terça-feira, 7 de outubro de 2014

7 coisas que podemos aprender com quem sobreviveu a uma explosão atômica

Os filmes não são fontes precisas do que acontece após uma grande detonação. Sendo assim, a questão “como é realmente sobreviver a uma explosão atômica?” continua.

Shigeko Sasamori, moradora de Hiroshima, no Japão, cidade bombardeada pelos EUA na Segunda Guerra Mundial, tinha 13 anos quando sobreviveu a primeira arma nuclear lançada no mundo.

Com base no que ela conta, confira 7 coisas que podemos aprender com quem sobreviveu a uma explosão atômica: 

7. Não há aviso nenhum antes de uma bomba



Se você espera ser um sobrevivente também, caso alguma nova bomba seja lançada no mundo e você esteja no caminho dela, saiba que a ideia de ver milhares e milhares de aviões no céu, nuvens de cinzas, barulhos estrondosos etc, é errônea – você não vai ter nenhum tipo de aviso antes do mundo inteiro a sua volta explodir.

Claro que Shigeko e seus vizinhos haviam sido avisados várias vezes de que um bombardeamento poderia acontecer a qualquer momento. Mas quando apenas três aviões se aproximaram para lançar a grande bomba, isso não se pareceu com outros ataques de bombas incendiarias americanos, em que vários aviões lançavam pequenas explosões.

“O dia estava muito quente e o céu azul, lindo. Nenhuma nuvem. Vi um avião prata com uma longa cauda branca. Eu disse aos meus colegas de classe, ‘Olha lá!’. Eu era uma menina de 13 anos de idade, eu nunca tinha visto uma bomba antes. Olhei para cima e apontei, e antes que minha mão fosse para baixo, vi uma coisa branca cair do avião”, conta Shigeko.

Em seguida, ela descreveu algo como um “vento forte”, mas acrescentou que a palavra “vento” não descreve adequadamente a enorme força da explosão atômica.

Detonações nucleares acontecem rápido, e se você estiver realmente perto de uma, vai ser morto muito antes de ter a chance de ver aquela nuvem de cogumelo icônica. O sangue do cérebro da maioria das pessoas que morreram na explosão tinha evaporado antes que elas pudessem perceber que tinha havido uma explosão.

6. As vítimas não tinham ideia do que tinha acontecido



Hoje, caso você sofra um enorme ataque, a primeira coisa que vai pensar é: bomba atômica! No entanto, no primeiro ataque atômico do mundo, ninguém sabia do que se tratava.

Shigeko estava apontando para a bomba quando a primeira explosão atômica aconteceu. Por isso, sua mão ainda é mais queimada hoje.

“Eu podia ver as pessoas se movendo lentamente. A maioria estava sangrando, roupas rasgadas e penduradas. Algumas estavam quase nuas. Estavam vermelhas, doloridas e muito assustadas. Então veio à minha mente: ‘Oh, uma bomba explodiu perto da gente’. Isso é o que eu pensava”, diz Shigeko.

Claro que Shigeko não estava pensando em uma bomba da magnitude que hoje sabemos que a Enola Gay era, mas sim apenas de um dos muitos ataques incendiários que os EUA lançaram contra o Japão na época.

Antes de Hiroshima ser “presenteada” com tamanho impacto, qualquer pessoa fora da Casa Branca e de Los Alamos não imaginava que havia tal coisa no mundo como uma bomba nuclear funcional. Ter uma pousada em cima de sua cidade é uma bela maneira de descobrir, não?

5. Algo tão trivial quanto roupa extra pode significar a diferença entre vida e morte



Em 5 de agosto de 1945, na noite antes da explosão, Shigeko acordou com sirenes de ataque aéreo. Ela colocou suas melhores roupas para ir para o abrigo, assim, teria suas coisas mais bonitas com ela se sua casa fosse incendiada.

“Muitas vezes os aviões vinham, mas não tinha nenhum bombardeio. Então, é claro, como eu tinha 13 anos, eu voltei a dormir e acordei com minhas roupas boas”, conta.

Como adolescentes são adolescentes, Shigeko, ao invés de trocar sua roupa da noite anterior, optou por simplesmente enfiar mais um par de calças por cima de suas outras calças no dia seguinte.

“Essa é a razão pela qual eu sobrevivi. Não queimei meu corpo todo. Quando minha mãe me trouxe para casa, a área da calça estava intacta. Mas o topo do meu corpo estava queimado”, afirma.

A parte superior do tronco do Shigeko sofreu terrivelmente, enquanto sua roupa extra na parte debaixo foi arrancada. Mas o seu segundo par de calças se manteve inteiro e protegeu sua pele. Ninguém quer ter 50% do corpo coberto de queimaduras de radiação, mas já é bem melhor do que 100%. 

