terça-feira, 10 de janeiro de 2023

EMBR3: ações da Embraer decolam em 2023?

Analistas esperam que sim; veja o cenário para a empresa.

Confira as projeções para as ações da Embraer (Imagem: Divulgação/Embraer)
Fundada em 1969, em plena ditadura militar, a Embraer (EMBR3) iniciou suas decolagens na cabine da aeronave “Bandeirante”. Isto é, um avião turbo propulsor, destinado ao uso civil e militar. Com capacidade para transportar de 15 a 21 passageiros, era um dos símbolos de uma era da propaganda nacionalista.

Os anos foram passando e os primeiros resultados internacionais aparecendo. Afinal, a Embraer (EMBR3) se destacou ao estabelecer parceria com as italianas Aeritalia e Macchi. Assim, o objetivo era desenvolver seu primeiro caça, o AMX, e dar vida ao EMB 312 Tucano, turboélice de treinamento militar.

Quando foi feita a privatização da Embraer (EMBR3)?


O sucesso foi tamanho, que, em 1985, a Embraer chegou a vender aviões Tucano até mesmo para a Royal Air Force (RAF). Ou seja, a força aérea do Reino Unido, uma das mais renomadas no mundo.

Mas no final do anos 80 e início da década de 90, crises econômicas, dívidas herdadas pelo país durante o período do “milagre econômico” e planos econômicos falidos levaram as contas do Brasil à lona. E, por sua vez, as da Embraer (EMBR3).

A alternativa: privatização. E foi em 1994 que os rumos da companhia começaram a mudar. Portanto, em dezembro daquele ano, a Embraer (EMBR3) foi arrematada por U$$ 154 milhões pelo consórcio liderado pelo extinto Banco Bozano, Simonsen, representando fundos de pensão brasileiros e investidores internacionais.

De lá pra cá, os donos mudaram de mãos. Dessa forma, atualmente o controle acionário da EMBR3 é pulverizado, sem sócio majoritário. Ou seja, é dividido, por exemplo, em 15% para a gestora americana Brandes Investment Partners; 5,4% ao BNDESpar; e outros 5% à BlackRock, maior gestora do planeta. O restante das ações ficam em free float, isto é, livre negociação do mercado.

Por que a Boeing desistiu da compra da Embraer (EMBR3)?


Hoje, a Embraer (EMBR3) é a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo e líder no setor de aeronaves com até 150 passageiros. Aliás, registra ao longo de sua história cerca de 8 mil aeronaves entregues, além de contar com 18 mil funcionários.

Números grandiosos que levaram há poucos anos a maior fabricante de aeronaves do mundo em receitas, a Boeing, a se interessar em adquirir a companhia. Mas o negócio que parecia deslanchar, minguou.

O acordo, iniciado em 2018, previa a compra no valor de U$$ 4,2 bilhões por parte da Boeing para ficar com 80% das ações da Embraer (EMBR3).

Contudo, em 2020, em plena pandemia de covid-19 e passando por sérias dificuldades financeiras, a Boeing emitiu um comunicado. Nele, informava a desistência do negócio e que exercia seu “direito de rescindir o contrato após a Embraer não ter atendido às condições necessárias”.

De acordo com a Embraer (EMBR3), a Boeing teria fabricado “falsas alegações como pretexto para tentar evitar seus compromissos”.

Resumindo, a Embraer, que já passava por maus bocados com a pandemia, viu o valor de suas ações (EMBR3) despencar cerca de 25% em poucas semanas, deixando os investidores em alerta quanto ao futuro da empresa.

O que aconteceu com as ações da Embraer (EMBR3)?


Apesar dos seguidos prejuízos anuais que a companhia enfrenta desde 2018, as ações da Embraer voltaram a subir após a turbulência do episódio Boeing, encostando próximo às máximas históricas em outubro de 2022. Isso não acontecia há pelo menos 21 anos.

Mas a desconfiança do mercado com os resultados negativos ao longo dos últimos trimestres voltaram a preocupar. Como consequência, as ações caíram de cerca de R$ 25 para R$ 14, queda de mais de 40% em pouco mais de um ano.

