domingo, 15 de setembro de 2024

Aconteceu em 15 de setembro de 1995: A queda do voo Malaysia Airlines 2133 - Erro da Tripulação


Em 15 de setembro de 1995, o Fokker 50 (F27 Mark 050), prefixo 9M-MGH, da Malaysia Airlines (foto abaixo), realizava o voo 2133 (MH2133/MAS2133), um voo doméstico regular de passageiros de Kota Kinabalu para Tawau, ambas localidades da Malásia, levando a bordo 49 passageiros e quatro tripulantes.


O tempo de voo programado era de uma hora. O voo 2133 atrasou 30 minutos em relação ao horário programado de decolagem devido à chegada tardia da aeronave em Kota Kinabalu. A aeronave finalmente decolou do Aeroporto Internacional de Kota Kinabalu às 12h19, horário local, com regras de voo por instrumentos

O clima em Tawau foi relatado como "vento superficial calmo, visibilidade superior a 10 km, chuva de norte a nordeste, espalhada a 1.600 pés e espalhada a 2.700 pés, quebrada a 14.000 pés, temperatura de 30 graus C e QNH 1009mb, pista 17. Na época, a pista de Tawau tinha apenas 5.600 pés de comprimento. O voo transcorreu sem intercorrências até sua aproximação.

Ao chegar ao aeroporto, a aeronave ultrapassava 3.500 pés e estava configurada para pouso. Apesar disso, a aeronave ainda estava muito rápida e alta para a aproximação. Mesmo assim, o comandante garantiu ao copiloto "A pista é longa, então não há problema".

O copiloto continuou a avisar o comandante sobre o excesso de velocidade, enquanto a aeronave continuava uma descida de 3.000 pés/min em um ângulo de inclinação de -13 graus. Esta atitude de voo desencadeou os avisos do GPWS, que foram ignorados.

Às 13h05 (GMT+8), a aeronave pousou na pista a aproximadamente 3.400 pés da cabeceira, saltando e pousando novamente a 4.500 pés abaixo da pista. 

Um segundo salto ocorreu, com um toque final a 4.800 pés na pista, deixando apenas 800 pés da pista para parar. Em seguida, ultrapassou a pista e atravessou a área gramada do aeroporto antes de colidir com a favela de Sri Menanti, favelas ocupadas principalmente por trabalhadores migrantes filipinos e indonésios, a aproximadamente 500 metros do final da pista, em um ângulo quase reto com a mesma. 

A aeronave se partiu em duas partes e as asas quebraram com o impacto, causando vazamento de combustível. Um incêndio começou devido à colisão da aeronave com várias casas na área. 

À medida que o fogo se intensificava, os passageiros e tripulantes da aeronave tentaram evacuar a aeronave em chamas. No entanto, uma grande explosão envolveu repentinamente toda a aeronave, queimando os passageiros e tripulantes restantes dentro da aeronave. Casas próximas pegaram fogo, permitindo que o fogo se espalhasse por quase todo o bairro. Os moradores da área fugiram imediatamente em busca de segurança. 


Os serviços de combate a incêndio de Tawau enviaram imediatamente 18 bombeiros para a área. O esforço de resgate foi prejudicado pela quantidade de curiosos no local do acidente. 

As equipes de resgate conseguiram apagar as chamas mais tarde naquela noite. Um total de 34 cadáveres foram encontrados e 17 passageiros, 2 tripulantes e 10 residentes tiveram que ser tratados por ferimentos. Um total de 40 casas foram danificadas no acidente.


O primeiro-ministro Mahathir Mohamad e o vice-primeiro-ministro Anwar Ibrahim expressaram suas mais profundas condolências aos familiares dos passageiros e tripulantes do Fokker 50 da Malaysia Airlines.


A investigação posterior apontou a causa provável como: "A causa mais provável do acidente foi devido à insistência do comandante em prosseguir com a aproximação, apesar de a pista disponível após o toque não ser suficiente para a parada da aeronave. A percepção sobre a consideração econômica que o pressionava para economizar combustível e cumprir horários foi um fator contribuinte."

Em resposta à imagem negativa que a Malaysia Airlines recebeu à luz da investigação, a empresa tentou “esclarecer as questões e diminuir a distância entre a gestão e a tripulação de voo”. Os investigadores emitiram uma recomendação à Malaysia Airlines "para superar a hesitação ou resistência da tripulação à mudança" ao incutir disciplina de voo, a fim de cumprir as metas corporativas e de negócios.

Embora o relatório culpasse a ação do capitão como a causa do acidente, também destacou a falta de iniciativa do primeiro oficial para corrigir a situação. Como tal, os investigadores solicitaram ao órgão regulador da Malásia que determinasse que todos os aviões comerciais na Malásia incluíssem a gestão de recursos da tripulação como formação obrigatória para a tripulação de voo. A Malaysia Airlines foi solicitada a implementar esta recomendação imediatamente. 

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 15 de setembro de 1988: Acidente com o voo Ethiopian Airlines 604 após colisão com pássaros


Em 15 de setembro de 1988, o voo 604 era um voo programado de Addis Abeba, na Etiópia,  para Asmara, na Eritreia, com escala em Bahar Dar, ainda na Etiópia. A aeronave que operava o voo era o Boeing 737-260, prefixo ET-AJA, da Ethiopian Airlines (foto acima), entregue novo à empresa aérea. Na época, a aeronave tinha menos de um ano.

A primeira parte do voo entre Addis Ababa e Bahir Dar transcorreu dentro da normalidade. Às 09h50, os motores foram acionados normalmente e o avião taxiou até a posição de decolagem para a segunda etapa do voo até Asmara, com 98 passageiros e 6 membros da tripulação a bordo.

A rota do voo 804 da Ethiopian Airlines
O avião acelerou a uma taxa normal durante a rolagem de decolagem e ultrapassou a velocidade V1 (rejeição de decolagem). Quando o avião passou por V1 e muito perto de VR (velocidade de rotação), a tripulação viu um bando de pombos-malhados se erguendo do lado esquerdo. 

Nativo da África Subsaariana, o pombo-malhado (foto ao lado) não é tão grande quanto um ganso canadense, mas possui cerca de 40 cm de comprimento. Em média, pesa entre 300 a 400 gramas. Ao alimentar grandes grupos, é mais do que capaz de causar falha no motor das aeronaves se um número suficiente deles for ingerido nos motores.

Nesse momento, o capitão assumiu o controle do copiloto. Quase imediatamente após a rotação, o avião atingiu o bando de pombos a uma velocidade de 146 nós e altitude de 5730 pés acima do nível médio do mar. Ouviram-se estrondos altos.

Aproximadamente a 100-200 pés acima do solo, os dois motores começaram a produzir uma contra-explosão. Neste momento, a tripulação relatou que experimentou uma perda de potência considerável e o avião começou a puxar para baixo, momento em que o capitão "disparou contra" as alavancas de empuxo. 

