Uma turista quase causou um acidente durante um voo sobre o Grand Canyon, nos EUA. Segundo vídeo publicado no TikTok, ela teria tentado mexer onde não devia e foi advertida pelo piloto, que afirmou que seu gesto poderia matar a todos a bordo.
Que alavanca é essa?
O vídeo mostra uma passageira tentando mexer na alavanca que freia o rotor do helicóptero (popularmente chamado de hélice). Esse dispositivo freia a rotação das pás do helicóptero. É similar ao freio de mão no carro.
Ela tenta fazer isso após o piloto, que está do lado esquerdo da cabine, checar se o freio está livre. Em seguida, ela coloca a mão na alavanca localizada na parte de cima da cabine e é repreendida, com o comandante segurando o braço dela e o retirando do dispositivo.
Ele começa a repetir a palavra "não" várias vezes de maneira incisiva. Diante da situação, ele acaba afirmando "Isso vai nos matar". O vídeo que já tem mais de 2,8 milhões de visualizações na plataforma termina em seguida.
Em alguns helicópteros, a alavanca do freio do rotor na parte de cima da cabine (item com duas listras amarelas) (Imagem: Divulgação/Airbus) |
Quais são os riscos?
Localização das alavancas fica ao alcance dos pilotos para proteção e acionamento quando necessário (Imagem: Alexandre Saconi) |
A alavanca é acionada quando a aeronave está no chão e suas pás estão abaixo de determinada rotação. Pode ser utilizada em situações como quando pessoas passam a se aproximar do helicóptero de forma distraída, ou em momentos nos quais é necessário que ela pare o mais rápido possível para que os passageiros saiam da aeronave.
Ela costuma ficar acima da cabeça do piloto, próxima ao centro da aeronave. Ou, ainda, no piso da aeronave, entre os bancos dos pilotos.
Quando está no chão, um passageiro inadvertido pode colocar uma bolsa entre os dois assentos. A alça poderia enroscar ali e acionar essa alavanca por acidente.
Por engano, quando ela está na parte de cima da cabine, também pode ser confundida com uma alça de teto de um carro (popularmente chamada de "pqp"). Por isso é importante ouvir as instruções de segurança e não mexer em nada sem autorização dos pilotos.
No caso que aconteceu nos EUA, como o helicóptero voava próximo ao solo, o piloto talvez não tivesse tempo hábil de recuperar a rotação das pás e manter a aeronave no ar. Assim, poderia ser necessário fazer um pouso de emergência.
Sobre ter um passageiro no banco da frente, isso é normal. O helicóptero do vídeo pode ser comandado por apenas um piloto, deixando mais um assento livre para outra pessoa voar.
Outras alavancas 'perigosas'
Da esquerda para a direita: Freio do rotor do helicóptero, alavanca de vazão e válvula de corte de combustível (Imagem: Alexandre Saconi) |
Versões anteriores do helicóptero do vídeo costumam ter um conjunto de alavancas ao lado do assento do piloto. Uma delas é a válvula de corte de combustível.
Se ela for acionada durante o voo, o motor irá parar. Com isso, o piloto precisa buscar imediatamente um local para realizar um pouso de emergência.
O helicóptero não consegue acionar novamente o motor em voo. Assim, se torna necessário buscar um local para que ele pare o quanto antes e em segurança.
Importância do briefing com passageiro
Antes das decolagens são realizadas reuniões de segurança com os passageiros sobre o funcionamento do voo (Imagem: Divulgação/Helimarte) |
Uma reunião entre os passageiros e o piloto costuma ser realizada antes dos voos. Ela é chamada de briefing, e esclarece o que pode e o que não pode ser feito durante o voo.
Nesse momento, é explicado a quem vai voar como se comportar dentro da aeronave e os procedimentos de segurança. Entre eles, nunca mexer em nada no helicóptero sem a autorização do comandante.
Outra questão abordada é a maneira como desembarcar da aeronave. Ele nunca deve ocorrer pela parte de trás, pois ali está o rotor de cauda, geralmente, aberto, podendo matar caso atinja uma pessoa.
Helicóptero Esquilo, da FAB: Alavanca do freio do rotor fica protegida ao lado dos pilotos durante o voo (Imagem: Suboficial Johnson Barros/FAB) |
Via Alexandre Saconi (UOL) - Fonte ouvida na reportagem: Rafael Dylis, diretor da Helimarte Táxi Aéreo
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