O balanço do último trimestre ainda registrou números negativos. O prejuízo líquido ajustado foi de R$ 93,8 milhões. Porém, cerca de 48% menor que os R$ 179,7 milhões no mesmo período de 2021. No ano, o valor acumulado é de R$ 55 milhões negativos.

Por outro lado, o Ebitda ajustado foi de R$ 485,4 milhões. Isto é, 18% superior ao mesmo período de 2021.

Por que as ações da Embraer (EMBR3) estão caindo?


A recuperação pós-pandemia das companhias de serviços aéreos ainda enfrenta dificuldades. E com a guerra na Ucrânia, os preços do petróleo aumentaram ao longo de 2022, impactando os custos das empresas. Além disso, a escalada dos juros nos mercado internacional é outro desafio para o setor.

E não para por aí. Outro ponto importante tem relação com a produtividade da Embraer (EMBR3). Tanto que um relatório do Citibank, publicado em novembro de 2022, informa que a qualidade dos resultados operacionais da companhia tem a ver com a produção abaixo dos patamares históricos. A fabricante entregou somente uma aeronave E195-E2 no período, contra três no terceiro trimestre de 2021.

Ao longo do terceiro trimestre, foram apenas 10 aeronaves comerciais, abaixo da expectativa de 18 do banco. Aliás, as entregas de 23 aeronaves executivas também foram abaixo da projeção de 27 entregas estimadas pelo Citibank para o período.

Eve, o carro voador da Embraer (EMBR3)


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES ) informou a aprovação de um financiamento de R$ 490 milhões para a Eve, empresa fundada pela Embraer. Os recursos serão para apoiar o projeto de alta tecnologia da empresa: o desenvolvimento de “carros voadores”.

O eVTOL da Eve será projetado para realizar voos urbanos e proporcionará baixos níveis de ruído e maior sustentabilidade em relação aos veículos tradicionais. Com zero emissões locais, o veículo deverá estar disponível no mercado a partir de 2026, de acordo com apuração do BNDES.

No último trimestre, a empresa, que ainda não dá receitas, comunicou que alcançou pedidos para 2.770 carros voadores no valor total de US$ 8,3 bilhões.

Contudo, até gerar caixa, os números serão desafiadores. A companhia teve prejuízo operacional de US$ 38,5 milhões no terceiro trimestre, com pesquisa e desenvolvimento.

Vale a pena investir nas ações da Embraer (EMBR3)?


O JP Morgan destaca que a Embraer enfrentou a tempestade perfeita em 2022 devido a:
  • Turbulência nas cadeias de suprimentos;
  • Redução no contrato de entrega de aeronaves;
  • Preocupações na execução devido a taxas mais altas,
  • Aumento de capital da Eve, mais fraco que o esperado.
“Em nossa visão, o fluxo de notícias negativas sobre entregas e cadeia de suprimentos superou as notícias positivas sobre pedidos, bem como novos contratos no segmento de serviços e parcerias estratégicas, que a nosso ver darão suporte ao crescimento da empresa no longo prazo”, diz o JP Morgan.

O otimismo quanto à expectativa futura leva o banco a dar preço-alvo de R$ 35, alta de cerca de 150% sobre o fechamento de 28/12.

E para o BTG, a expectativa é menos otimista, mas também com previsão de alta do valor de face dos papéis em até 85%.

“Em suma, a Embraer continua sendo uma tese de investimento interessante para a recuperação do setor de aviação, permanecendo uma tese de valor interessante (por exemplo, entregas do eVTOL, segurança cibernética e outras parcerias). Apesar dos resultados mais fracos no trimestre, esperamos um 4T22 forte para atingir o guidance de 2022”, comenta o banco.

E também para o Santander, a Embraer (EMBR3), tem preço-alvo em 2023 para o ADR (American Depositary Receipt ) da empresa de US$ 28,50, contra US$ 32 estimado para 2022. Ou seja, mais um banco apostando em alta.

Como comprar ações da Embraer (EMBR3)?


As ações da Embraer são negociadas na B3 , a Bolsa de Valores brasileira, e são comercializadas sob o ticker EMBR3.

Portanto, para comprar os papéis você precisa ter conta em corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários cadastradas e autorizadas na B3. Assim, a negociação pode ser feita de forma eletrônica até mesmo por meio de aplicativos em seu celular.

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