Os motores responderam e o avião começou a ganhar altitude. O ganho de atitude encorajou o capitão a virar à direita para longe do Lago Tana e voltar para a pista de decolagem para um pouso de emergência.

Durante os 32 segundos iniciais após o impacto, o avião ganhou altitude de 5.730 pés para 6.020 pés e acelerou de 146 nós para 154 nós. 

O relatório da tripulação indicou ainda que ambos os motores continuaram a aumentar e os medidores de temperatura dos gases de escape (EGT) estavam lendo no extremo superior e as leituras do medidor da razão de pressão do motor (EPR) estavam flutuando em cerca de 1,6. Durante esse tempo, o capitão relatou que reduziu o empuxo do motor para prolongar a vida operacional dos motores. A frequência dos surtos diminuiu com a redução da potência dos motores. 

O avião entrou em uma curva à direita de aproximadamente 90 graus. A altitude permaneceu constante a 6.020 pés, enquanto sua velocidade no ar aumentou de 154 nós para 162 nós. O avião então começou outra curva à direita e entrou na perna do vento a favor do retorno à pista 04. 

A altitude havia aumentado para 6.410 pés e a velocidade no ar para 173 nós. Na perna do vento, a aeronave subiu ainda mais para 7.100 pés. Então, dentro de um prazo de cerca de cinco segundos, ambos os motores perderam totalmente a potência.

O copiloto apontou uma área limpa um pouco à frente e à direita. O capitão então se virou para a clareira e fez um pouso com o trem de pouso. A aeronave quebrou e um incêndio se iniciou imediatamente. Dos 104 ocupantes, 35 sofreram ferimentos fatais.


Setenta e uma pessoas ficaram feridas, 12 delas gravemente. Elas foram encaminhadas para hospitais em Bahir Dar e em Addis Abeba.

A comissão que investigou o acidente apontou como causa: "O acidente ocorreu porque o avião não pôde ser devolvido com segurança à pista após a destruição interna e subsequente falha de operação de ambos os motores decorrente da ingestão de múltiplos pássaros por ambos os motores durante a decolagem."

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 15 de setembro de 1974: Sequestro no voo Air Vietnam 706 termina com 75 mortos


Em 15 de setembro de 1974, o Boeing 727-121C, prefixo XV-NJC, da Air Vietnam (foto acima), realizava o voo 706 entre o Aeroporto Da Nang e O Aeroporto Saigon-Tan Son Nhat, ambos no Vietnã, levando a bordo 67 passageiros e oito tripulantes.

Le Duc Tan, um guarda florestal do exército sul-vietnamita que recentemente havia sido rebaixado de capitão a tenente pelo roubo de dois carros em Da Nang, conversou suavemente ao passar pelos pontos de controle de segurança.

No caminho de Đà Nẵng para Saigon, enquanto navegava a uma altitude de 26.000 pés, 18 minutos após a decolagem, Le Duc Tan e mais dois homens entraram na cabine e ordenaram que o piloto desviasse para Hanói. Eles tinham granadas nas mãos. 
O capitão tentou explicar que isso não era possível e que ele deveria fazer uma parada intermediária no aeroporto de Phan Rang. 

Pouco depois, duas granadas de mão explodiram na parte frontal da cabine, causando grandes danos aos sistemas de controle da aeronave. Ao se aproximar do Aeroporto Phan Rang, a uma altura de 1.000 pés, o avião entrou em atitude de nariz para baixo e então caiu, causando uma grande explosão em um arrozal localizado a poucos quilômetros da cabeceira da pista. 

A aeronave se desintegrou com o impacto e todos os 75 ocupantes morreram. 

O avião ficou incontrolável e caiu após uma situação de sequestro e a explosão de duas granadas de mão a bordo.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro

Aconteceu em 15 de setembro de 1968: A história do avião que caiu em SP após desembarcar time do Santos


Em 15 de setembro de 1968, o avião Vickers 827 Viscount, prefixo PP-SRE, da VASP - Viação Aérea São Paulo (foto acima), operava a rota Fortaleza, no Ceará, com escala no Rio de Janeiro, e destino final no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Após decolar da escala no Rio de Janeiro, o avião levando 52 passageiros a bordo, entre eles o time do Santos Futebol Clube, que acabara de embarcar, fez um pouso tranquilo no Aeroporto de Congonhas.

Naquele dia, o time paulista havia jogado contra o Flamengo no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. O Santos venceu o clube carioca por 2 a 0 pelo Taça de Prata, também chamado de Torneio Roberto Gomes Pedrosa.

Pelé e Amauri voltaram a jogar no time naquela partida, mas foram Edu e Toninho que marcaram os gols da vitória. Pelo Flamengo, nomes como Fio, Zezinho e Dionísio faziam frente à marcação dos paulistas.


Após a partida, a comitiva do Santos voltou para São Paulo no voo da Vasp, chegando na noite daquele domingo. Este foi o último voo em segurança da aeronave.

Após deixar a comitiva do Santos no aeroporto, a aeronave da Vasp foi reabastecida para iniciar um novo voo. A bordo estavam apenas o comandante, Neutel Seiffert de Santa Fé, e o copiloto, Alberto Bougleux Freire.

Às 21h20, o avião decolou do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, com os dois tripulantes, para um voo de treinamento envolvendo aterrissagens “touch-and-go” simulando condições de emergência utilizando dois ou três motores.

Durante uma das subidas, às 21h23min, ocorreu uma pane num dos motores que começou a pegar fogo. O avião caiu caiu em um terreno na rua Gaspar Moreira, no bairro do Butantã, em São Paulo, a cerca de 7,5 km de distância do aeroporto de Congonhas.


Parte do avião atingiu o quarto onde Etelvina, empregada de uma residência localizada na mesma rua, dormia. Apesar dos ferimentos, ela foi retirada dos escombros e sobreviveu.


Morreram carbonizados o piloto, comandante Neutel Seiffert de Santa Fé, veterano com 11.500 horas de voo, e seu copiloto, o comandante Alberto Bougleux Freire, com 11.200 horas de voo.


A causa provável do acidente foi um erro de decisão dos pilotos durante o voo, de acordo com a investigação. Um dos motores não estava acionado, provavelmente, para simular um problema para testar a reação do copiloto.


Outro motor estava com potência baixa. Já os dois remanescentes estavam com a potência inadequada para a fase de decolagem, onde os motores devem estar operando no máximo. Com isso, o avião estava a uma velocidade aproximada de 185 km/h a 203 km/h. Da maneira como a aeronave foi configurada, seria necessário estar a pelo menos 240 km/h para se manter no ar. As informações são da investigação realizada pelo Ministério da Aeronáutica à época.


Em 1962, o mesmo avião havia se envolvido em outro acidente. Dessa vez, no aeroporto do Galeão, no então estado da Guanabara — Rio de Janeiro atualmente. Ao tentar baixar o trem de pouso, os pilotos observaram que um deles não havia descido. O avião ainda aguardou instruções da manutenção da empresa antes de pousar.

