terça-feira, 29 de outubro de 2013

O assento do avião fica cada vez menor

A investida das companhias aéreas para atrair passageiros que pagam extra por mais espaço para as pernas ou por assentos que viram camas na classe executiva está apertando ainda mais o espaço reservado para os viajantes da classe econômica.

Foto: Boeing

A tendência entre as companhias aéreas nos últimos dez anos de expandir a área dedicada a assentos com preços superiores encolheu o espaço da classe econômica em muitos jatos grandes.

Mas as companhias não querem perder passageiros. Então, primeiro elas diminuíram o tamanho dos assentos para adicionar mais fileiras. Agora, companhias aéreas grandes, incluindo a American Airlines, da AMR Corp., a Air Canada, a Air France-KLM SA e a Emirates Airlines, de Dubai, estão diminuindo os encostos dos assentos para espremer um assento extra em cada fileira da classe econômica. A mudança está transferindo o padrão usado em voos de curta duração para os voos de longa distância.

Durante quase 20 anos, a configuração tradicional na parte traseira de um Boeing 777 era de nove assentos por fileira. Mas, no ano passado, quase 70% dos modelos maiores da aeronave foram entregues com 10 assentos por fileira, comparado com apenas 15% em 2010.

Das companhias aéreas que compraram o novo 787 Dreamliner da Boeing Co. — um modelo alardeado como de maior conforto para os passageiros —, 90% selecionaram a configuração de nove assentos por fileira na classe econômica, ao invés da mais espaçosa versão com oito assentos. E dez companhias aéreas ao redor do mundo usam agora o Airbus A330 mais estreito com nove assentos de 42 centímetros cada por fileira — entre os mais apertados em operação hoje — ao invés de oito assentos por fileira como o avião foi projetado, de acordo com a Airbus, divisão da European Aeronautic Defence & Space Co.

A nova tendência reverte meio século de aumento no tamanho dos assentos da classe econômica. Aviões mais antigos, como o 707 da Boeing, tinham assentos com 43 centímetros, uma dimensão baseada na largura dos quadris de um piloto da Força Aérea dos Estados Unidos, diz o diretor de marketing da Airbus, Chris Emerson.


Esse padrão para voos de longa distância aumentou para quase 46 centímetros nas décadas de 70 e 80 com os jumbos 747 e os primeiros jatos da Airbus. O tamanho aumentou para quase 47 centímetros com o Boeing 777 nos anos 90 e com o superjumbo A380 nos anos 2000. Agora, para cortar custos, as companhias aéreas estão mudando para assentos mais leves de 43 centímetros no Boeing 777 e 787 Dreamliner e de 46 centímetros para o A350.

Muitos viajantes não estão gostando disso, especialmente aqueles que são grandes ou estão acima do peso. Os descansos de braço e corredores também estão encolhendo para abrir espaço para o assento extra, o que significa que mais cotovelos se batem. Apesar dos assentos serem desenhados mais ergonomicamente, com estofados e apoios de cabeça melhores, isso não evita que as pessoas fiquem esbarrando seus ombros umas nas outras.

"Eu me senti como se estivesse entalado na cadeira" de um Boeing 777 da Emirates, disse Ben Goodwin, gerente de marketing da Universidade de Birmingham, na Inglaterra, que recentemente voou para a China via Dubai. No seu voo de conexão, um Airbus A380 da Emirates, os assentos eram quase 2,5 centímetros mais largos. "Eu me senti como se tivesse recebido um "upgrade", mesmo ainda estando na classe econômica", disse.

Os passageiros não estão felizes com o espaço reduzido para os ombros, as trombadas mais frequentes dos carrinhos de serviço em corredores mais estreitos e com o maior desconforto em geral, diz Andrew Wong, diretor regional do site de viagens TripAdvisor LLC em Cingapura.

Companhias aéreas e fabricantes de aviões estão cientes de que a cintura e os quadris dos passageiros não estão encolhendo da mesma forma que os assentos.

"Estamos conscientes de que servimos uma grande variedade de clientes e nossas aeronaves precisam ser configuradas de acordo", disse o vice-presidente sênior de marketing e fidelidade da United-Continental Holdings Inc., Tom O'Toole, acrescentando que a companhia aérea traz pessoas de todos os tipos e formas para ajudar a testar e selecionar os assentos.

O novo 777 da Boeing promete algum alívio. A cabine do 777X terá 10 centímetros a mais que as versões atuais, o que acrescentará um pouco mais de um centímetro por assento numa fileira de 10 assentos. Mas isso não acontecerá até cerca de 2020.

Fonte: Jon Ostrower e Daniel Michaeks (online.wsj.com)

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