher do ICE fizeram blitz um condomínio na cidade de Shrewsbury. Os agentes procuravam um piloto brasileiro que já havia saído para o trabalho. A esposa do rapaz atendeu os agentes que “foram muito educados”, segundo ela, e localizou o marido ao telefone.

O brasileiro, que já faz curso na TJ Aviation desde setembro de 2009, concordou em comparecer ao escritório da Imigração em Boston. Lá chegando, o brasileiro chegou a ficar numa cela com outros aprendizes de piloto. Durante o interrogatório, os agentes do ICE estavam acompanhados de funcionários da Transportation Security Administration (TS), órgão federal que administra a segurança nos transportes nos EUA.

O brasileiro se recusou a responder a várias das perguntas sem a presença de um advogado. Ele foi liberado após serem tiradas as suas impressões digitais.

Segundo informações da Polícia de Framingham, o que teria chamado a atenção das autoridades é que a TJ Aviation, de propriedade de Thiago de Jesus, dava curso para pelo menos 18 imigrantes indocumentados.

O blogueiro conseguiu localizar Thiago, mas ele disse que “não passaria nenhuma informação no momento,” mas que estava organizando a sua defesa.

Segundo um dos pilotos, Thiago teria sugerido que um único advogado representasse ele e todos os pilotos. No final da manhã, pelo menos 6 pilotos já haviam sido interrogados.

Enquanto isso na batida à casa em Framingham, um dos pilotos procurados mantinha esposa e dois filhos em silêncio, enquanto conversava com advogados para saber suas opções. Os agentes continuavam batendo na sua porta.

Segundo Ana Lúcia Paulin, esposa do advogado de imigração Joshua Paulin, “os pilotos que estiverem indocumentados nos EUA vão entrar em processo de deportação. Mas terão direito de defesa.”

A TJ Aviation cobra de cada piloto US$ 115 por hora, no voo solo, e US$ 165 no vôo duplo com instrutor. No caso do vôo a passeio, os preços variam entre US$ 45, no vôo de avião curto, e US$ 250 por hora, no vôo de helicóptero.

A maior ironia sobre esse caso é que antes de serem aceitos como alunos da TJ Aviation, todos os pilotos brasileiros tiveram que passar por uma investigação do passado criminal. Eles enviam o passaporte para a polícia local, que consulta um banco de dados do FBI, antes de permitir que eles recebam instruções sobre como pilotar nos EUA.

A polícia não revelou o real motivo das batidas dessa quinta-feira. Mas deixou entender que quem está sob investigação é a empresa.

Basta lembrar que um dos aviões que se chocaram contra as torres do World Trade Center no dia 11 de setembro de 2001 partiu de Boston. Todos os três voos suicidas foram conduzidos por terroristas estrangeiros que fizeram aula de vôo nos EUA – só que nesse alguns terroristas estavam em situação legal no país.

Fonte: Eduardo de Oliveira (Blog Brasil com Z/O Globo)

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