Após esgotar todos os recursos, os pilotos pousaram o avião sem um dos trens de pouso operando. A asa direita tocou a pista, causando leves danos. Após manutenção, o avião voltou a voar normalmente. A investigação apontou que houve uma falha material em uma peça do sistema de destravamento do trem de pouso.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com ASN, Folha de S.Paulo e UOL

Aconteceu em 15 de setembro de 1957: A queda do voo Northeast Airlines 285 num pântano pouco antes do pouso

Um Douglas DC-3 da Northeast Airlines, similar ao avião acidentado (Foto: Bill Armstrong)
Em 15 de setembro de 1957, o avião Douglas C-53-DO (DC-3), prefixo N34417Northeast Airlines, operava o voo 285, um voo doméstico regular de passageiros do Aeroporto Internacional Logan, em Boston, para o Aeroporto LaGuardia, em Nova York, com escalas em Hyannis, Nantucket, Martha's Vineyard e New Bedford.

O voo, que transportava carga, correio e passageiros, partiu de Boston com destino a Hyannis às 17h50 com 21 passageiros e três tripulantes a bordo, sendo eles o Capitão Vincent L. Pitts, o Capitão Reserva Roger W. Sweetland, servindo como copiloto, e a Aeromoça Nancy J. Lehan. 

Após a escala em Hyannis, a aeronave partiu às 18h35 com destino a Nantucket. Em seguida a segunda escala, o DC-3 saiu de Nantucket às 19h30 com destino a Martha's Vineyard.

Próximo ao aeroporto, o avião perdeu sua primeira aproximação de pouso em Martha's Vineyard devido às más condições climáticas, mas pousou com segurança na segunda aproximação às 20h07. Todos os passageiros originais desembarcaram nessas paradas. 

Sete novos passageiros embarcaram em Nantucket e mais quatorze em Martha's Vineyard. Às 20h18, o avião, que estava 50 minutos atrasado, decolou de Martha's Vineyard com destino a New Bedford, onde estava previsto o desembarque de um passageiro. Os demais tinham como destino a parada final do voo em LaGuardia.

Por volta das 20h45, o avião fez aproximação normal ao aeroporto. O controlador deu ao voo as últimas condições meteorológicas da seguinte forma: 'Indefinido 200, obscurecimento; visibilidade de uma milha; névoa; vento sudeste 3; altímetro 30.02'. 

Ele também autorizou o voo para pousar, com aproximação ILS, direto para a pista 05, e solicitou que chamasse a torre ao entrar no marcador externo. 

Após esta autorização, o capitão de outro voo Northeast, o 275, que pouco antes, às 20h31, havia decolado da pista 23, a oposta da 05, deu ao voo 285 as seguintes informações. "Vai ser apertado." 

O voo 285 relatou que havia completado a curva de procedimento e estava se aproximando do marcador externo. O controlador reconheceu este relatório que foi a última comunicação com o voo. Ele registrou o relatório em 20H46, logo após seu recebimento. 

Em sua abordagem final para New Bedford, o avião, voando abaixo da altura correta, abriu um caminho de 400 pés entre árvores e caiu no pântano Apponegansett, em New Bedford, cerca de 4.000 pés antes da pista 05 do aeroporto.


Quando as equipes de resgate chegaram, depararam-se com uma cena de terror composta por sobreviventes feridos, sangrando e espancados – alguns presos na lama e ainda amarrados em seus assentos. O avião em si foi partido ao meio a 15 metros de distância, com ambas as asas soltas.

Alguns dos sobreviventes saíram com apenas uma costela fraturada ou uma perna quebrada, mas as cicatrizes mentais certamente duraram a vida toda. Aqueles que conseguiram sobreviver ao acidente sucumbiram aos ferimentos enquanto estavam no hospital na manhã seguinte.

Sete passageiros e dois tripulantes morreram no acidente. Três passageiros morreram posteriormente devido aos ferimentos. 


Tanto o Conselho de Aeronáutica Civil quanto a Comissão de Aeronáutica de Massachusetts investigaram o acidente. A Comissão Aeronáutica de Massachusetts divulgou seu relatório em 30 de setembro de 1957

De acordo com o manifesto de carga da empresa, a aeronave estava carregada com um peso bruto de 22.443 libras, bem abaixo do máximo permitido de 25.346 libras. A carga foi distribuída dentro das limitações do centro de gravidade da aeronave.

Foi descoberto que a razão mais provável para o acidente foi uma "perda de referência visual durante a fase visual final de uma aproximação por instrumentos, devido às condições meteorológicas". Segundo o relatório, no momento do acidente o teto do aeroporto era de 200 pés e havia visibilidade de oitocentos metros.

O CAB determinou que a causa provável do acidente foi a descida prematura do piloto na área de aproximação sem adesão ao sistema de aproximação por instrumentos de pouso ditado pelas condições climáticas existentes na tentativa de fazer uma aproximação visual. 

Eles descobriram que o voo 285 havia descido prematuramente e para uma altitude baixa e insegura na tentativa de se aproximar visualmente do aeroporto. Ele não estava em conformidade com a planagem do ILS, voando quase 189 pés abaixo da linha central da planagem e 165 pés à direita da linha central do localizador. Ocorreu uma descida que não foi reconhecida pelos pilotos a tempo para ações corretivas, resultando no avião atingindo árvores e caindo cerca de 4.000 pés antes da cabeceira da pista.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN e baaa-acro

Quantas malas de mão cabem no avião? Saiba o que fazer se não achar espaço

Interior de avião com bagageiro sem espaço para levar uma mala no tamanho padrão
por passageiro (
Imagem: Divulgação/Frederic Lancelot/Airbus)
As empresas aéreas afirmam que cada passageiro pode levar até uma bagagem de mão a bordo na cabine mas, em aeronaves com corredor único — as mais comuns no Brasil —, falta espaço para acomodar as malas de todos a bordo, ainda que elas estejam dentro do tamanho exigido.

Qual o padrão?


Uma mala de mão padrão deve ter 56 centímetros de comprimento, 45 centímetros de largura e 25 centímetros de profundidade. Esse padrão é aquele recomendado pela IATA (sigla em inglês para Associação Internacional de Transportes Aéreos)

As medidas devem incluir rodas, alças e bolsos externos. No Brasil, Azul, Gol e Latam estipulam que uma bagagem de mão deve ter até 55 cm X 35 cm X 25 cm e pesar 10 kg no máximo. No caso da Latam, se o passageiro estiver na classes Premium Business ou Premium Economy, essa mala pode chegar a até 16 kg.

E se não couber?


Você poderá despachá-la. Neste caso, a bagagem será transportada no porão da aeronave. É importante lembrar que, no Brasil, as empresas aéreas não costumam cobrar por despachar a mala que não coube na cabine de passageiros na hora do embarque.

