
A ferrovia faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento. Só em abril ficou pronto um novo estudo técnico, pelo menos o sexto desde os anos 1980. Previa de 8 a 10 milhões de passageiros por ano. O governo projetava custo de US$ 11 bilhões.
Agora já se fala em R$ 34,6 bilhões (US$ 21 bilhões). Ainda pode ser um valor subestimado, pois não há segurança sobre gastos contingenciais.
Não faltam imprevistos em empreendimentos como o TAV. A velocidade superior a 250 km/h exige muitos túneis, viadutos e curvas amplas. Nenhum investidor privado assumirá tal risco sem pesado subsídio oficial.
O último TAV a ser inaugurado no mundo, em Taiwan, liga as cidades de Taipei e Kaohsiung, em uma região de topografia desfavorável -como na divisa SP-RJ, com a serra das Araras. Levou sete anos para ser construído e custou US$ 18 bilhões, para 345 km. Transporta hoje um quarto dos 200 mil passageiros por dia previstos no projeto inicial.
Mesmo que o TAV nacional saísse por US$ 21 bilhões, o que especialistas consideram improvável, o valor bastaria para construir 170 km de metrô (quase três vezes a malha da capital paulista). Parece óbvio que é mais urgente completar as redes de metrópoles mal servidas de transporte público como São Paulo e Rio. O público de alto poder aquisitivo para o TAV já é servido pela ponte aérea.
Com tantos obstáculos, é de duvidar que o trem-bala deixe algum dia de ser um trem de papel.
Fonte: editorial do jornal Folha de S. Paulo (18/08/09)
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