4. Muitos perigos esperam as vítimas sobreviventes, como afogamento



Se você não morrer da explosão, ainda pode morrer por inúmeros motivos logo em seguida, até os mais improváveis, como afogamento.

Shigeko, como a maioria das crianças japonesas, tinha sido treinada para seguir o adulto mais próximo na sequência de um ataque. Ela estava muito ferida e, provavelmente, ainda em choque para fazer qualquer coisa, de forma que apenas seguiu vítimas que estavam seguindo outras vítimas, formando uma massa vermelha de pessoas queimadas cambaleando meio cegas.

“Eu não podia me mover rapidamente, ninguém podia. E eu sou menor do que um adulto, então não podia ver direito meus arredores. Eu apenas segui as pessoas até a beira de um rio. O dia começou a clarear e eu podia ver a luz do sol e muitas e muitas pessoas no chão, escorregando para o rio. Eu não podia entrar, porque muitas pessoas já estavam na água. Algumas mortas, outras vivas, eu não sabia dizer”, explica a sobrevivente.

As pessoas não pensam direito quando seu corpo está coberto de queimaduras de radiação. Muitas tendem apenas a seguir a pessoa na frente delas e, para milhares de sobreviventes, isso significou ir diretamente para dentro de um rio. Pessoas recém-bombardeadas não têm um alto desempenho atlético, e foi assim que muitas das vítimas da primeira explosão atômica acabaram se afogando.

3. Tudo fica escuro e o clima é péssimo


Imediatamente após a explosão, tudo é confusão. No rescaldo da bomba, qualquer dia ensolarado é transformado em um dia cinzento pior do que uma manhã típica em Londres.

“Eu me sentei e estava tudo escuro como breu. Eu não podia ver nada, nem ouvir nada. Não podia sentir nada. Então, as névoas pesadas começam a clarear. Mas ainda estava escuro, cinza”, afirma Shigeko. 

Isso é um efeito colateral nuclear chamado “chuva negra”, no qual a força da explosão cria uma curta tempestade radioativa 30 a 40 minutos mais tarde. O súbito afluxo de calor faz com que a chuva se misture com todo o material irradiado que acabou de ser lançado no ar e desça para a Terra na forma de água preta e pegajosa. Ou seja: veneno caindo do céu.

2. Uma explosão atômica congela tudo ao seu redor



Uma explosão nuclear não só aniquila toda a vida em torno dela rapidamente, como congela os mortos no seu lugar. O pai de Shigeko era pescador, e procurou abrigo em um freezer quando viu os aviões que simbolizavam um ataque americano.

Como os prédios estavam desabando, o pescador se escondeu dentro da enorme caixa térmica e, por incrível que pareça, não se machucou muito.

“Quando ele saiu do freezer, viu três ou quatro homens sentados na mesma posição que estavam antes, a pele descascando deles, seus corpos inteiros cor de rosa. Quando a pele humana sai, o sangue jorra e parece rosa, não vermelho”, conta Shigeko

1. O caos que segue uma explosão torna qualquer cuidado médico praticamente impossível



90% dos profissionais médicos de Hiroshima foram mortos ou gravemente feridos no instante em que bomba explodiu no centro da cidade. Shigeko passou cinco dias em um auditório sem água, comida ou tratamento para suas muitas queimaduras. Ela sobreviveu graças a um sistema imunológico forte e pura sorte.

Depois de cinco dias de sofrimento, Shigeko foi finalmente resgatada por seus pais, que ouviram falar que ela poderia estar viva e ferida. Ela não chegou a ir a um hospital, porque hospitais eram nada mais do que uma bela lembrança na cidade. Felizmente, sua casa foi uma das poucas que não foram destruídas na explosão.

Seus pais tomaram conta dela, limparam suas feridas, tentaram cuidar de seu pus e suas infecções. Muitas pessoas morreram dessa forma depois da bomba atômica, uma vez que ficaram sem cuidado medico, água e alimentos por muito tempo.

Felizmente, apesar de tantas mortes, Shigeko foi uma das pessoas que teve um final feliz e conseguiu sobreviver. Norman Cousins, editor do New York Evening Post, se deu conta de que as crianças de Hiroshima não tinham nada a ver com a briga entre os EUA e o Japão imperial, e levantou dinheiro para trazer Shigeko e várias outras vítimas para fazerem cirurgia plástica nos EUA. Ele também legalmente adotou Shigeko, tornando-a uma cidadã americana.

Fonte: Cracked via hypeciense.com - Imagens: Reprodução

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