É possível pedir para levá-la sob o assento. Será preciso informar à tripulação que você carrega um item pessoal e que não poderá se afastar dele. Se houver produtos eletrônicos, como baterias, notebooks ou tablets na mala de mão, eles não poderão ser despachados. Mas, atenção: nem todos assentos podem ser usados para isso. Alguns possuem espaço reduzido e, caso você viaje próximo a uma saída de emergência, por exemplo, a bagagem será vetada por atrapalhar na passagem em caso de acidente.

Dá para guardar em outra parte do bagageiro do avião, longe do assento. Como não há lugar marcado para as malas, elas podem ficar mais afastadas dos seus donos durante o trajeto. Há ainda a opção delas serem levadas para a porta do avião para que os passageiros possam recuperá-las mais rapidamente.

Mudar a posição das malas para otimizar o espaço. Em vez de serem colocadas deitadas, ocupando 45 ou 35 centímetros de largura cada, caso caibam de lado, passam a ocupar menos espaço. Assim, duas malas lado a lado utilizariam quase o mesmo espaço que apenas uma. Mas, para isso, os bagageiros precisam ser mais altos. Nos últimos anos, empresas que fazem o interior dos aviões vêm adotando novos modelos. Assim, onde antes cabiam menos malas, agora é possível comportar mais bagagens. Mesmo assim, em grande parte dos casos, esse número é menor que o de assentos na aeronave.

Quais os riscos do excesso de malas?


Pode haver atrasos no voo. Despachar a bagagem para que ela voe no porão do avião após o embarque pode atrasar a decolagem, porque um funcionário terá de fazer a identificação da mala, levá-la para o lado de fora e embarcá-la no avião.

Em um voo lotado, até 40 malas podem ter de ser retiradas da cabine e levadas ao porão. Isso é feito sem equipamentos ou esteiras, o que demora mais e que causa mais transtornos para o voo.

Bagagens pesadas podem danificar o bagageiro ou machucar passageiros. Levar uma mala fora do padrão representa problemas além do espaço. Quando estão muito pesadas, elas podem danificar os bagageiros, cair e machucar os passageiros sentados.

Cerca de 4.500 passageiros e tripulantes ficam feridos ao ano por objetos que caíram dos bagageiros. O número é de um levantamento da Boeing. Isso se deve, principalmente, a problemas de peso e tamanho inadequado das malas, que quebram o compartimento ou impedem o correto fechamento das portas dos espaços onde elas ficam armazenadas.

Por que não tem espaço?


Bagageiro de avião da Airbus vazio (Imagem: Airbus)
Nem todo o espaço do bagageiro está disponível para malas. Parte dos bagageiros servem para guardar equipamentos utilizados pelos comissários durante o voo ou em emergência.

Empresas podem dar preferência a quem paga mais. Em algumas companhias aéreas, alguns bagageiros são reservados para quem paga uma taxa extra, como prioridades ou assentos mais espaçosos.

Cobrar para despachar malas piorou o problema. Como no Brasil ainda é permitido levar uma bagagem de mão sem custo, as pessoas pararam de despachar as malas e passaram a levá-las diretamente com elas. Em algumas situações, os passageiros não querem esperar na esteira de bagagens para retirar seus pertences, e acabam priorizando levar tudo na cabine.

Há padrão de espaço nas aeronaves?


Um avião pode ter o interior fabricado de diferentes maneiras. Cada companhia aérea pode escolher um modelo que sirva melhor à sua demanda, como assentos mais espaçosos, maior quantidade de banheiros ou bagageiros com diferentes configurações, por exemplo.

Em 2017, a Airbus lançou um novo interior para os seus A320 com 40% mais espaço. Embora a fabricante europeia não informe exatamente o número exato de bagagens comportadas a bordo, em grande parte dos aviões não é possível que cada passageiro leve uma mala padronizada, mesmo com diferentes tipos de interiores.

No ano de 2012, a companhia norte-americana United Airlines anunciou um plano para mudar o interior de suas aeronaves. Embora alguns de seus A320 fossem configurados para transportar 150 passageiros, os bagageiros comportavam apenas 106 malas de tamanho padrão, informou a companhia à época.

Diferença entre modelo antigo de bagageiro, com malas deitadas, e mais moderno,
onde malas ficam de lado (
Imagem: Boeing)
Nos Boeings 737 Max, na melhor das configurações, falta espaço para 32 malas. O avião comporta até 210 passageiros, embora o bagageiro mais moderno leve 178 malas padronizadas. Se for considerado o bagageiro padrão, que comporta até 118 malas, essa diferença aumenta para 92 bagagens que não podem ser transportadas no voo. Em todos os casos, menos do que a capacidade de passageiros a bordo.

Os avião da Boeing é operado pela Gol no Brasil. Na empresa, são configurados com 186 assentos cada. Já o modelo da Airbus é operado pelas empresas Azul e Latam, com diferentes quantidades de assentos cada.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo)

Dicas rápidas para montar a mala de viagem perfeita

Conheça agora algumas táticas infalíveis para uma mala de viagem perfeita.


Quando estamos planejando uma viagem, uma das primeiras coisas que vêm à nossa mente é sobre como vamos montar a mala perfeita para aproveitar ao máximo as coisas boas que o destino tem a oferecer. Isso porque, montar uma boa mala significa trazer mais conforto e garantir que você tenha tudo o que precisa sem excessos ou faltas.

Pensando nisso, separamos algumas informações que vão te preparar para esse processo de montar a mala perfeita. Veja mais a seguir!

Planeje-se com antecedência


A primeira coisa a se fazer, antes de começar a arrumar sua mala, é considerar o destino, a duração da viagem, as atividades planejadas e o tipo de acomodação.

Verifique também a previsão do tempo para o período da sua viagem. Isso vai te ajudar a definir quais roupas e itens essenciais são necessários, garantindo que você esteja pronto para qualquer clima.

Faça uma lista com os itens essenciais


Em seguida, está na hora de fazer uma lista de itens essenciais. Nesse caso, pode incluir:
  • Roupas adequadas ao clima
  • Produtos de higiene pessoal
  • Medicamentos
  • Documentos importantes
  • Dinheiro e cartões
  • Equipamentos eletrônicos e carregadores
Não se esqueça de priorizar itens multifuncionais e adaptáveis a diversas situações, como roupas que se encaixam tanto em dias mais quentes, quanto em temperaturas mais amenas.

Roupas e organização


Selecione roupas versáteis e de cores neutras que possam ser combinadas em diferentes looks. Para economizar espaço, escolha por dobrar ou enrolar suas roupas, dependendo do tipo de tecido e do espaço disponível em sua mala.

Utilize organizadores de mala ou cubos de embalagem para manter tudo organizado e a melhor opção. Esses itens são fáceis de encontrar. Coloque roupas mais pesadas na parte inferior da mala e as mais leves por cima.

Mais dicas para você colocar em prática


Se tem um detalhe que você não pode e não deve esquecer, são as restrições de líquidos para viagens aéreas. Lembre-se também de embalar seus produtos de higiene de maneira que previna os vazamentos.

Considere levar um kit de primeiros socorros, adaptadores de tomada universais e um cadeado para a mala.

Outro detalhe, é deixar um espaço extra na mala para possíveis compras durante a viagem.

Para viagens a lugares mais frios, como Orlando no inverno, é essencial levar em consideração o clima para escolher as roupas certas. Isso inclui peças mais quentes para os dias de parque e looks mais arrumados para passeios noturnos ou jantares especiais.

Por último, não se esqueça de verificar a previsão do tempo e planejar seus looks com base nas atividades programadas.

Investigação sobre queda de avião com 7 mortos em Piracicaba finaliza análises, mas segue sem esclarecer causa 3 anos depois

Acidente aéreo em 2021 matou o empresário Celso Silveira Mello Filho, sócio da Raízen, e sua família, além de piloto e copiloto. FAB diz que 85% da apuração do caso foi realizada.

Área onde avião caiu, nas proximidades da Fatec, em Piracicaba (Foto: Drone César Cocco)
A investigação sobre a queda do avião que matou sete pessoas, em Piracicaba (SP), em setembro de 2021, chegou 85%, mas ainda sem esclarecimento sobre as causas do acidente. As fases de coleta de dados e análises foram concluídas. Agora, a apuração passa por revisão e preparação do relatório final, segundo informações disponibilizadas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB).

No relatório intermediário sobre a queda, o tipo de ocorrência está identificada como 'perda de controle em voo'. As informações são do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), painel onde as informações dos trabalhos são divulgadas periodicamente em consulta pública.

A queda ocorreu em uma área de mata no bairro Santa Rosa, logo após a aeronave decolar do Aeroporto Pedro Morganti com destino ao Pará. No avião estavam o empresário Celso Silveira Mello Filho, sócio da Raízen, e sua família, além de piloto e copiloto. O avião pegou fogo e ficou completamente destruído.

Em setembro de 2023, dois anos depois do acidente aéreo, o relatório do Cenipa apontada que a investigação sobre a queda estava em 70%.

O g1 consultou o Cenipa, nesta sexta-feira (13), sobre o que falta ser feito para a conclusão da investigação, se há uma previsão de prazo para término dos trabalhos, se a apuração chegou na fase final e quais são as conclusões até agora. Em nota, o órgão informou que a investigação está em andamento.

"A conclusão dessa investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. Quando concluída, o Relatório Final será publicado no site do CENIPA, disponível a toda sociedade. O Cenipa reafirma seu compromisso de investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram", afirmou tem trecho do documento enviado ao g1.

A análise dos destroços da aeronave foi encerrada em julho do ano passado, segundo o Cenipa. No início de setembro, quando o acidente completou dois anos, 55% da investigação tinha sido desenvolvida.

Em setembro de 2023, o sistema de informações do Cenipa apontava que, na ocasião, eram examinadas questões de segurança referentes à operação, sistema, componente, manutenção e reparos da aeronave.

Avião caiu próximo à Fatec Piracicaba (Foto: Paulo Ricardo/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Aeronave destruída


O sistema da Aeronáutica também aponta que a aeronave está destruída, como foi possível observar em imagens do acidente, que causou uma explosão e um incêndio no local.

Segundo a FAB, a classificação como "destruída" significa que esses danos tornaram inviável recuperá-la para voo, mas isso não representa, necessariamente, o grau de dificuldade para análises de seus destroços.

Essa apuração tem objetivo de prevenir que novos acidentes com características semelhantes aconteçam. Ao fim dos trabalhos, o órgão emite uma recomendação de segurança, o que não foi feito neste caso até agora.

Câmera de segurança flagra queda de avião em Piracicaba — Foto: Reprodução/ EPTV

Câmeras de monitoramento


A Prefeitura de Piracicaba realizou uma licitação para compra e instalação de quatro câmeras de monitoramento para o Aeroporto Comendador Pedro Morganti.

A medida foi adotada pela administração do espaço como forma de segurança, para monitoramento de voos no entorno do terminal, e foi anunciada dias após completar um ano da queda do avião que matou sete pessoas.

Com os equipamentos, será possível registrar eventuais problemas em aeronaves e subsidiar investigações sobre acidentes e outras ocorrências no espaço aéreo das imediações, por meio da cessão das imagens.

Quem são as vítimas do acidente aéreo em Piracicaba (Foto: Reprodução/ TV Globo)

Entenda o que ocorreu ponto a ponto

  • No dia 14 de setembro de 2021, o empresário Celso Silveira Mello Filho, sua esposa, três filhos, piloto e copiloto partiram pouco antes das 9h do Aeroporto de Piracicaba. A viagem teria como destino o Pará, para uma fazenda da família, onde passariam uma semana.
  • O avião caiu 15 segundos após a decolagem, em uma área de mata próxima à Faculdade de Tecnologia (Fatec) da cidade.
  • O Corpo de Bombeiros foi acionado e no local encontrou as sete vítimas já mortas, carbonizadas.
  • O Cenipa e a Polícia Civil foram acionados para realizar as investigações sobre a causa do acidente.
  • No local, equipes localizaram a caixa preta do avião, onde o histórico de voo é armazenado, que será analisada.
  • Destroços do avião também foram recolhidos para a apuração do Cenipa.
  • De acordo com a FAB, a documentação e manutenção da aeronave estavam em dia. O avião foi fabricado em 2019 e é considerado de alta versatilidade por especialista.
  • A última manutenção da aeronave oi realizada em 23 de agosto. O retorno da oficina ocorreu em 13 de setembro.
  • Quase seis horas após o acidente, os destroços começaram a ser retirados do local.
  • Os corpos passaram por exame no Instituto Médico Legal (IML).
LEIA MAIS:
Via Claudia Assencio, g1 Piracicaba e Região

sábado, 14 de setembro de 2024

Sessão de Sábado: Filme "A Colônia" (dublado)


No futuro, uma nova Era do Gelo afeta a Terra, destruindo quase toda a população do planeta. Os raros sobreviventes encontram abrigos subterrâneos, onde a vida é precária. Mas logo um pequeno grupo de resistentes vai descobrir uma ameaça ainda mais perigosa do que o clima hostil.

("The Colony", EUA, 2013, 1h39min, Ficção Científica, Suspense, Dublado)

Vídeo: Mayday Desastres Aéreos - Voo Aeroflot 821 Descoberta Chocante


Aconteceu em 14 de setembro de 2008: Voo Aeroflot 821 Como um piloto bêbado derrubou um Boeing 737


No dia 14 de setembro de 2008, o voo 821 da Aeroflot Nord estava em aproximação final à cidade russa de Perm quando os controladores de tráfego aéreo perceberam que ela estava se desviando do curso. O avião subiu em vez de descer, deixou de seguir as instruções e mergulhou rapidamente em direção ao solo. 

Segundos depois, o voo 821 mergulhou de nariz na Ferrovia Transiberiana, matando todas as 88 pessoas a bordo. Uma investigação conjunta da Rússia e dos Estados Unidos revelou uma das causas mais perturbadoras que se possa imaginar: os pilotos eram tão inadequados para pilotar um Boeing 737 que era de se admirar que o avião sequer tivesse decolado.


A Aeroflot Nord era uma subsidiária da companhia aérea russa Aeroflot, especializada em destinos no norte. Em 2008, a Aeroflot, como a maioria das companhias aéreas russas, quase completou a troca dos antigos aviões soviéticos por modelos ocidentais mais seguros e eficientes da Boeing e da Airbus. 

O núcleo de sua frota, uma vez composta de aviões como o Tupolev Tu-134, agora era dominado pelo Boeing 737. No início, as companhias aéreas russas tinham lutado para encontrar pilotos qualificados para voar essas novas aeronaves, mas em 2008 isso estava se tornando menos de um problema. 

O voo 821 da Aeroflot Nord foi um desses onipresentes 737, o Boeing 737-505, prefixo VP-BKO (foto acima), operando um voo doméstico de Moscou para a cidade de Perm, perto dos Montes Urais. 82 passageiros e seis tripulantes embarcaram no voo, incluindo dois pilotos: Capitão Rodion Medvedev e o primeiro oficial Rustam Allaberdin. Juntos, eles tinham mais de 12.000 horas de voo, mas essa estatística provou ser enganosa.


Na realidade, embora todas essas horas de voo existissem, havia advertências significativas associadas a elas. Das 3.689 horas do capitão Medvedev, apenas algumas centenas foram no Boeing 737. Da mesma forma, das 8.713 horas de voo de Allaberdin, apenas 219 foram no 737. Durante a maior parte de sua carreira, Medvedev havia pilotado o Tupolev Tu-134, e Allaberdin estava usado para o Antonov An-2, um biplano monomotor freqüentemente usado para pulverização de colheitas. 

Então, quando ambas as tripulações foram para os Estados Unidos para treinar no 737, foram instruídas em inglês, uma língua na qual tinham proficiência muito baixa; na verdade, Allaberdin não sabia inglês antes de fazer o curso e, posteriormente, suas habilidades no idioma foram consideradas “insuficientes para operar uma aeronave com toda a documentação publicada em inglês”. Não estava claro o quanto qualquer um dos pilotos teria realmente aprendido. 

Além disso, depois que o capitão Medvedev recebeu seu treinamento do 737, ele voltou a voar no Tu-134 por vários meses antes de fazer a transição para o 737, minando ainda mais seu já limitado conhecimento da aeronave. Além de tudo isso, nenhum dos pilotos do 737 treinando na Rússia e nos Estados Unidos atendeu aos padrões legais russos. O programa de treinamento do capitão Medvedev era destinado aos primeiros oficiais, e seu arquivo estava incompleto e faltavam muitos documentos. 

No início de sua carreira, ele havia reprovado nos exames para se tornar capitão enquanto pilotava o Tu-134. E ambos os pilotos exibiram um gerenciamento de recursos de tripulação pobre, possivelmente porque nenhum estava acostumado a voar em uma cabine de duas tripulações (o Tu-134 requeria quatro pilotos, e o An-2 normalmente requeria um).


Uma nota de rodapé no treinamento de Allaberdin foi particularmente notável na noite do voo 821. Durante o treinamento, ele provou ser totalmente incapaz de entender como um avião bimotor se comportaria quando seus motores estivessem fornecendo diferentes quantidades de empuxo. 

Acontece que o avião que eles estavam usando no voo 821 tinha esse mesmo problema: o motor direito tendia a fornecer cerca de 20% a mais de empuxo do que o motor esquerdo. O efeito dessa discrepância era que o avião tenderia a puxar para a esquerda, já que o motor direito empurrava a asa direita mais rápido do que o motor esquerdo empurrava a asa esquerda, mesmo com os dois motores na mesma configuração de potência. 

Para corrigir isso, as alavancas do acelerador tiveram que ser compensadas uma da outra para equilibrar as saídas reais de empuxo dos dois motores. Normalmente, os autothrottles fariam isso, mas isso causou um outro problema: com uma divisão de empuxo de mais de 700 libras, o autothrottle desengataria sob configurações de superfície de controle particulares. 

Sempre que isso acontecia, os pilotos tinham que dirigir a aeronave periodicamente em linha reta novamente usando os controles de voo, porque eles não podiam balançar com precisão as alavancas do acelerador por conta própria devido às constantes flutuações no tamanho da discrepância. 

As tripulações de voo anteriores estavam muito preocupadas com este problema, que começou um mês antes do voo em questão, mas a equipe de manutenção não fez nenhuma tentativa para solucioná-lo. No entanto, qualquer piloto competente deveria ser capaz de lidar com o problema. Allaberdin, no entanto, não era um piloto competente.


Outro problema muito mais sério afetava também o voo 821 em particular: na noite anterior ao voo, o capitão Medvedev estava bebendo. Não se sabe o quanto ele bebeu ou quanto tempo antes do voo ele bebeu, mas quando ele embarcou no avião, ele ainda estava visivelmente embriagado. 

Ele arrastou tanto os anúncios pré-decolagem que uma passageira enviou uma mensagem para sua amiga dizendo que o piloto parecia bêbado e que ela temia por sua vida. De alguma forma, o voo decolou de Moscou e prosseguiu normalmente em direção a Perm, com o autothrottle constantemente compensando o impulso assimétrico. O capitão Medvedev, ciente de seu estado mental degradado, cedeu virtualmente todas as funções de voo para Allaberdin.


Ao nos aproximarmos de Perm, pouco depois das 5h da manhã, as coisas começaram a entrar em colapso. Na gravação de voz da cabine dos últimos cinco minutos de voo, Medvedev acidentalmente se referiu ao voo como "Aeroflot 997"; esse número era na verdade a frequência de rádio que o controlador acabara de dar a ele. 

Momentos depois, ele também se referiu a ele por engano como voo 921. Então, descrevendo a abordagem de Allaberdin, ele disse: "Certo, assim que chegarmos a essa porra de marcador e ... teremos que colocar a porra do equipamento no chão, e faça toda essa merda.” 

O primeiro oficial Allaberdin baixou o trem de pouso e ajustou os flaps para o pouso. A 600m de altitude, restou apenas uma curva à direita para se alinhar com a pista. Só então, o avião entrou nas condições específicas que causaram o desengate do autothrottle. Sem nada compensando o motor direito superpotente, o avião começou a virar para a esquerda.


Em resposta à margem esquerda, o primeiro oficial Allaberdin girou o volante para a direita, empurrou-o para frente para descer e moveu o ajuste de inclinação para uma posição de nariz para baixo também, embora isso fosse completamente desnecessário. 

Essa combinação de entradas fez com que o piloto automático se desligasse completamente, mas nenhum dos pilotos pareceu entender isso, apesar de um aviso óbvio de desconexão do piloto automático. No entanto, ao ver o aviso, Allaberdin parou de fazer suas entradas de controle. 

Agora ninguém estava pilotando o avião e nenhum dos pilotos tocou os controles por 25 segundos completos. Sem intervenção dos pilotos ou do piloto automático, o avião voltou a derivar para a esquerda e começou a subir, o que era o contrário do que precisavam fazer para chegar ao aeroporto.


O controlador de tráfego aéreo em Perm percebeu imediatamente que o avião estava subindo quando deveria estar descendo e pediu aos pilotos que confirmassem que estavam subindo. Medvedev reconheceu isso e disse “Estamos descendo agora”, mas a essa altura o avião estava muito alto para interceptar a descida até a pista. 

O controlador então ordenou que o voo 821 desse a volta e lhes deu um rumo para interceptar o farol localizador e tentar a aproximação novamente. O voo 821 não obedeceu a esse comando, fazendo com que o controlador perguntasse: "Está tudo bem na cabine?" Medvedev assegurou-lhe que sim.


Na verdade, a situação na cabine estava rapidamente saindo do controle. Allaberdin finalmente percebeu que o avião estava inclinando para a esquerda e subindo, mas ele mal entendeu por que e sabia que era incapaz de voar com empuxo assimétrico. Ele gritou para Medvedev: “Pegue! Pegue!" Medvedev não estava em condições de voar, entretanto. "Tomar o que?" ele disse. “Eu também não consigo!” Mas seu petrificado primeiro oficial insistiu. 

Assim que Medvedev assumiu o controle do avião, todos a bordo estavam condenados. Com o julgamento e a memória nublados pelo álcool, ele voltou à mentalidade familiar de pilotar o Tupolev Tu-134. 

Uma diferença chave entre o Tu-134 e o 737 era como seus indicadores de atitude (ângulo de inclinação) funcionavam. O Tu-134 exibia o ângulo de inclinação inclinando a figura de um avião contra um horizonte estático, enquanto o 737 manteve a figura do avião estática enquanto o horizonte se inclinava. 

Provavelmente Medvedev olhou para o indicador de atitude, viu que o horizonte estava inclinado para a direita e, embora embriagado, isso significava que eles estavam virando à direita. Sem saber para que lado Allaberdin achava que eles precisavam fazer o banco, ele começou a virar à esquerda, tornando o banco ainda pior.


Allaberdin imediatamente gritou: “Outra maneira! Outro jeito!" e um aviso de ângulo de inclinação soou na cabine. Antes que Medvedev pudesse entender a dica, o avião capotou e mergulhou. 

O controlador de tráfego aéreo tentou entrar em contato com os pilotos novamente, mas a única resposta foi um grito de pavor. Segundos depois, ele avistou o avião saindo das nuvens e o viu mergulhar de nariz no chão, provocando uma explosão massiva. 

O voo 821 da Aeroflot Nord colidiu com uma seção da Ferrovia Transiberiana nos arredores de Perm, matando instantaneamente todas as 88 pessoas a bordo.


Nas horas do acidente, testemunhas afirmaram ter visto os motores pegando fogo, e as primeiras notícias sobre o acidente afirmaram que o avião "explodiu no ar" e que os destroços estavam "espalhados por quatro quilômetros quadrados". 

Esses relatórios eram totalmente imprecisos, e não demorou muito para que os investigadores determinassem que o avião inteiro estava no local do acidente e os motores funcionavam até o impacto. 

No início, a gravação de voz da cabine não fazia sentido, mas os investigadores puderam ver sob uma nova luz depois de descobrir o texto do passageiro sobre o capitão estar bêbado. Os exames toxicológicos foram então solicitados no corpo do capitão e, de fato, o álcool foi encontrado na corrente sanguínea de Medvedev. 

Essa descoberta chocante precipitou manchetes dignas de tablóide que, pela primeira vez, eram realmente precisas: não havia dúvida, o capitão do voo 821 realmente estava bêbado durante o voo.


Medvedev estava ciente de que sua intoxicação o tornava impossível voar e fez questão de delegar suas responsabilidades a Allaberdin, com exceção das comunicações por rádio e anúncios de passageiros. 

Mas ele não tinha como saber que Allaberdin mal sabia como pilotar o Boeing 737 em condições normais, muito menos com o cenário de falha específico que ele repetidamente bombardeou durante o treinamento. 

Sem surpresa, Allaberdin provou ser completamente incapaz de operar o voo sozinho, e quando os eventos saíram de controle, seu capitão bêbado foi a única pessoa a quem ele teve que recorrer. Nesse ponto, nenhum dos pilotos foi capaz de recuperar o avião; todos a bordo estavam simplesmente presentes.


Imediatamente após o acidente, a Aeroflot Nord disse que Allaberdin e Medvedev eram dois de seus melhores pilotos, uma declaração da qual se arrependeu mais tarde, pois descobriu-se que a companhia aérea mal sabia que seus pilotos "experientes" estavam, de fato, lamentavelmente despreparados para voar o Boeing 737. 

A indústria da aviação na Rússia, que em geral se pensava ter superado seus problemas iniciais de adaptação aos aviões ocidentais e às regras de segurança, foi forçada a examinar com atenção seu suposto progresso. 

Por recomendação da investigação sobre a queda do voo 821, As companhias aéreas russas tomaram medidas significativas para revisar seus regimes de treinamento para garantir que os pilotos parem de cometer o tipo de erros flagrantes que causaram muitos dos acidentes mais importantes na Rússia e na ex-URSS (incluindo acidentes em que um controlador de tráfego aéreo adormeceu seu posto, em que um piloto apostava que poderia pousar com as janelas obscurecidas, em que um piloto permitia que seus filhos sentassem nos controles, e agora um em que o capitão estava cambaleando bêbado). 

Foto panorâmica do local do acidente e do memorial às vítimas
Na sequência deste último acidente, a Aeroflot vendeu a Aeroflot Nord, que se rebatizou como Nordavia, e nenhuma das companhias aéreas sofreu outro acidente desde então. Mas, embora a taxa de acidentes esteja diminuindo na Rússia, em parte por causa das lições aprendidas com o voo 821, ainda não se sabe quanto progresso ainda precisa ser feito.

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos)

Com Admiral Cloudberg, ASN, Wikipedia - Imagens: RIA Novosti, Wikipedia, Google, Florian Kondziela, Alleswasspassmacht, Aviation Safety Network, o Bureau of Air Accidents Archives e Russian Aviation Insider. Clipes de vídeo cortesia da Cineflix.

Aconteceu 14 de setembro de 2002: A queda do voo de carga Total Linhas Aéreas 5561 no Interior de São Paulo


Em 14 de setembro de 2002, o avião ATR 42-312, prefixo PT-MTS, da Total Linhas Aéreas (foto acima), operava o voo 5561 (TTL 5561), um voo doméstico de carga, partindo do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos, com destino ao Aeroporto de Londrina, no Paraná, transportando malotes do correio e levando dois tripulantes a bordo,

A aeronave era equipada com dois motores turboélice Pratt & Whitney Canada PW100 e seu primeiro voo foi em 15 de setembro de 1986. Ela entrou em serviço em 26 de outubro do mesmo ano com a Air Guadeloupe, com o registro francês F-OGNE. Posteriormente, entrou em serviço com a Regional Airlines com o registro F-GTSM. Em seguida, entrou em serviço com a Air Open Sky em 6 de junho de 1999 com o mesmo registro F-GTSM. Voltou para a Regional Airlines em março de 2000 com o mesmo registro. Era propriedade da Air Atlantique antes de entrar em serviço com a Total em setembro de 2001. A aeronave tinha 33 371 horas de voo e 22 922 ciclos (pousos e decolagens somados).

O voo estava sob comando do capitão Gilberto Borges, 31 anos de idade e 6 627 horas de voo, sendo 3 465 horas no modelo ATR-42 e do copiloto Luciano Trevisan Junior, 23 anos de idade e 2 758 horas de voo, sendo 1 258 horas no modelo ATR-42.

A rota prevista para o voo 5561 da Total
No dia 14 de setembro de 2002, a aeronave decolou do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos às 04h50, em direção ao Aeroporto de Londrina.

Às 05h12, os pilotos pediram por permissão para o controlador aéreo para subir do nível de voo 155 para o 160. Às 5h24, o piloto informou ao copiloto que iria se retirar para trocar de uniforme. 

Às 05h37 o botão "evento" localizado no console central foi pressionado. Cinco segundos depois, o piloto automático foi desativado e o sistema de controle de compensação de inclinação começou a mover as guias de compensação para uma atitude de nariz abaixado.

Quando o avião começou a descer, às 05h37min38 e 05h37min46 o piloto perguntou ao copiloto o que estava acontecendo, e ele respondeu que não sabia.

Oito segundos depois, às 05h37m54s, o copiloto exclamou que o sistema de controle do pitch trim estava baixando o nariz do trim, então o som de um cinto de segurança foi gravado, indicando que o piloto havia retornado ao seu assento.

Entre às 05h37min40s e 05h37min46s, um dos tripulantes tentou interromper a descida puxando a coluna de controle, enquanto a aeronave sobrevoava Paranapanema, a 256 km da capital de São Paulo.

A colisão com o solo ocorreu a 38 km ao sul de Paranapanema, com a aeronave inclinada cerca de 30 graus à esquerda e em uma atitude de arfagem de aproximadamente 45 graus. A velocidade, no momento do impacto, era de cerca de 366 quilômetros por hora. Os dois tripulantes a bordo morreram no acidente.

O relatório final, divulgado no dia 30 de março de 2007 pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, apontou a seguinte causa provável do acidente:

"A primeira hipótese foi a de que tivesse ocorrido um comando involuntário do interruptor “Stand-by Pitch Trim”, estando o referido interruptor com o dispositivo de travamento danificado. Verificou-se que a velocidade de deslocamento do compensador do profundor atingiu um valor máximo de, aproximadamente, 0,4°/s. Este valor estava na faixa de velocidade prevista para o acionamento pelo sistema normal (0,37 a 0,56°/s) e era inferior aos valores atribuídos à faixa de velocidade do sistema reserva (0,54 a 0,79°/s), indicando que o movimento do compensador durante o disparo teria sido feito através do sistema normal. Entretanto, é possível, segundo o fabricante da aeronave, que a ativação do compensador pelo sistema reserva ocorra na faixa de velocidade do sistema normal, causado por um falha simples levando à perda do suprimento de energia das bobinas do sistema reserva (“high speed”). Para reforçar esta hipótese, foi verificado que o botão “event” foi acionado cerca de 5 segundos antes do início do disparo do compensador. Isso poderia indicar que um objeto colocado no console teria ativado o botão “event” e o interruptor do sistema reserva do compensador, pois sua localização é próxima. Além disso, não foi verificado qualquer comentário pelos pilotos sobre uma tentativa de utilização do sistema reserva de compensador para controlar o disparo, na leitura do CVR".

A segunda hipótese foi: "[...] que tenha ocorrido uma falha elétrica do sistema do compensador do profundor, através de uma falha simultânea de relés, falhas nos fios, interruptores ou conectores, permitindo a alimentação elétrica do motor do compensador, em função de danos provocados pelo uso, pelo ambiente ou pelo envelhecimento dos componentes."


O CENIPA pediu para a Avions de Transport Régional (ATR) incluir um procedimento de emergência referente ao disparo de compensador do profundor no manual de voo da aeronave e no manual de operação da tripulação de voo das aeronaves ATR-42 e ATR-72 com matrícula brasileira. E para realizar estudos visando verificar a necessidade de revisar a publicação técnica dos ATR 42-200/300/320 “Time Limits”, a fim de incluir intervalos para substituição de componentes do sistema de compensador do profundor. Divulgar a todos os operadores do ATR-42 a revisão do JIC 27-32-00, OPT 10000-001, de agosto de 2003, com ênfase nas situações de risco a serem evitadas.

Também pediu para a Total Linhas Aéreas para divulgar o conteúdo do relatório final a todos os seus tripulantes, implementar um curso regular de CRM para todos os seus tripulantes, inserir em sua rotina operacional a recomendação de que os seus tripulantes só se afastem do seu posto de pilotagem em caso de real necessidade e para revisar o seu programa de treinamento, a fim de fornecer treinamento anual de simulador aos seus tripulantes.

Foi pedido à ANAC, em cooperação com a EASA, determinar os níveis de força envolvidos ao longo de um disparo de compensador em aeronaves ATR-42, nas diversas condições de vôo e configurações da aeronave, com o objetivo de caracterizar a eventual necessidade de um sistema independente de sobrepujamento. Através de estudos, avaliar a possibilidade de alteração da ergonomia para desativação dos CB, de forma a interromper a alimentação elétrica para ambos os atuadores do compensador do profundor das aeronaves ATR-42 e ATR-72 que tenham, ou venham a ter, registro brasileiro. 

Em coordenação com a fabricante, reavaliar a certificação do sistema de compensador do profundor (Pitch Trim System) das aeronaves tipo ATR-42 e ATR-72, em conformidade com o RBHA 25, que tenham, ou venham a ter, matrícula brasileira. Realizar estudos em coordenação com o fabricante da aeronave, visando verificar a necessidade de revisar a publicação técnica ATR 42-200/300/320 “Time Limits”, a fim de incluir intervalos para substituição de componentes do sistema de compensador do profundor.

Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia e ASN